UOL


São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRISE NO AR

Conselho curador da Fundação Rubem Berta, dona de 87% da empresa, poderá ser destituído nos próximos 30 dias

Conselho que comanda a Varig pode cair

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A atual estrutura de poder da Varig começa a ruir, com a possibilidade de destituição, nos próximos 30 dias, do conselho curador da FRB (Fundação Rubem Berta), dona de 87% da companhia aérea.
A Folha apurou que a proposta de destituir o conselho curador já conta com o apoio de 140 dos 222 membros do colégio deliberante, que elege os conselheiros e é a última instância decisória da FRB. Pelo estatuto da fundação, é necessário o apoio de, pelo menos, 40% dos integrantes do colégio -58% apóiam a proposta.
Com salários atrasados e vendo a crise da empresa se agravar, os integrantes do colégio estão dispostos a mudar o comando da FRB. Entendem que ele está desgastado com o governo e com os credores e que é hora de uma renovação.
Hoje, o conselho curador está dividido. Dos sete integrantes, quatro são aliados do presidente Yutaka Imagawa, ex-presidente da FRB-Par (holding pela qual a fundação controla a Varig). Imagawa é contra a fusão com a TAM por acreditar que a fundação teria participação muito pequena na nova empresa. Os outros três vêem no negócio a única saída para a Varig, que tem dívidas declaradas de US$ 800 milhões.
O próprio conselho é que decidirá quando será discutida, em assembléia do colégio deliberante, a proposta de destituir os atuais integrantes. Tem 30 dias para marcar uma data.
A estratégia de Imagawa é ganhar tempo e restringir as discussões no colégio deliberante apenas à questão da fusão, dizem seus opositores.
O presidente do conselho de administração da FRB-Par, Gilberto Rigoni, aliado de Imagawa, viajou nesta semana a Portugal com o objetivo de negociar alternativas à fusão. Ele estaria tratando com um banco alemão a securitização de parte da dívida da Varig -algo em torno de US$ 350 milhões.
O banco, cujo nome está sendo mantido sob sigilo, "compraria" débitos de credores e poderia convertê-los numa participação na Varig. A negociação, entretanto, não chegou ainda a um estágio conclusivo.
Na viagem, também estaria sendo negociada com o grupo português Pestana a venda da rede de hotéis Tropical, da Varig. O dinheiro seria usado para abater dívidas.
A viagem, porém, é vista pela oposição interna no conselho curador como uma manobra de Imagawa para ganhar tempo e tirar o foco da fusão. Os opositores duvidam da existência de novos investidores.


Texto Anterior: Jaques Wagner diz que União não vai interferir
Próximo Texto: Debêntures vão rolar dívida com a Infraero
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.