São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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Bovespa sobe 1,4% em dia positivo

Melhora na oferta pelo Bear Stearns e recuperação das ações da Vale e Petrobras comandam alta

Analistas, no entanto, vêem recuperação pontual nos negócios e advertem sobre a continuidade de incertezas nos mercados globais

DEISE OLIVEIRA
DA FOLHA ONLINE

O mercado financeiro teve um dia de alívio ontem com o anúncio de melhora na oferta feita pelo banco JPMorgan para comprar o Bear Stearns -uma das primeiras vítimas da crise do crédito imobiliário de alto risco dos Estados Unidos.
O Ibovespa, índice que reúne as principais ações negociadas na Bovespa, chegou a avançar mais de 3% ontem pela manhã, mas reduziu o ímpeto no final da tarde. No fechamento, terminou em alta de 1,4%, com 59.812 pontos no índice.
A expectativa dos analistas, no entanto, é que o movimento seja pontual e que as negociações não se mantenham em patamares elevados. "A Bolsa exagerou na recuperação. A ausência de indicadores negativos, o patamar mais atraente de compra de ações, após a queda dos valores na semana passada, e a notícia do aumento da oferta do JPMorgan para a compra do Bear Stearns aceleraram os negócios lá fora, e o Ibovespa subiu mais de 3%. Mas devolveu no fechamento", afirmou Alessandra Ribeiro, da Tendências.
A negociação de alguns papéis foi especialmente favorecida pela cotação das matérias-primas, com movimento de queda contido ontem. Os investidores aproveitaram para comprar papéis da Vale e da Petrobras, as mais desvalorizadas na semana passada. Ontem, os papéis ON da Vale subiram 5,15%, e os PN, 4,75%.
O desempenho dos papéis da Petrobras foi mais comedido, com altas de 1,71% para os ON e de 0,87% para os PN, mesmo com a queda do petróleo em Nova York pelo terceiro dia consecutivo. O barril terminou o dia cotado a US$ 100,86.
As ações da Vale foram incorporadas à lista "Americas Conviction Buy List", uma lista de recomendação de compra de ações do Goldman Sachs. Segundo o analista Oscar Cabrera, o recuo no preço dos papéis deixou a empresa "bastante barata". Os ADRs (recibos conversíveis em ações) da Vale caíram 12% desde 20 de fevereiro, comparativamente ao recuo de 2,2% do índice S&P 500 da Bolsa de Nova York.
"Dados da economia dos Estados Unidos dão sinais de certa estabilidade, mas no longo prazo não são suficientes para recuperar a economia por completo. As negociações em patamares muito elevados não devem se sustentar", disse Jason Freitas Vieira, da Uptrend Consultoria Econômica.
Alessandra Ribeiro, da Tendências, também avalia que o movimento é pontual. "As incertezas continuam fortes e ainda há dúvidas sobre a saúde de muitas instituições financeiras. E dados importantes a serem divulgados, como o índice de confiança do consumidor americano, não devem ser positivos. O mercado não deve manter esses patamares."

Computadores parados
O Banco Central teve sua intervenção no câmbio limitada ontem devido a um problema em seus computadores. Segundo o BC, o Sisbacen (sistema utilizado para comunicação com os bancos) ficou fora do ar por três horas e meia e o banco não realizou leilão para a compra de dólares. Mesmo assim, o dólar comercial fechou em alta de 0,8%, vendido a R$ 1,747.
"A pane do Sisbacen atrapalhou o BC. O preço do petróleo e a saídas financeiras pesaram sobre o dólar", avaliou João Medeiros, da Pioneer.


Com a Bloomberg


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