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CRISE NO AR
Conselho curador da Fundação Rubem Berta, dona de 87% da empresa, poderá ser destituído nos próximos 30 dias
Conselho que comanda a Varig pode cair
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A atual estrutura de poder da
Varig começa a ruir, com a possibilidade de destituição, nos próximos 30 dias, do conselho curador
da FRB (Fundação Rubem Berta),
dona de 87% da companhia aérea.
A Folha apurou que a proposta
de destituir o conselho curador já
conta com o apoio de 140 dos 222
membros do colégio deliberante,
que elege os conselheiros e é a última instância decisória da FRB.
Pelo estatuto da fundação, é necessário o apoio de, pelo menos,
40% dos integrantes do colégio
-58% apóiam a proposta.
Com salários atrasados e vendo
a crise da empresa se agravar, os
integrantes do colégio estão dispostos a mudar o comando da
FRB. Entendem que ele está desgastado com o governo e com os
credores e que é hora de uma renovação.
Hoje, o conselho curador está
dividido. Dos sete integrantes,
quatro são aliados do presidente
Yutaka Imagawa, ex-presidente
da FRB-Par (holding pela qual a
fundação controla a Varig). Imagawa é contra a fusão com a TAM
por acreditar que a fundação teria
participação muito pequena na
nova empresa. Os outros três
vêem no negócio a única saída para a Varig, que tem dívidas declaradas de US$ 800 milhões.
O próprio conselho é que decidirá quando será discutida, em
assembléia do colégio deliberante, a proposta de destituir os
atuais integrantes. Tem 30 dias
para marcar uma data.
A estratégia de Imagawa é ganhar tempo e restringir as discussões no colégio deliberante apenas à questão da fusão, dizem
seus opositores.
O presidente do conselho de administração da FRB-Par, Gilberto
Rigoni, aliado de Imagawa, viajou
nesta semana a Portugal com o
objetivo de negociar alternativas à
fusão. Ele estaria tratando com
um banco alemão a securitização
de parte da dívida da Varig -algo
em torno de US$ 350 milhões.
O banco, cujo nome está sendo
mantido sob sigilo, "compraria"
débitos de credores e poderia
convertê-los numa participação
na Varig. A negociação, entretanto, não chegou ainda a um estágio
conclusivo.
Na viagem, também estaria sendo negociada com o grupo português Pestana a venda da rede de
hotéis Tropical, da Varig. O dinheiro seria usado para abater dívidas.
A viagem, porém, é vista pela
oposição interna no conselho curador como uma manobra de
Imagawa para ganhar tempo e tirar o foco da fusão. Os opositores
duvidam da existência de novos
investidores.
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