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EFEITO ARGENTINA
"Acesso aos recursos não é algo que consideramos uma boa idéia", disse Greenspan
Fed nega crédito a países que venham a dolarizar economia
das agências internacionais
Países que dolarizarem as suas
economias não terão acesso aos recursos do Fed, o banco central norte-americano, garantiu ontem seu
presidente, Alan Greenspan.
"O acesso aos recursos do Fed
não é algo que nós ou nossos colegas do Tesouro consideramos uma
boa idéia, na verdade nós nos oporíamos a isso", disse Greenspan em
seu segundo dia de pronunciamento semestral no Congresso
norte-americano.
A declaração foi feita após o representante republicano Paul
Ryan questionar se o Fed se tornaria a última instância de crédito
dos países que adotarem o dólar
como moeda.
O presidente argentino, Carlos
Menem, é o principal defensor da
adoção do dólar por parte dos países latino-americanos como forma
de estabilizar suas economias. A
Argentina já iniciou negociações
com os EUA, como já havia confirmado o próprio Greenspan.
"O uso do dólar como moeda é
algo que os próprios países interessados devem decidir. Eles têm o direito soberano de fazer isso ou não,
mas nós não assumimos nenhuma
responsabilidade por suas decisões", acrescentou o presidente do
banco central norte-americano.
Greenspan afirmou ainda que os
Estados Unidos têm "algumas
obrigações com a América Latina,
assim como têm com outros parceiros comerciais".
"Queremos vê-la prosperar, mas
não seremos fonte de última instância", disse.
Em seu segundo dia de discurso,
Greenspan praticamente repetiu
ao comitê bancário do Congresso
norte-americano o seu pronunciamento de terça-feira.
No primeiro dia, o dirigente do
Fed afirmou que o Brasil já mostra
sinais de recuperação. "Embora o
contágio da crise global esteja limitado, o risco de efeitos colaterais
em parceiros comerciais do Brasil,
como os EUA, ainda é possível.
Mas o Brasil e a Coréia do Sul estão
mostrando sinais de recuperação
econômica", afirmara Greenspan
na terça-feira.
"Nossa economia deve continuar
sólida este ano, embora com um
ritmo mais lento de expansão",
disse.
Euro
As mudanças ocorridas recentemente na estrutura financeira internacional levaram os países a repensarem seus regimes cambiais,
lembrou o presidente do Fed.
Para ele, o euro, a moeda única
européia, será uma "experiência
interessante", cujos resultados só
serão conhecidos em alguns anos.
Ao ser indagado sobre como se
deve estabilizar as moedas,
Greenspan respondeu que é melhor "manter a economia estável e
com inflação baixa".
O presidente do Fed disse também que as intervenções no mercado feitas pelos bancos centrais
não conseguem influenciar o câmbio a longo prazo.
O estabelecimento de taxas fixas
de câmbio, como fizeram os países
emergentes nos últimos dois anos
e dois anos e meio, "criou todo tipo
de problema".
Segundo Greenspan, os países
devem fazer seu próprio julgamento sobre a conveniência de adotar
uma moeda mais estável.
O presidente do Fed disse, porém, que há muito mais implicações políticas e econômicas envolvidas em uma troca de moedas do
que a maioria supõe. Greenspan
fez o comentário ao responder se a
Rússia deveria adotar o euro.
"Se eles conseguirem fazer isso
funcionar, a minha resposta é sim.
Mas não é uma questão simples",
disse Greenspan, que demonstrou
preferência pelo sistema de câmbio flutuante.
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