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INFLAÇÃO
Mas especialistas enxergam repasses das altas do atacado para o varejo
IPCA-15 recua para 0,4% neste mês
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPCA-15 (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) de março ficou em 0,40%, abaixo da taxa de
fevereiro (0,90%), informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
O principal motivo para a retração do IPCA-15 foi o final do período de reajustes de mensalidades escolares. Depois de uma alta
de 8,17% em fevereiro -mês que
sazonalmente concentra esses aumentos-, os gastos com mensalidade tiveram variação de 0,69%
em março.
O IPCA-15 serve como uma espécie de prévia do IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial adotado pelo governo como referência para
as metas de inflação. Em fevereiro, o IPCA havia ficado em 0,61%.
Segundo especialistas, o resultado geral do IPCA-15 ficou dentro
das expectativas. Os cálculos dos
núcleos de inflação, porém, revelam repasses das altas do atacado
para o varejo e pressão sobre os
preços livres (sem controle do governo).
De acordo com Alexandre Sant'Anna, economista da administradora de recursos ARX, os aumentos no atacado "estão contaminando os preços no varejo".
Esse movimento, disse, ocorre
principalmente no caso dos bens
duráveis -eletrodomésticos (alta
de 1,67% em fevereiro) e automóveis (1,71%).
Pelas contas de Sant'Anna, os
preços livres (descontado o grupo
educação) subiram de 0,34% no
IPCA para 0,56% no IPCA-15, divulgado com uma defasagem de
cerca 15 dias.
Em janeiro e fevereiro, quando
o BC (Banco Central) não mexeu
na taxa de juros, uma das justificativas apontadas foi o possível
contágio dos preços no varejo.
Alta contida
Embora considere que os repasses estejam acontecendo, a consultoria LCA sustenta, em relatório, que eles "serão contidos" e
que não perdurarão por muito
tempo.
O mercado de trabalho "ainda
fragilizado" e a redução dos preços dos alimentos evitarão pressões nos índices de preços ao consumidor, segundo a LCA.
Em março, os alimentos -cuja
variação passou de 0,65% em fevereiro para 0,26%- contribuíram para o recuo da inflação.
Também ajudaram as quedas de
preço do álcool combustível
(8,46%) e da gasolina (0,42%).
Além dos duráveis, outros
exemplos de repasse são ovos
(elevação de 5,55% em março) e
óleo de soja (4,75%), ambos em
alta no atacado. No caso do óleo, o
aumento reflete a elevação das cotações internacionais da soja.
O IPCA-15 é calculado com a
mesma metodologia do IPCA, cuja pesquisa de preços é realizada
ao longo do mês. A diferença entre os dois índices está no período
de coleta -no IPCA-15, foi de 11
de fevereiro a 12 de março.
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