São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"LEÃO FERIDO"

Prejuízo supera R$ 17 mi

PF faz nova apreensão contra fraudes no IR

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal cumpriu ontem, em Brasília, mandado de busca e apreensão de documentos no escritório da contadora Ana Maria Alves, acusada de integrar um esquema de fraude tributária que causou prejuízo de R$ 2,7 milhões aos cofres públicos.
No escritório de Alves, os policiais encontraram envelopes com o timbre oficial do Senado Federal e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e um cartão de visita no qual constava a seguinte oferta de serviço: "Imposto de Renda - Regularização da situação fiscal junto (sic) à Receita Federal - Malha fiscal 2003 - Malha fiscal 2004 -Exclusivo para servidores públicos".
Os telefones e o endereço para contato que constam do cartão são os do escritório da contadora.
Segundo investigação da Receita Federal, tornada pública anteontem, a contadora, o sargento do Corpo de Bombeiros Antonio Nonato da Silva Filho, ambos de Brasília, e o contador José Gondinho Pontes, de Itumbiara (GO), montaram um esquema por meio do qual foram pagas indevidamente restituições do IR a 194 contribuintes -entre os quais 52 servidores do Senado, 19 do Tribunal de Justiça do DF, 13 policiais civis e 11 funcionários do Ministério Público da União.
Em depoimento à Polícia Federal, na quarta-feira, Silva Filho negou ser o dono dos R$ 54 mil, em cheques e dinheiro, encontrados por policiais em sua casa, em operação de busca e apreensão de documentos feita no mesmo dia.
O sargento afirmou que a soma pertenceria a seu sogro, Gilberto Xavier, e negou prestar serviços relacionados ao IR. Disse que isso era feito pelo sogro e pela contadora -e informou à PF sobre a existência do escritório.
"Até então, desconhecíamos o escritório. Como Ana Maria soube que estávamos na casa dele na quarta-feira, deve ter ido à sala comercial, ainda pela manhã, e retirado possíveis indícios de irregularidades", afirmou o delegado Reniton Serra.
Ao entrarem ontem na sala comercial, os policiais notaram que havia gavetas e armários vazios e que um computador fora retirado. Restaram basicamente envelopes com timbres oficiais de órgãos públicos e cartões de visita.
A Folha não localizou os telefones residenciais de Alves, de Silva Filho e de Xavier. O Corpo de Bombeiros informou que o sargento está em licença médica.
A reportagem tentou ainda falar por telefone com Pontes, mas ninguém atendeu à chamada em sua residência em Itumbiara.
Segundo dados da investigação chamada "Leão Ferido", Alves e Silva Filho canalizavam as demandas de clientes -principalmente funcionários públicos (95) e residentes em Brasília (140)- e as repassavam a Pontes.
De Itumbiara, por meio de dois computadores localizados em seu escritório, Gondinho encaminhou as declarações retificadoras em nome de terceiros (clientes), alterando dados anteriormente apresentados à Receita.
O superintendente da Receita para a Região Centro-Oeste, Nilton Tadeu Nogueira, disse que as retificações elevavam a restituição pelo aumento dos dependentes e dos gastos com educação e saúde.

"Leão Branco"
Na operação "Leão Branco", comandada pela Delegacia da Receita Federal em Poços de Caldas (MG), o fisco investiga 220 contribuintes sob suspeita de uso de recibos falsos de despesas médicas.
Entre as irregularidades detectadas, há profissionais liberais que emitiram, em apenas um ano, R$ 1 milhão em recibos.
Em uma terceira operação de combate a fraudes fiscais deflagrada nesta semana, a Receita e a PF apreenderam, em São Paulo, 10 mil declarações em um escritório de "fachada" instalado em Itaquera. Estima-se que as fraudes aí contidas somem R$ 15 milhões.


Texto Anterior: Gasto público será reduzido, diz Dirceu
Próximo Texto: Imposto de renda: Veja como declarar doação de bens e dinheiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.