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Investimento estrangeiro bate recorde
País recebeu US$ 2,8 bi em março, melhor marca já registrada para o mês, mas economista critica falta de estratégia
No primeiro trimestre entraram US$ 6,6 bi; compra de dólares pelo BC atinge US$ 8,3 bi no mês e US$ 22 bi de janeiro a março
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil recebeu fluxo recorde de investimentos estrangeiros diretos no mês passado,
com multinacionais sediadas
no exterior aplicando US$
2,778 bilhões no país, maior valor já registrado num mês de
março desde 1947, início da série do Banco Central.
O saldo acumulado no primeiro trimestre deste ano chegou a US$ 6,578 bilhões. Se descontados os números apurados
na época das privatizações,
quando empresas estrangeiras
investiram bilhões na compra
de estatais brasileiras, o resultado dos primeiros três meses
de 2007 também é o maior já
registrado pelo BC no período.
Em 2006, o Brasil recebeu
US$ 18,8 bilhões em investimentos, e a expectativa do BC é
que esse resultado suba para
US$ 20 bilhões neste ano.
"Por enquanto, os números
confirmam o acerto da nossa
projeção", diz o chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes. "Os investimentos estão vindo porque
existe mais confiança na economia, com perspectivas de
crescimento bastante sólido."
Para o economista Antônio
Corrêa de Lacerda, professor
da PUC-SP, a estabilidade da
economia e a expectativa de um
crescimento mais acelerado
nos próximos anos ajudam o
país a atrair investimentos,
mas a situação "podia estar melhor". "O Brasil não tem uma
estratégia de atração de investimentos. O país está no mapa
pelo potencial que representa,
mas os setores de maior valor
agregado não têm muita competitividade", afirma.
Segundo Lacerda, problemas
como a burocracia brasileira, a
alta carga tributária e problemas de infra-estrutura acabam
desestimulando os investidores. Além disso, ele aponta a valorização do real como outro fator negativo, pois isso prejudica
a exportação de produtos industrializados, afetando investimentos nesses setores.
Uma saída para o problema
do câmbio, de acordo com Lacerda, seria uma queda mais
acentuada dos juros, para reduzir o que se chama no mercado
financeiro de "arbitragem"
-operação pela qual um investidor pode contrair um empréstimo a taxas reduzidas em
outro país para aplicar em títulos brasileiros, que oferecem
uma rentabilidade mais alta.
Atualmente, uma aplicação
em títulos públicos rende entre
7% e 8% ao ano de juros reais
-já descontada a inflação. No
mês passado, estrangeiros investiram US$ 1,940 bilhão nesses papéis. Entre janeiro e março, foram US$ 3,492 bilhões.
Os elevados juros no Brasil
também já fazem com que empresas instaladas no país busquem mais financiamentos no
exterior. No mês passado, segundo o BC, o setor privado
captou R$ 2,433 bilhões no
mercado internacional, valor
167% maior do que o total de
parcelas da dívida externa que
venceram nesse período.
Diante do forte ingresso de
capital externo, o BC manteve
uma atuação agressiva no câmbio. No mês passado, comprou
US$ 8,3 bilhões em divisas para
reforçar as reservas em moeda
estrangeira no país.
Entre janeiro e março, essas
compras somaram US$ 21,9 bilhões, valor que já supera, por
exemplo, os US$ 21,5 bilhões
adquiridos ao longo de todo o
ano de 2005. No ano passado,
as compras somaram US$ 34,3
bilhões.
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