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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Se for aplicado o IGP-DI integral, impacto no índice de junho ou julho será de 1,2 ponto percentual, diz governo

Reajuste de teles pode ameaçar meta do IPCA

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento das tarifas de telefonia fixa pode causar impacto de até 1,2 ponto percentual no IPCA, segundo o Ministério das Comunicações. Esse impacto aconteceria caso fosse aplicado o IGP-DI contratual integral nos reajustes das operadoras de telefonia fixa, em junho. O impacto pode acontecer na inflação de junho ou julho, dependendo da data de anúncio do aumento.
Para este ano, a meta do Banco Central é que o IPCA fique em no máximo 8,5%, mas só entre janeiro e março o índice já acumula 5,13%. Ontem, o ministro Miro Teixeira (Comunicações), que é contra o repasse integral do IGP-DI, disse que "os preços controlados estão descontrolados". Miro se referia às tarifas de telecomunicações e energia, que são indexadas ao IGP-DI e ao IGP-M, respectivamente.
O economista Ricardo Braule Pinto, consultor do governo para o IPCA, disse que o reajuste pelo IGP-DI poderia ter impacto de um ponto percentual -caso o aumento não inclua a tarifa dos telefones públicos- a 1,05 ponto percentual -se incluir o orelhão.
Para evitar esse impacto inflacionário, Miro já havia anunciado, em fevereiro, que iria negociar com as concessionárias de telefonia que o IGP-DI permitido pelo contrato não fosse aplicado integralmente. Os cálculos do governo indicam que, até junho, o IGP-DI acumulado chegaria a 34%.
Pelo contrato, as concessionárias têm direito a reajuste uma vez por ano. É aplicado o IGP-DI acumulado menos um índice de produtividade, já definido em contrato em um ponto percentual, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Pelas regras do reajuste, no entanto, itens específicos de custo podem subir até 9% além do IGP-DI.
Em 2002, o reajuste médio da telefonia fixa foi de 8,07% na "cesta de tarifas" -conjunto de itens como assinatura, pulso e habilitação, por exemplo. Na ocasião, o IGP-DI que serviu de base para a correção das tarifas foi de 9,4%. A assinatura residencial, porém, subiu cerca de 14%.
Ontem, em audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, os representantes da Brasil Telecom, Telefônica e Telemar se mostraram reticentes em relação às negociações com o governo. "Nós, a princípio, estamos defendendo que seja respeitado aquilo que está previsto contratualmente", disse Fernando Xavier, presidente da Telefônica.
Para evitar reajustes pelo IGP-DI, no entanto, as empresas pedem compensações. "A Brasil Telecom não vai abrir mão de receita", disse Manuel Ribeiro, superintendente da empresa. A Brasil Telecom opera nas regiões Sul, Centro-Oeste, no Distrito Federal, em Tocantins, no Acre e em Rondônia. A Telemar já havia declarado publicamente que não aceita negociar o IGP-DI.


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