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Toyota supera GM e vira líder em vendas
Montadora japonesa comercializa 2,35 milhões de carros e caminhões no 1º trimestre e interrompe domínio mundial americano
Disputa maior é agora o mercado chinês, dominado por Volks e GM; analistas
já vêem japoneses na liderança nos próximos anos
KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES", EM HONG KONG
A Toyota vendeu mais carros
e caminhões do que qualquer
outra montadora do mundo no
primeiro trimestre de 2007 e,
pela primeira vez, superou a
General Motors, pondo fim a
um dos mais longos períodos
de domínio da indústria.
A Toyota anunciou ontem
que suas vendas mundiais de
veículos atingiram 2,35 milhões de carros e caminhões no
primeiro trimestre; a GM havia
anunciado 2,26 milhões de unidades vendidas no período.
A ascensão da Toyota, que
muitos observadores do setor
já previam havia algum tempo,
é um novo marco no longo declínio da indústria americana,
que já dominou o mundo.
A GM ultrapassou a Ford em
1931 no imenso mercado de automóveis dos EUA e também
em vendas internacionais e,
nas mais de sete décadas que se
sucederam, não ficou para trás.
Mas, a partir da metade dos
anos 60, uma combinação de
desatenção quanto à qualidade,
relações trabalhistas desgastadas, decisões regulatórias adversas e lentidão em reconhecer o potencial dos carros pequenos erodiu sua vantagem
aparentemente insuperável.
Emergindo das cinzas da derrota japonesa na Segunda
Guerra, em parte graças à assistência dos EUA na Guerra da
Coréia, a Toyota se estabeleceu
como referência setorial de
qualidade e confiabilidade nos
anos 70 e 80 e constrói reputação de liderança tecnológica,
em especial devido ao Prius e a
outros carros híbridos.
A Toyota assumiu a liderança
mundial no primeiro trimestre
ampliando suas vendas em todos os mercados importantes.
A GM conquistou mercado na
China, mas enfrenta dificuldades nos EUA e na Europa e jamais conseguiu firmar posição
no mercado japonês.
Porta-vozes da GM e da Toyota pareciam igualmente relutantes, ontem, em retratar suas
empresas como participantes
de uma corrida pela liderança
do mercado mundial. A GM
vem tentando enfatizar seu futuro como montadora internacional -três quintos de suas
vendas se dão fora dos EUA- e
não invocar a grandeza de seu
passado vitorioso. "Estamos
concentrados em oferecer os
melhores carros e caminhões a
nossos clientes", disse John
McDonald, porta-voz da GM. A
Toyota vem tentando desviar
as atenções, e muitas vezes críticas, parte indissociável da liderança em um setor de visibilidade mundial tão elevada. A
empresa muitas vezes se viu
mencionada nominalmente
como possível alvo de sanções
comerciais de parte dos EUA e
da Europa, o que a torna cautelosa quanto a ser vista como
grande ou agressiva demais.
"Observamos os resultados
simplesmente como reflexo da
visão favorável quanto aos nossos produtos em todo o mundo", disse Paul Nolasco, porta-voz da empresa em Tóquio. Os
analistas do setor foram menos
reticentes. É um "momento
histórico" para a Toyota, disse
Benjamin Asher, da Automotive Resources Asia. "Todo mundo antecipava [a primeira posição da Toyota]. A questão era
determinar quando."
Yale Zhang, diretor de previsões sobre o mercado chinês de
veículos na consultoria automobilística CSM Worldwide,
disse que, embora no momento
a Toyota estivesse atrás da
Volkswagen e da GM na China,
que atravessa rápida expansão,
a montadora japonesa está a
caminho de conquistar a liderança também lá, em 2013.
A Toyota demorou a ingressar em determinados segmentos do mercado chinês porque
funcionários do governo local
hesitavam em conceder licenças para a construção de fábricas da empresa no país, nos
anos 90, devido às décadas de
tensão e rivalidade entre China
e Japão. Mas a empresa agora
se expande rapidamente.
A General Motors dominou o
setor automobilístico por tanto
tempo que os estatísticos do setor tiveram dificuldades para
descobrir quando foi o último
trimestre em que outra montadora de automóveis a superou
em termos de vendas. Comparar as vendas de montadoras
com base em períodos inferiores a um ano é um fenômeno
relativamente recente.
A Ford abriu sua primeira fábrica fora da América do Norte
em 1911, na Inglaterra, enquanto a GM começou a se expandir
agressivamente no mercado
europeu nos anos 20. Mas evitavam mencionar números
mundiais de vendas até recentemente e anunciavam resultados mensais e trimestrais de
vendas separadamente.
Isso mudou quando a internet propiciou melhoria das comunicações e depois que as
montadoras forçaram as operações dispersas pelo mundo a
trabalhar em colaboração mais
estreita. A Ford superou brevemente a GM no mercado norte-americano em julho de 1998,
quando uma greve de oito semanas em duas fábricas da GM
em Michigan fez com que a empresa fechasse quase todas as
suas linhas de montagem na
América do Norte.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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