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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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Palocci destaca confirmação, e Mantega ressalta flexibilidade

Ministros não se entendem sobre nova meta de inflação

SÍLVIA MUGNATTO
MARTA SALOMON

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O efeito do ajuste na meta de inflação, acertado desde a véspera com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provocou divergências entre os dois principais ministros da área econômica depois da reunião de ontem do Conselho Monetário Nacional.
Enquanto Antonio Palocci Filho (Fazenda) destacava a intenção de perseguir o núcleo da meta para 2004, de 5,5%, Guido Mantega (Planejamento) insistia em que a decisão de ontem abre caminho para uma queda maior da taxa básica de juros da economia, hoje em 26% ao ano.
Para Mantega, o espaço existe porque o mercado já sinaliza uma inflação inferior ao teto da banda fixado para 2004. "A decisão abre a perspectiva para a queda maior das taxas de juros daqui para a frente", disse Mantega à noite.
Mais cedo, ele ponderou: "O CMN [Conselho Monetário Nacional] adotou os 5,5% como centro. Temos que centrar no centro, mas tem a flexibilidade de chegar a 8%".
Palocci, por sua vez, explicou que a meta de 5,5% estava sendo confirmada: "Não estamos divulgando uma nova meta, nós ajustamos a meta no início deste ano".
Para o ministro da Fazenda, a banda de 2,5 pontos percentuais não oferece perspectivas de uma redução mais acentuada das taxas de juros. "Esse intervalo não é para dar um espaço maior para a política monetária. O Banco Central vai continuar comprometido em perseguir a meta central de 5,5%. O intervalo é para acomodar eventuais choques."
A decisão de ontem foi consequência de uma série de reuniões convocadas por Lula desde a semana passada. Estava em pauta a necessidade de sinalizar a retomada do crescimento e conter o custo recessivo dos juros altos e dos cortes de gastos públicos.
Coube à Lula administrar as pressões pela queda mais rápida dos juros. A decisão já estava tomada antes mesmo do início da reunião do CMN e, por isso, não chegou a haver debate sobre os números ontem. As metas foram aprovadas por unanimidade.
A questão dos juros envolveu também o papel dos bancos públicos. Apesar de declarações seguidas de Lula, Mantega e do ministro José Dirceu (Casa Civil) sobre a necessidade de essas instituições puxarem a redução do "spread" bancário (diferença entre a taxa de juros básica e a taxa cobrada pelos bancos de seus clientes), a equipe de Palocci negava que os bancos estatais pudessem pôr em risco sua rentabilidade. Hoje a CEF e o Banco do Brasil devem anunciar novas linhas de crédito mais baratas.


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