São Paulo, Terça-feira, 25 de Maio de 1999
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AUTOMÓVEIS
Alíquota iria subindo até chegar ao nível normal existente antes do acordo do setor
Montadoras discutem com governo alta gradual do IPI

DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília

As montadoras estão dispostas a aceitar uma segunda fórmula de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os automóveis. Se aprovada, essa fórmula permitirá o aumento gradual das alíquotas reduzidas no período de 90 dias, até o nível normal.
A opção será aceita pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) somente se o governo concordar com o reajuste, também gradual, dos preços dos automóveis nos 90 dias, conforme explicou à Folha José Carlos Pinheiro Neto, presidente da entidade.
"Claro que damos preferência à manutenção das alíquotas reduzidas do IPI durante os 90 dias do acordo", afirmou Pinheiro Neto. "Mas também aceitamos o reajuste paulatino, desde que possamos aumentar os preços", completou.
As duas hipóteses serão debatidas hoje, em São Paulo, entre os representantes da Anfavea, das revendedoras e das empresas de autopeças, os líderes dos sindicatos dos metalúrgicos e os negociadores do governo federal e dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais.
O incentivo fiscal foi concedido pelo governo às montadoras em março e abril. No último dia 17 de maio, acabou estendido até amanhã. A expectativa da Anfavea é obter na reunião de hoje uma nova prorrogação do acordo por 90 dias.
Ao longo desse período, a entidade pretende levar a cabo as negociações de acordos considerados definitivos, como o que prevê a renovação da frota de veículos.
O incentivo fiscal compreende a redução do IPI dos carros populares de 10% para 5%. Os automóveis de médio porte, que têm alíquotas de 25% e 30%, pagariam 17%. Para os modelos de luxo, o percentual continuaria em 35%.
Segundo Pinheiro Neto, a entidade espera hoje a confirmação do compromisso do governo de São Paulo de estender por mais 90 dias a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 12% para 9%, adotada em março e válida até amanhã.
Ele acrescentou que conseguiu o compromisso do governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, de também diminuir o ICMS durante reunião na semana passada. Disse ainda que pretende conversar na próxima semana com o governador do Paraná, Jaime Lerner, sobre o mesmo tema.
Segundo Pinheiro Neto, a redução do IPI terá como contrapartida da Anfavea o compromisso da manutenção do atual nível de emprego por 120 dias, 30 a mais que o prazo da prorrogação.
Do lado do governo, o acordo depende da avaliação final dos balanços das montadoras, a ser entregue hoje por uma auditoria privada ao Ministério do Desenvolvimento. Com a redução do IPI, o lucro de cada montadora não pode ter sido maior que 17% do seu patrimônio líquido.

Emprego
A negociação sobre garantia de emprego entre sindicatos e montadoras estava emperrada desde a última semana, mas parece caminhar para uma solução.
Os sindicalistas queriam garantir o emprego dos cerca de 1.900 trabalhadores que estão hoje em regime de suspensão temporária do contrato de trabalho. As montadoras, entretanto, não aceitavam.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, quase todos os afastados são funcionários da Ford e haverá uma negociação separada com a empresa para não atrapalhar o acordo do setor.



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