São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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Banco Central derruba em 54% previsão de investimento estrangeiro em Bolsa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O impacto da crise internacional está refletido na queda esperada pelo Banco Central em 2008 no ingresso líquido de dinheiro estrangeiro para aplicação em Bolsa de Valores e títulos do governo e de empresas. Segundo as projeções divulgadas, ontem, o fluxo líquido desses investimentos ao longo do ano, já descontados as saídas, deverá somar US$ 12 bilhões, em vez dos US$ 26 bilhões estimados anteriormente.
No primeiro bimestre, o saldo desses investimentos foi de US$ 456 milhões. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, os fluxos desses ingressos estarão influenciados também pelo aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que entrou em vigor há uma semana. Em março, até ontem, ingressaram US$ 6,69 bilhões, o que pode indicar que os investidores se anteciparam à fixação da nova alíquota do IOF.
Lopes avalia que essa queda será mais do que compensada pelo aumento no volume de investimentos estrangeiros diretos, recursos aplicados na construção de fábricas e aumento do parque produtivo.
Os cálculos do BC elevaram de US$ 28 bilhões para US$ 32 bilhões o total de investimentos estrangeiros diretos esperados para 2008. Em fevereiro, o BC projetava um ingresso de US$ 200 milhões e o valor registrado desses investimentos foi de US$ 890 milhões.
O dado, segundo Lopes, está influenciado pela saída de US$ 1 bilhão, referente à venda de participação acionária de empresas estrangeiras que investiram no país -duas do setor de alimentos e uma do varejo.
No bimestre, o saldo de investimentos estrangeiros diretos foi de US$ 5,704 bilhões. "Em 12 meses, o ingresso líquido é de US$ 36,489 bilhões. Somente neste mês [até ontem] entraram US$ 2,3 bilhões." Para ele, março deverá encerrar com ingresso de US$ 3 bilhões.
Lopes afirmou ainda que a instabilidade financeira nos Estados Unidos tem impacto limitado sobre o ingresso de investimentos diretos, que são aplicações de longo prazo.
"Esses investimentos compensarão com folga do déficit [em transações correntes] esperado para o ano." Lopes disse que o país contará ainda com entrada de empréstimos externos de médio e longo prazos obtidos por empresas privadas.
Os dados mostram forte crescimento na rolagem dessas operações. Em fevereiro, era de 156%, o que indica que toda dívida que venceu estava sendo rolada e que novos empréstimos foram tomados. Em março, essa taxa subiu para 354%.


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