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Entrega "expressa" dos Correios leva até 3 dias
Sedex atrasa mais que um dia em 35% dos percursos entre capitais; estatal aponta dificuldade em contratar empresas aéreas
Correios afirmam que problema só seria sanado com edição de MP que permitisse contratação de mais companhias aéreas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os Correios não conseguem
entregar Sedex de um dia para
o outro em 285 percursos (35%
do total) ligando capitais de todas as regiões país. Em 19 delas,
o prazo para entrega da encomenda expressa é de três dias a
contar da postagem.
A estatal avalia que só conseguirá resolver o problema de
forma definitiva com a edição
de uma medida provisória que
mudará a forma de contratação
das empresas aéreas responsáveis pela Rede Postal Noturna
-serviço que custa R$ 400 milhões por ano aos Correios.
Apesar da quantidade de percursos envolvidos, o volume total do tráfego que não chega de
um dia para o outro ao seu destino é pequeno, segundo a estatal: 3,2% do total de aproximadamente 214 mil encomendas
enviadas por dia.
Os problemas começaram
em outubro, quando as empresas aéreas responsáveis pela
maior parte do transporte das
encomendas começaram a
apresentar problemas.
Algumas aeronaves da Total
foram impedidas de voar pela
Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil). A TAF, outra
cargueira, teve problemas mais
sérios e parou de operar transporte de carga para os Correios
em fevereiro. Juntas, as empresas têm mais de 90% das rotas
da Rede Postal Noturna (RPN).
Sem as empresas, os Correios
começaram a ter de lutar por
espaço no que se chama de
"barriga" (área destinada à carga) dos aviões que fazem rota
de transporte de passageiros.
Esse espaço, porém, nem sempre está disponível. Uma parte
das encomendas que era destinada ao transporte aéreo passou ao terrestre (caminhões).
Modelo
De acordo com o presidente
da estatal, Carlos Henrique
Custódio, a empresa está contratando serviços de outras empresas aéreas para resolver o
problema e a situação da Total
está se normalizando. Isso deve
resolver o problema nas próximas semanas, diz a estatal.
"No atual modelo, as empresas aéreas só conseguem operar com aviões velhos. Alguns
da Total, por exemplo, foram
proibidos de voar porque faziam muito barulho", disse.
O executivo afirmou que as
empresas não conseguem comprar ou fazer leasing de aviões
modernos porque os contratos
com os Correios são de, no máximo, seis anos. Além disso, os
aviões transportam carga à noite, mas ficam parados o dia inteiro, sem gerar receita.
Para conseguir financiamento que permita o uso de aviões
melhores, seria necessário mudar o modelo. Hoje, os Correios
contratam as empresas aéreas
com base na Lei de Licitações
(lei nº 8.666/93). Com a edição
de uma medida provisória, a
empresa poderia fazer uma
PPP (Parceria Público-Privada) ou montar uma empresa
aérea com outra companhia.
"Dessa forma, haveria aviões
mais modernos, econômicos e
que poderiam ser usados também durante o dia, para outros
tipos de serviço, o que aumentaria a rentabilidade", afirma
Custódio.
Consumidor
Roberto Campos, diretor de
atendimento do Procon-SP,
afirma que os Correios precisam informar aos usuários do
Sedex, antes da postagem, os
prazos que vão levar para entregar a encomenda. "Se a empresa está com problema para
ofertar o que o consumidor espera do produto, tem que informar de forma ostensiva", disse.
Ele afirmou que, caso o consumidor não tenha sido avisado
antes da postagem e sua encomenda tenha levado mais tempo do que o esperado para chegar, ele tem direito à restituição
ou ao abatimento proporcional
no preço. "Nesse caso, há vício
na prestação do serviço", disse.
Mesmo antes do problema
com a Rede Postal Noturna, os
Correios só garantiam a entrega do Sedex normal em 24 horas entre capitais de Estado e
do Distrito Federal.
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