São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003 |
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TRABALHO TRT determina desconto dos dias parados e a imediata volta à fábrica; paralisação entra no quarto dia Justiça vê abuso, mas greve da GM continua
MARIA TERESA MORAES DA FOLHA VALE O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de Campinas julgou ontem abusiva a greve dos trabalhadores das fábricas da General Motors e de sua subsidiária, GM Powertrain, de São José dos Campos (91 km de São Paulo), determinou o desconto dos dias parados e a imediata volta ao trabalho. Entretanto, a categoria decidiu, em assembléia, manter a paralisação, que chega hoje ao quarto dia. A decisão, tomada por unanimidade por dez juízes em audiência ontem à tarde, surpreendeu o sindicato da categoria, já que, dois dias antes, a presidente do tribunal, Eliana Felippe de Toledo, havia sugerido, durante audiência de conciliação, que a GM reajustasse os salários em 11,91%. Ontem, o TRT-SP, ao julgar a greve dos operários da GM de Mogi das Cruzes, também determinou o pagamento de 10% de reajuste -5% em abril e 5% em julho-, a compensação dos dias parados e estabilidade no emprego por 60 dias, desde que não haja novas paralisações na fábrica. O principal item das pautas de reivindicações dos metalúrgicos da GM de São José dos Campos e de Mogi das Cruzes, embora elaboradas por sindicatos distintos, era o mesmo: reajuste de 10,39%, referente à inflação entre novembro passado -data-base da categoria- e fevereiro deste ano. Hoje, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos realiza uma assembléia unificada, às 7h, com os funcionários dos três turnos da fábrica para decidir os rumos da paralisação. A continuidade da greve, mesmo após decisão contrária do TRT, foi aprovada ontem por unanimidade pelos cerca de 4.000 operários do turno da tarde. Ontem à noite, representantes da montadora e do sindicato se reuniriam em São Paulo para tentar pôr fim ao impasse. A única proposta feita pela montadora até agora aos funcionários da GM de São José dos Campos foi a concessão de um abono de 56% para quem ganha salário de até R$ 1.600, o que, segundo o sindicato, beneficiaria apenas 60% da unidade. A proposta de abono já foi rejeitada pela categoria em várias assembléias. Inicialmente, a GM ofereceu abono de 36% (após uma greve de 24 horas na semana passada), depois elevou para 44% (após o início da greve por tempo indeterminado) e, finalmente, para 56%. Ontem, a direção da GM informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria se manifestar sobre os julgamentos do TRT e a greve em São José. O Sinfavea (Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores), que também participa das negociações, não quis comentar o impasse na fábrica de São José dos Campos. Campanha extraordinária A campanha extraordinária por reajuste de salários foi desencadeada em março, inicialmente por metalúrgicos, mas já atinge também empregados de outras indústrias, como as químicas e as da alimentação. Hoje, vence o prazo dado pelo Sindicato dos Químicos do Vale do Paraíba para que a Johnson & Johnson, que emprega 3.600 operários, faça uma proposta de reajuste salarial. O prazo foi definido anteontem por trabalhadores da empresa, em assembléia que aprovou o estado de greve na fábrica. A multinacional, que não apresentou contraproposta até agora, disse desconhecer a pauta de reivindicações do sindicato. Dos quatro maiores sindicatos de trabalhadores do Vale do Paraíba, todos filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), dois deles -os que representam os operários da indústria da alimentação e os metalúrgicos de São José dos Campos- são controlados pelo PSTU, partido que faz oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os outros dois -os que representam os metalúrgicos de Taubaté e químicos- são dirigidos por sindicalistas ligados ao PT. Texto Anterior: "Acordo dos usineiros": STF julga inconstitucional lei alagoana de isenção Próximo Texto: TRT julga 2ª movimento na Volvo, e operário recusa oferta da Renault Índice |
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