São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004

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INFLAÇÃO

Mas especialistas enxergam repasses das altas do atacado para o varejo

IPCA-15 recua para 0,4% neste mês

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de março ficou em 0,40%, abaixo da taxa de fevereiro (0,90%), informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O principal motivo para a retração do IPCA-15 foi o final do período de reajustes de mensalidades escolares. Depois de uma alta de 8,17% em fevereiro -mês que sazonalmente concentra esses aumentos-, os gastos com mensalidade tiveram variação de 0,69% em março.
O IPCA-15 serve como uma espécie de prévia do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial adotado pelo governo como referência para as metas de inflação. Em fevereiro, o IPCA havia ficado em 0,61%.
Segundo especialistas, o resultado geral do IPCA-15 ficou dentro das expectativas. Os cálculos dos núcleos de inflação, porém, revelam repasses das altas do atacado para o varejo e pressão sobre os preços livres (sem controle do governo).
De acordo com Alexandre Sant'Anna, economista da administradora de recursos ARX, os aumentos no atacado "estão contaminando os preços no varejo". Esse movimento, disse, ocorre principalmente no caso dos bens duráveis -eletrodomésticos (alta de 1,67% em fevereiro) e automóveis (1,71%).
Pelas contas de Sant'Anna, os preços livres (descontado o grupo educação) subiram de 0,34% no IPCA para 0,56% no IPCA-15, divulgado com uma defasagem de cerca 15 dias.
Em janeiro e fevereiro, quando o BC (Banco Central) não mexeu na taxa de juros, uma das justificativas apontadas foi o possível contágio dos preços no varejo.

Alta contida
Embora considere que os repasses estejam acontecendo, a consultoria LCA sustenta, em relatório, que eles "serão contidos" e que não perdurarão por muito tempo.
O mercado de trabalho "ainda fragilizado" e a redução dos preços dos alimentos evitarão pressões nos índices de preços ao consumidor, segundo a LCA.
Em março, os alimentos -cuja variação passou de 0,65% em fevereiro para 0,26%- contribuíram para o recuo da inflação. Também ajudaram as quedas de preço do álcool combustível (8,46%) e da gasolina (0,42%).
Além dos duráveis, outros exemplos de repasse são ovos (elevação de 5,55% em março) e óleo de soja (4,75%), ambos em alta no atacado. No caso do óleo, o aumento reflete a elevação das cotações internacionais da soja.
O IPCA-15 é calculado com a mesma metodologia do IPCA, cuja pesquisa de preços é realizada ao longo do mês. A diferença entre os dois índices está no período de coleta -no IPCA-15, foi de 11 de fevereiro a 12 de março.


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