São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2007

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Toyota supera GM e vira líder em vendas

Montadora japonesa comercializa 2,35 milhões de carros e caminhões no 1º trimestre e interrompe domínio mundial americano

Disputa maior é agora o mercado chinês, dominado por Volks e GM; analistas já vêem japoneses na liderança nos próximos anos


KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES", EM HONG KONG

A Toyota vendeu mais carros e caminhões do que qualquer outra montadora do mundo no primeiro trimestre de 2007 e, pela primeira vez, superou a General Motors, pondo fim a um dos mais longos períodos de domínio da indústria.
A Toyota anunciou ontem que suas vendas mundiais de veículos atingiram 2,35 milhões de carros e caminhões no primeiro trimestre; a GM havia anunciado 2,26 milhões de unidades vendidas no período.
A ascensão da Toyota, que muitos observadores do setor já previam havia algum tempo, é um novo marco no longo declínio da indústria americana, que já dominou o mundo.
A GM ultrapassou a Ford em 1931 no imenso mercado de automóveis dos EUA e também em vendas internacionais e, nas mais de sete décadas que se sucederam, não ficou para trás.
Mas, a partir da metade dos anos 60, uma combinação de desatenção quanto à qualidade, relações trabalhistas desgastadas, decisões regulatórias adversas e lentidão em reconhecer o potencial dos carros pequenos erodiu sua vantagem aparentemente insuperável.
Emergindo das cinzas da derrota japonesa na Segunda Guerra, em parte graças à assistência dos EUA na Guerra da Coréia, a Toyota se estabeleceu como referência setorial de qualidade e confiabilidade nos anos 70 e 80 e constrói reputação de liderança tecnológica, em especial devido ao Prius e a outros carros híbridos.
A Toyota assumiu a liderança mundial no primeiro trimestre ampliando suas vendas em todos os mercados importantes.
A GM conquistou mercado na China, mas enfrenta dificuldades nos EUA e na Europa e jamais conseguiu firmar posição no mercado japonês. Porta-vozes da GM e da Toyota pareciam igualmente relutantes, ontem, em retratar suas empresas como participantes de uma corrida pela liderança do mercado mundial. A GM vem tentando enfatizar seu futuro como montadora internacional -três quintos de suas vendas se dão fora dos EUA- e não invocar a grandeza de seu passado vitorioso. "Estamos concentrados em oferecer os melhores carros e caminhões a nossos clientes", disse John McDonald, porta-voz da GM. A Toyota vem tentando desviar as atenções, e muitas vezes críticas, parte indissociável da liderança em um setor de visibilidade mundial tão elevada. A empresa muitas vezes se viu mencionada nominalmente como possível alvo de sanções comerciais de parte dos EUA e da Europa, o que a torna cautelosa quanto a ser vista como grande ou agressiva demais.
"Observamos os resultados simplesmente como reflexo da visão favorável quanto aos nossos produtos em todo o mundo", disse Paul Nolasco, porta-voz da empresa em Tóquio. Os analistas do setor foram menos reticentes. É um "momento histórico" para a Toyota, disse Benjamin Asher, da Automotive Resources Asia. "Todo mundo antecipava [a primeira posição da Toyota]. A questão era determinar quando."
Yale Zhang, diretor de previsões sobre o mercado chinês de veículos na consultoria automobilística CSM Worldwide, disse que, embora no momento a Toyota estivesse atrás da Volkswagen e da GM na China, que atravessa rápida expansão, a montadora japonesa está a caminho de conquistar a liderança também lá, em 2013.
A Toyota demorou a ingressar em determinados segmentos do mercado chinês porque funcionários do governo local hesitavam em conceder licenças para a construção de fábricas da empresa no país, nos anos 90, devido às décadas de tensão e rivalidade entre China e Japão. Mas a empresa agora se expande rapidamente.
A General Motors dominou o setor automobilístico por tanto tempo que os estatísticos do setor tiveram dificuldades para descobrir quando foi o último trimestre em que outra montadora de automóveis a superou em termos de vendas. Comparar as vendas de montadoras com base em períodos inferiores a um ano é um fenômeno relativamente recente.
A Ford abriu sua primeira fábrica fora da América do Norte em 1911, na Inglaterra, enquanto a GM começou a se expandir agressivamente no mercado europeu nos anos 20. Mas evitavam mencionar números mundiais de vendas até recentemente e anunciavam resultados mensais e trimestrais de vendas separadamente.
Isso mudou quando a internet propiciou melhoria das comunicações e depois que as montadoras forçaram as operações dispersas pelo mundo a trabalhar em colaboração mais estreita. A Ford superou brevemente a GM no mercado norte-americano em julho de 1998, quando uma greve de oito semanas em duas fábricas da GM em Michigan fez com que a empresa fechasse quase todas as suas linhas de montagem na América do Norte.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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