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Palocci destaca confirmação, e Mantega ressalta flexibilidade
Ministros não se entendem sobre nova meta de inflação
SÍLVIA MUGNATTO
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O efeito do ajuste na meta de inflação, acertado desde a véspera
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, provocou divergências
entre os dois principais ministros
da área econômica depois da reunião de ontem do Conselho Monetário Nacional.
Enquanto Antonio Palocci Filho (Fazenda) destacava a intenção de perseguir o núcleo da meta
para 2004, de 5,5%, Guido Mantega (Planejamento) insistia em que
a decisão de ontem abre caminho
para uma queda maior da taxa básica de juros da economia, hoje
em 26% ao ano.
Para Mantega, o espaço existe
porque o mercado já sinaliza uma
inflação inferior ao teto da banda
fixado para 2004. "A decisão abre
a perspectiva para a queda maior
das taxas de juros daqui para a
frente", disse Mantega à noite.
Mais cedo, ele ponderou: "O
CMN [Conselho Monetário Nacional] adotou os 5,5% como centro. Temos que centrar no centro,
mas tem a flexibilidade de chegar
a 8%".
Palocci, por sua vez, explicou
que a meta de 5,5% estava sendo
confirmada: "Não estamos divulgando uma nova meta, nós ajustamos a meta no início deste ano".
Para o ministro da Fazenda, a
banda de 2,5 pontos percentuais
não oferece perspectivas de uma
redução mais acentuada das taxas
de juros. "Esse intervalo não é para dar um espaço maior para a política monetária. O Banco Central
vai continuar comprometido em
perseguir a meta central de 5,5%.
O intervalo é para acomodar
eventuais choques."
A decisão de ontem foi consequência de uma série de reuniões
convocadas por Lula desde a semana passada. Estava em pauta a
necessidade de sinalizar a retomada do crescimento e conter o custo recessivo dos juros altos e dos
cortes de gastos públicos.
Coube à Lula administrar as
pressões pela queda mais rápida
dos juros. A decisão já estava tomada antes mesmo do início da
reunião do CMN e, por isso, não
chegou a haver debate sobre os
números ontem. As metas foram
aprovadas por unanimidade.
A questão dos juros envolveu
também o papel dos bancos públicos. Apesar de declarações seguidas de Lula, Mantega e do ministro José Dirceu (Casa Civil) sobre a necessidade de essas instituições puxarem a redução do
"spread" bancário (diferença entre a taxa de juros básica e a taxa
cobrada pelos bancos de seus
clientes), a equipe de Palocci negava que os bancos estatais pudessem pôr em risco sua rentabilidade. Hoje a CEF e o Banco do
Brasil devem anunciar novas linhas de crédito mais baratas.
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