FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem comprou ações da Telebrás nos últimos meses se dispôs a encarar intensas oscilações em seus preços. A diferença entre a volatilidade do Ibovespa e dos papéis da Telebrás é enorme, o que demonstra que a imprevisibilidade marca a rotina dos papéis da companhia.
Segundo o índice de volatilidade medido pela BM&FBovespa, a ação preferencial da Telebrás registrou uma taxa de 157% nos últimos três meses. Se for considerado apenas o último mês, a taxa salta para 211%.
No período de um mês, o Ibovespa, que reúne as 63 ações mais negociadas, teve volatilidade de 26,5%. Quanto maior o índice, mais elevado o sobe e desce dos preços dos papéis em certo período.
No auge da crise econômica internacional, que eclodiu em setembro de 2008, o Ibovespa atingiu volatilidade de 112% -metade do registrado pelas ações da Telebrás.
"Todo mundo que comprou Telebrás deveria ter consciência dos riscos que uma ação como essa representa. Houve gente que ganhou muito dinheiro com o papel, mas sempre haverá alguém que vai ter de pagar a conta. O que muito investidor esquecesse é que a Telebrás, como empresa, mal existe hoje", afirmou Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros.
O papel ordinário da Telebrás acumulou valorização de 35.000% desde 2002 -até o dia 8, considerando pagamentos de dividendos e outros proventos. O espantoso resultado tem feito com que muita gente cogite a hipótese de aplicar nos papéis.
A alta procura pelas ações da Telebrás fez com que o papel passasse a figurar entre os mais negociados da Bolsa desde a semana passada. No pregão de segunda-feira, a ação PN da tele chegou a registrar a terceira maior movimentação do dia, com R$ 263 milhões em transações, atrás apenas das gigantes Vale e Petrobras. Em dezembro, por exemplo, o papel movimentava cerca de R$ 20 milhões por pregão.
Essa movimentação atípica a distanciou também dos papéis do setor de telecomunicações que são, historicamente, mais procurados pelos investidores. A ação PN da Telemar registra, em um mês, volatilidade de 31,5%.
No caso dos papéis mais negociados da Bolsa, a volatilidade no período foi de 29,1% para Petrobras PN e de 33,9% para Vale PNA.
No pregão de ontem, a ação da Telebrás recuou 8,05%, após R$ 123,4 milhões em negócios feitos.


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