São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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Com crise, brasileiros nos EUA devem enviar menos recursos para o país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A expectativa de uma recessão na maior economia do planeta fez o Banco Central reduzir a estimativa das remessas de brasileiros que moram nos EUA para o Brasil. Nos cálculos do BC, a conta de transferências unilaterais, em que estão registrados esses recursos, deverá encerrar 2008 com saldo positivo de US$ 3,8 bilhões, em vez dos US$ 4,2 bilhões anunciados no final do ano passado.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, as remessas vindas dos EUA respondem por 45% da movimentação registrada nas transferências unilaterais. Em segundo lugar, estão os fluxos oriundos do Japão.
"Essa revisão reflete basicamente a piora no fluxo dos EUA por causa da crise internacional", disse Lopes. Em fevereiro, essas remessas somaram US$ 321 milhões e, no primeiro bimestre, US$ 646 milhões, crescimento de 6% em relação aos dois primeiros meses de 2007.
Também contribuirá para pressionar as contas externas o aumento projetado para os gastos de brasileiros em viagem ao exterior. O déficit estimado subiu de US$ 3,5 bilhões para US$ 4 bilhões no ano.
No primeiro bimestre de 2008, esses gastos líquidos triplicaram, passando de US$ 174 milhões, registrados no mesmo período de 2007, para US$ 697 milhões. O dado teve impacto da alta de 67% nas despesas de brasileiros lá fora, que passaram de US$ 1,072 bilhão no mesmo período de 2007 para US$ 1,786 bilhão neste ano. Somente em fevereiro, elas somaram US$ 812 milhões, quase o dobro dos US$ 498 milhões verificados em fevereiro de 2007.
Lopes destaca, porém, que as receitas com estrangeiros viajando no país também estão em alta, o que ameniza parte do déficit. Elas subiram 21% no primeiro bimestre do ano, alcançando US$ 1,090 bilhão, ante US$ 898 milhões no período janeiro-fevereiro de 2007.
Apenas em março, a conta viagens internacionais registra saída líquida de US$ 189 milhões. Esses gastos, segundo Lopes, acompanham a valorização do real ante ao dólar.

Juros
O pagamento de juros, que tradicionalmente era um item que pesava nas contas externas, está em queda neste início de ano. Somou déficit de US$ 595 milhões em fevereiro, ante US$ 960 milhões no mesmo mês de 2007. No bimestre, o gasto líquido é de US$ 1,884 bilhão, contra US$ 2,274 bilhões no mesmo período de 2007.
Segundo Lopes, contribuem para esse resultado a redução do endividamento externo e as receitas com a aplicação das reservas internacionais.


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