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Para crescer mais, Intel avança na Santa Ifigênia
Empresa de chips coloca time na região dos piratas
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Vamos chegar aos 90% (de
participação de mercado)?",
provocou Greg Pearson, presidente da Intel Americas, ontem, num café da manhã com
funcionários no Brasil. Reunidos para comemorar os 20 anos
da fabricante de processadores
no Brasil, alguns caíram na gargalhada. Eles, no entanto, sabem que a intenção é séria.
Depois de conseguir fazer
com que a fatia de mercado da
Intel no Brasil saltasse de 60%
para 80%, em 2006, segundo a
consultoria IDC, a meta agora é
crescer mais.
Para isso, vale qualquer esforço, até mesmo confraternizar com o inimigo. Leia-se, no
caso, os montadores de computador que, até pouco tempo
atrás preferiam os chips da
concorrência para fazer PCs
baratos no mercado informal.
Com a diminuição da pirataria, que passou de 76% das vendas totais de computadores no
Brasil, em 2005, para para 51%,
no ano passado, os montadores
têm agora buscado fazer PCs
mais caros.
Entre eles, estão, por exemplo, os feitos para jogadores de
videogame, que exigem grande
capacidade de processamento
-e chips mais caros. É exatamente esse público que a Intel
quer mirar.
Para alcançá-lo, a empresa
resolveu aumentar sua presença na rua Santa Ifigênia, centro
de São Paulo. Há algumas semanas, a Intel mantém uma
equipe rodando lojas e revendas na região, conhecida por
ser o lugar onde montadores se
alimentam de componentes.
"Nossas vendas têm aumentado muito na região porque esse público é formador de opinião", afirma Denise Pereira,
gerente de marketing de canal
da Intel Brasil. "Educando-os,
conseguimos multiplicar o alcance dos nossos produtos."
A crítica feita pela Intel à
concorrência, que teria crescido graças à informalidade do
mercado, não se aplicaria ao caso, de acordo com Pereira. Os
montadores atendidos pela Intel comprariam por meio de canais autorizados e recolheriam
impostos, segundo ele.
Mais barato
De todo modo, essa é apenas
uma das estratégias da Intel para continuar crescendo no Brasil. Outra é avançar ainda mais
em áreas de processadores
mais baratos, que dominam
com folga o mercado nacional.
"Aprendemos com a crise que
vivemos, dois anos atrás, que
não é possível ignorar o consumidor", diz Pearson.
Ele refere-se ao fato de a Intel ter perdido a liderança absoluta que mantinha em todo o
mundo para a concorrente
AMD. "No passado, mirávamos
apenas a venda de processadores mais caros", afirma Pearson. "Deixamos buracos para a
concorrência atacar, mas agora
oferecemos produtos de todos
os preços e capacidades."
Segundo ele, a empresa deverá enfrentar ataques mais fortes da AMD nos próximos meses em diversos países, Brasil
inclusive. Uma das razões seria
o fato de a AMD ter registrado
prejuízo de US$ 500 milhões
no primeiro trimestre do ano. A
Intel teve lucro de US$ 1,6 bilhão, para faturamento de US$
8,9 bilhões. A AMD não respondeu a pedido de entrevista.
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