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CONTAS EXTERNAS
Investimento direto é de US$ 284 mi em março, menor valor em 8 anos; capital de curto prazo soma US$ 776 mi
País atrai capital volátil; dólar produtivo seca
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do otimismo que tomou
conta do mercado financeiro nas
últimas semanas, os investidores
estrangeiros continuam cautelosos em relação ao desempenho
futuro da economia brasileira. A
maioria dos dólares que tem ingressado no país é de curto prazo,
segundo dados do Banco Central.
Os investimentos estrangeiros
diretos recebidos pelo Brasil somaram US$ 284 milhões no mês
passado, menor valor em oito
anos. Entre janeiro e março, o ingresso desse tipo de recurso ficou
em US$ 1,977 bilhão, contra os
US$ 4,695 bilhões registrados no
mesmo período de 2002.
Diante desse cenário, as empresas estão recorrendo a empréstimos de curto prazo, que vencem
em menos de um ano. Em março,
esses empréstimos ficaram em
US$ 776 milhões. No primeiro trimestre deste ano, o ingresso do
capital de prazo mais curto ficou
em US$ 1,965 bilhão, contra apenas US$ 148 milhões em igual período de 2002.
"É um movimento natural", diz
o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Para
ele, a maior entrada de capitais de
curto prazo ainda é reflexo da crise enfrentada pelo Brasil no ano
passado. Na época, com a proximidade das eleições, muitos bancos estrangeiros, desconfiados
dos rumos da economia brasileira, cortaram suas linhas de financiamento para o país.
O setor privado conseguiu renovar apenas 43% das parcelas da
dívida externa que venceram em
2002. Em 2001, essa proporção estava em 100%. De janeiro a março
deste ano, a rolagem atingiu 34%
do total de vencimentos.
Já os empréstimos externos de
curto prazo chegaram a US$ 946
milhões no segundo semestre do
ano passado, quase o dobro dos
US$ 504 milhões recebidos pelo
país em igual período de 2001.
Ao emprestar dinheiro para o
Brasil, os bancos estrangeiros ganham com os juros altos cobrados, maiores que os cobrados de
outros países, mas menores que
aqueles do mercado interno.
Para Lopes, o primeiro sinal de
que os estrangeiros estão voltando a aplicar no Brasil é, justamente, o crescimento no fluxo de capital de curto prazo. Essa seria apenas uma primeira etapa para que,
posteriormente, recursos com caráter menos especulativo e de prazo maior voltem ao país.
Ele cita ainda a desaceleração da
economia dos desenvolvidos como um obstáculo ao fluxo de investimentos diretos aos emergentes, entre eles o Brasil.
Inicialmente, o governo esperava contar com US$ 16 bilhões em
investimentos neste ano. Diante
dos fracos resultados observados
até agora, a projeção foi reduzida
para US$ 13 bilhões e pode cair
ainda mais.
O Brasil precisa de aproximadamente US$ 30 bilhões para fechar
suas contas externas neste ano.
Esse dinheiro deve vir de empréstimos, incluindo recursos do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
ou de investimentos diretos.
Capitais de longo prazo -como os investimentos ou empréstimos que vencem em mais de um
ano- são considerados formas
mais seguras de financiar as contas externas.
Por exemplo: quando um banco
faz ao Brasil um empréstimo que
vence em seis meses, nada garante
que, terminado esse prazo, o dinheiro continuará por aqui.
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