São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2007

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Para crescer mais, Intel avança na Santa Ifigênia

Empresa de chips coloca time na região dos piratas

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Vamos chegar aos 90% (de participação de mercado)?", provocou Greg Pearson, presidente da Intel Americas, ontem, num café da manhã com funcionários no Brasil. Reunidos para comemorar os 20 anos da fabricante de processadores no Brasil, alguns caíram na gargalhada. Eles, no entanto, sabem que a intenção é séria.
Depois de conseguir fazer com que a fatia de mercado da Intel no Brasil saltasse de 60% para 80%, em 2006, segundo a consultoria IDC, a meta agora é crescer mais.
Para isso, vale qualquer esforço, até mesmo confraternizar com o inimigo. Leia-se, no caso, os montadores de computador que, até pouco tempo atrás preferiam os chips da concorrência para fazer PCs baratos no mercado informal.
Com a diminuição da pirataria, que passou de 76% das vendas totais de computadores no Brasil, em 2005, para para 51%, no ano passado, os montadores têm agora buscado fazer PCs mais caros.
Entre eles, estão, por exemplo, os feitos para jogadores de videogame, que exigem grande capacidade de processamento -e chips mais caros. É exatamente esse público que a Intel quer mirar.
Para alcançá-lo, a empresa resolveu aumentar sua presença na rua Santa Ifigênia, centro de São Paulo. Há algumas semanas, a Intel mantém uma equipe rodando lojas e revendas na região, conhecida por ser o lugar onde montadores se alimentam de componentes.
"Nossas vendas têm aumentado muito na região porque esse público é formador de opinião", afirma Denise Pereira, gerente de marketing de canal da Intel Brasil. "Educando-os, conseguimos multiplicar o alcance dos nossos produtos."
A crítica feita pela Intel à concorrência, que teria crescido graças à informalidade do mercado, não se aplicaria ao caso, de acordo com Pereira. Os montadores atendidos pela Intel comprariam por meio de canais autorizados e recolheriam impostos, segundo ele.

Mais barato
De todo modo, essa é apenas uma das estratégias da Intel para continuar crescendo no Brasil. Outra é avançar ainda mais em áreas de processadores mais baratos, que dominam com folga o mercado nacional. "Aprendemos com a crise que vivemos, dois anos atrás, que não é possível ignorar o consumidor", diz Pearson.
Ele refere-se ao fato de a Intel ter perdido a liderança absoluta que mantinha em todo o mundo para a concorrente AMD. "No passado, mirávamos apenas a venda de processadores mais caros", afirma Pearson. "Deixamos buracos para a concorrência atacar, mas agora oferecemos produtos de todos os preços e capacidades."
Segundo ele, a empresa deverá enfrentar ataques mais fortes da AMD nos próximos meses em diversos países, Brasil inclusive. Uma das razões seria o fato de a AMD ter registrado prejuízo de US$ 500 milhões no primeiro trimestre do ano. A Intel teve lucro de US$ 1,6 bilhão, para faturamento de US$ 8,9 bilhões. A AMD não respondeu a pedido de entrevista.


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