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"LEÃO FERIDO"
Prejuízo supera R$ 17 mi
PF faz nova apreensão contra fraudes no IR
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal cumpriu ontem, em Brasília, mandado de
busca e apreensão de documentos no escritório da contadora
Ana Maria Alves, acusada de integrar um esquema de fraude tributária que causou prejuízo de R$
2,7 milhões aos cofres públicos.
No escritório de Alves, os policiais encontraram envelopes com
o timbre oficial do Senado Federal
e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e um cartão de visita no
qual constava a seguinte oferta de
serviço: "Imposto de Renda - Regularização da situação fiscal junto (sic) à Receita Federal - Malha
fiscal 2003 - Malha fiscal 2004 -Exclusivo para servidores públicos".
Os telefones e o endereço para
contato que constam do cartão
são os do escritório da contadora.
Segundo investigação da Receita Federal, tornada pública anteontem, a contadora, o sargento
do Corpo de Bombeiros Antonio
Nonato da Silva Filho, ambos de
Brasília, e o contador José Gondinho Pontes, de Itumbiara (GO),
montaram um esquema por meio
do qual foram pagas indevidamente restituições do IR a 194
contribuintes -entre os quais 52
servidores do Senado, 19 do Tribunal de Justiça do DF, 13 policiais civis e 11 funcionários do Ministério Público da União.
Em depoimento à Polícia Federal, na quarta-feira, Silva Filho negou ser o dono dos R$ 54 mil, em
cheques e dinheiro, encontrados
por policiais em sua casa, em operação de busca e apreensão de documentos feita no mesmo dia.
O sargento afirmou que a soma
pertenceria a seu sogro, Gilberto
Xavier, e negou prestar serviços
relacionados ao IR. Disse que isso
era feito pelo sogro e pela contadora -e informou à PF sobre a
existência do escritório.
"Até então, desconhecíamos o
escritório. Como Ana Maria soube que estávamos na casa dele na
quarta-feira, deve ter ido à sala comercial, ainda pela manhã, e retirado possíveis indícios de irregularidades", afirmou o delegado
Reniton Serra.
Ao entrarem ontem na sala comercial, os policiais notaram que
havia gavetas e armários vazios e
que um computador fora retirado. Restaram basicamente envelopes com timbres oficiais de órgãos públicos e cartões de visita.
A Folha não localizou os telefones residenciais de Alves, de Silva
Filho e de Xavier. O Corpo de
Bombeiros informou que o sargento está em licença médica.
A reportagem tentou ainda falar
por telefone com Pontes, mas
ninguém atendeu à chamada em
sua residência em Itumbiara.
Segundo dados da investigação
chamada "Leão Ferido", Alves e
Silva Filho canalizavam as demandas de clientes -principalmente funcionários públicos (95)
e residentes em Brasília (140)- e
as repassavam a Pontes.
De Itumbiara, por meio de dois
computadores localizados em seu
escritório, Gondinho encaminhou as declarações retificadoras
em nome de terceiros (clientes),
alterando dados anteriormente
apresentados à Receita.
O superintendente da Receita
para a Região Centro-Oeste, Nilton Tadeu Nogueira, disse que as
retificações elevavam a restituição
pelo aumento dos dependentes e
dos gastos com educação e saúde.
"Leão Branco"
Na operação "Leão Branco", comandada pela Delegacia da Receita Federal em Poços de Caldas
(MG), o fisco investiga 220 contribuintes sob suspeita de uso de recibos falsos de despesas médicas.
Entre as irregularidades detectadas, há profissionais liberais
que emitiram, em apenas um ano,
R$ 1 milhão em recibos.
Em uma terceira operação de
combate a fraudes fiscais deflagrada nesta semana, a Receita e a
PF apreenderam, em São Paulo,
10 mil declarações em um escritório de "fachada" instalado em Itaquera. Estima-se que as fraudes aí
contidas somem R$ 15 milhões.
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