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AUTOMÓVEIS
Alíquota iria subindo até chegar ao nível normal existente antes do acordo do setor
Montadoras discutem com governo alta gradual do IPI
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
As montadoras estão dispostas a
aceitar uma segunda fórmula de
redução do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) para os
automóveis. Se aprovada, essa fórmula permitirá o aumento gradual
das alíquotas reduzidas no período
de 90 dias, até o nível normal.
A opção será aceita pela Anfavea
(Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores)
somente se o governo concordar
com o reajuste, também gradual,
dos preços dos automóveis nos 90
dias, conforme explicou à Folha
José Carlos Pinheiro Neto, presidente da entidade.
"Claro que damos preferência à
manutenção das alíquotas reduzidas do IPI durante os 90 dias do
acordo", afirmou Pinheiro Neto.
"Mas também aceitamos o reajuste
paulatino, desde que possamos aumentar os preços", completou.
As duas hipóteses serão debatidas hoje, em São Paulo, entre os representantes da Anfavea, das revendedoras e das empresas de autopeças, os líderes dos sindicatos
dos metalúrgicos e os negociadores do governo federal e dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Paraná e Minas Gerais.
O incentivo fiscal foi concedido
pelo governo às montadoras em
março e abril. No último dia 17 de
maio, acabou estendido até amanhã. A expectativa da Anfavea é
obter na reunião de hoje uma nova
prorrogação do acordo por 90
dias.
Ao longo desse período, a entidade pretende levar a cabo as negociações de acordos considerados
definitivos, como o que prevê a renovação da frota de veículos.
O incentivo fiscal compreende a
redução do IPI dos carros populares de 10% para 5%. Os automóveis
de médio porte, que têm alíquotas
de 25% e 30%, pagariam 17%. Para
os modelos de luxo, o percentual
continuaria em 35%.
Segundo Pinheiro Neto, a entidade espera hoje a confirmação do
compromisso do governo de São
Paulo de estender por mais 90 dias
a redução do ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços) de 12% para 9%, adotada em
março e válida até amanhã.
Ele acrescentou que conseguiu o
compromisso do governador do
Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, de também diminuir o ICMS
durante reunião na semana passada. Disse ainda que pretende conversar na próxima semana com o
governador do Paraná, Jaime Lerner, sobre o mesmo tema.
Segundo Pinheiro Neto, a redução do IPI terá como contrapartida
da Anfavea o compromisso da manutenção do atual nível de emprego por 120 dias, 30 a mais que o
prazo da prorrogação.
Do lado do governo, o acordo depende da avaliação final dos balanços das montadoras, a ser entregue
hoje por uma auditoria privada ao
Ministério do Desenvolvimento.
Com a redução do IPI, o lucro de
cada montadora não pode ter sido
maior que 17% do seu patrimônio
líquido.
Emprego
A negociação sobre garantia de
emprego entre sindicatos e montadoras estava emperrada desde a última semana, mas parece caminhar para uma solução.
Os sindicalistas queriam garantir
o emprego dos cerca de 1.900 trabalhadores que estão hoje em regime de suspensão temporária do
contrato de trabalho. As montadoras, entretanto, não aceitavam.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
Luiz Marinho, quase todos os afastados são funcionários da Ford e
haverá uma negociação separada
com a empresa para não atrapalhar o acordo do setor.
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