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ANO DO DRAGÃO
Se for aplicado o IGP-DI integral, impacto no índice de junho ou julho será de 1,2 ponto percentual, diz governo
Reajuste de teles pode ameaçar meta do IPCA
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento das tarifas de telefonia fixa pode causar impacto de
até 1,2 ponto percentual no IPCA,
segundo o Ministério das Comunicações. Esse impacto aconteceria caso fosse aplicado o IGP-DI
contratual integral nos reajustes
das operadoras de telefonia fixa,
em junho. O impacto pode acontecer na inflação de junho ou julho, dependendo da data de anúncio do aumento.
Para este ano, a meta do Banco
Central é que o IPCA fique em no
máximo 8,5%, mas só entre janeiro e março o índice já acumula
5,13%. Ontem, o ministro Miro
Teixeira (Comunicações), que é
contra o repasse integral do IGP-DI, disse que "os preços controlados estão descontrolados". Miro
se referia às tarifas de telecomunicações e energia, que são indexadas ao IGP-DI e ao IGP-M, respectivamente.
O economista Ricardo Braule
Pinto, consultor do governo para
o IPCA, disse que o reajuste pelo
IGP-DI poderia ter impacto de
um ponto percentual -caso o
aumento não inclua a tarifa dos
telefones públicos- a 1,05 ponto
percentual -se incluir o orelhão.
Para evitar esse impacto inflacionário, Miro já havia anunciado, em fevereiro, que iria negociar
com as concessionárias de telefonia que o IGP-DI permitido pelo
contrato não fosse aplicado integralmente. Os cálculos do governo indicam que, até junho, o IGP-DI acumulado chegaria a 34%.
Pelo contrato, as concessionárias têm direito a reajuste uma vez
por ano. É aplicado o IGP-DI acumulado menos um índice de produtividade, já definido em contrato em um ponto percentual, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Pelas
regras do reajuste, no entanto,
itens específicos de custo podem
subir até 9% além do IGP-DI.
Em 2002, o reajuste médio da telefonia fixa foi de 8,07% na "cesta
de tarifas" -conjunto de itens
como assinatura, pulso e habilitação, por exemplo. Na ocasião, o
IGP-DI que serviu de base para a
correção das tarifas foi de 9,4%. A
assinatura residencial, porém, subiu cerca de 14%.
Ontem, em audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia da
Câmara, os representantes da
Brasil Telecom, Telefônica e Telemar se mostraram reticentes em
relação às negociações com o governo. "Nós, a princípio, estamos
defendendo que seja respeitado
aquilo que está previsto contratualmente", disse Fernando Xavier, presidente da Telefônica.
Para evitar reajustes pelo IGP-DI, no entanto, as empresas pedem compensações. "A Brasil Telecom não vai abrir mão de receita", disse Manuel Ribeiro, superintendente da empresa. A Brasil
Telecom opera nas regiões Sul,
Centro-Oeste, no Distrito Federal,
em Tocantins, no Acre e em Rondônia. A Telemar já havia declarado publicamente que não aceita
negociar o IGP-DI.
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