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BOLA DE CRISTAL
Robert Rubin, do Tesouro, nega conversação formal entre os países
Adoção do dólar na Argentina não é levada a sério pelos EUA
MARCIO AITH
de Washington
Nenhuma autoridade norte-americana vê como uma possibilidade séria a dolarização unilateral e imediata da economia
argentina -processo por meio
do qual o país adotaria o dólar
como meio de circulação em vez
de sua própria moeda sem negociar com o governo dos EUA.
A idéia ganhou destaque dentro da Argentina devido às pressões sofridas pela economia do
país na última semana.
No plano externo, ela aumentou ainda mais a total contradição entre o que dizem as autoridades norte-americanas e argentinas sobre o assunto.
Ontem, o secretário do Tesouro dos EUA, Robert Rubin, disse
que não existe nenhuma negociação formal entre os dois países para dolarizar a economia
argentina e que não há nenhuma
razão para acreditar no fim do
sistema atual no país, o "currency board".
Na sexta-feira, o ministro da
Economia da Argentina, Roque
Fernández, havia dito que existem conversas formais entre os
dois países para planejar a dolarização do país e que o novo sistema poderia ser implantado já
em 2001.
No domingo, o vice-ministro
da Economia, Pablo Guidotti,
afirmou que, se o país sofrer um
ataque especulativo, poderia implantar a dolarização unilateralmente.
Segundo Guidotti, os EUA admitiram que a Argentina tem o
poder de fazer isso. Mas ele se referia, na verdade, a declarações
recentes um pouco diferentes.
A primeira autoridade norte-americana a dizer que, em tese,
países podem dolarizar unilateralmente suas economias foi o
presidente do Fed (o banco central norte-americano), Alan
Greenspan.
Num depoimento ao Senado
norte-americano no mês passado, Greenspan disse que, embora não precisem da autorização
formal dos EUA para adotar a
dolarização, os países interessados teriam necessariamente que
consultar o governo norte-americano. "Afinal de contas, somos
nós que emitimos o dólar", disse
ele.
Greenspan disse ainda que não
mexeria nas taxas de juros de
seu país para aliviar crises em
economias que trocarem sua
moeda pelo dólar. Em suma, os
EUA não seriam "paternalistas"
com os países dolarizados.
Greenspan não foi detalhista
em suas ressalvas e deixou de fora problemas práticos interessantes, como, por exemplo, a
duração média de uma nota de
US$ 10, calculada em um ano.
Naquela ocasião, Greenspan e
o secretário-adjunto do Tesouro, Lawrence Summers, também
listaram vantagens da medida
-entre as quais promover estabilidade na região e reduzir os
riscos de companhias norte-americanas que investem em
países dolarizados.
No entanto, os riscos e condições que os dois apontaram foram inequivocamente maiores
que as vantagens.
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