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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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Especulação é perigo ou salvação, diz Planejamento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda, afirmou que, assim que for "desinflada a bolha inflacionária", o Banco Central deve reduzir as taxas de juros e intervir "pontualmente" no mercado de câmbio para tornar as cotações mais estáveis.
Não foi a única opinião de ontem contrária à atual política do Banco Central de permitir a valorização do real. Em seminário promovido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o líder do governo no Congresso, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), defendeu intervenções para deter a queda da moeda norte-americana.
Miranda não pregou uma ação imediata no câmbio. De acordo com ele, neste momento é importante superar a pressão inflacionária decorrente da maxidesvalorização de 2002. Previu, porém, que a partir de junho haverá espaço para cortes nos juros.
O ministro Guido Mantega (Planejamento) também falou em queda de juros ontem, ao afirmar que os resultados da política econômica abrem caminho para a redução. "Espero que seja em breve. Infelizmente, não foi ontem [anteontem]."
A partir daí, a idéia é que "o câmbio não flutue tão livremente". Leia-se: pretende-se que a ação do BC evite oscilações bruscas da moeda americana, criando um cenário de maior previsibilidade para os exportadores para a cotação do dólar.

Projeções
As projeções do Planejamento, relatou, levam em conta um dólar a R$ 3,33 neste ano, que permitiria um superávit comercial de US$ 16 bilhões. De acordo com Miranda, o atual ingresso de capital de curto prazo no país, propulsor da queda do dólar, pode ser "perigo ou salvação".
Por esse raciocínio, o perigo, como ocorreu nos tempos da âncora cambial, é uma eventual mudança de humor dos investidores -ou especuladores- provocar fuga rápida de divisas e nova escalada do dólar.
A salvação, segundo o economista, pode ser definida no momento da renovação dos empréstimos de curto prazo recentemente concedidos a empresas brasileiras, especialmente bancos. Se as operações forem roladas a prazos mais longos, terá sido dado um sinal mais consistente de confiança no país.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) voltou a rejeitar as propostas de intervenção no câmbio.


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