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ANO DO DRAGÃO
Queda da gasolina derruba inflação calculada na metade do mês, que vai a 0,22%, ante 0,85% em maio
IPCA-15 de junho é o menor desde 2000
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPCA-15 (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo-15) registrou
inflação de 0,22% em junho, contra 0,85% em maio, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a menor taxa desde novembro de 2000,
quando o índice ficou em 0,17%.
Segundo especialistas ouvidos
pela Folha, o índice ficou abaixo
das previsões (em torno de
0,30%) por três motivos: a redução dos preços administrados
-especialmente dos combustíveis-, o impacto positivo da
queda do dólar sobre os alimentos e o enfraquecimento do mercado interno de consumo.
O IPCA-15 serve como uma espécie de prévia do IPCA, índice
oficial do governo e referência para as metas de inflação. Os dois
usam a mesma metodologia -só
muda o período da coleta. No caso do IPCA-15, a pesquisa é feita a
partir da segunda quinzena do
mês anterior ao de referência.
A partir do resultado do IPCA-15, especialistas esperam uma forte desaceleração do IPCA em julho: o índice deve ficar entre
0,15% e 0,25%, bem abaixo dos
0,61% de maio.
A principal razão para a queda
do IPCA-15 foram os preços administrados. Segundo cálculos da
economista Marcela Prada, da
Tendências, essa categoria passou
de uma alta de 0,81% no IPCA de
maio para uma deflação de 0,35%
no IPCA-15 de junho.
É que em junho não houve reajuste de energia e a gasolina e o álcool intensificaram o ritmo de
baixa. No IPCA-15, a gasolina caiu
4,36%. O álcool, 7,19%. Em maio,
o aumento da energia (6,45%) foi
o que mais pressionou o IPCA.
"O IPCA-15 refletiu o alívio de
custos por causa da queda do dólar e dos combustíveis", disse Luiz
Suzigam, da consultoria LCA. Ele
afirmou ainda que a fraca demanda também conteve a inflação.
Sob influência de um dólar mais
baixo, os preços dos alimentos no
IPCA-15 passaram de uma alta de
0,64% em maio para 0,30% em junho. Os destaques de queda foram hortaliças, frutas, peixes, óleo
de soja e açúcar, entre outros.
Para Carlos Thadeu de Freitas
Filho, da UFRJ, a trajetória da inflação é "uma redução contínua"
e as deflações que têm sido registradas no atacado já começam a
chegar ao consumidor.
Para Prada, os preços livres (sujeitos ao efeito dos juros altos como inibidor do consumo) estão
caindo, assim como o núcleo da
inflação. O núcleo por médias
aparadas, que exclui as maiores e
as menores variações de preço,
cedeu de 0,64% no IPCA de maio
para 0,51% no IPCA-15 de junho.
Essas constatações, diz Prada,
levarão o BC a reduzir os juros básicos da economia com mais força
no próximo mês. Ela espera um
corte de um ponto percentual na
Selic em julho -hoje, a taxa está
em 26% ao ano. Freitas Filho também crê num corte de um ponto.
Com os dados divulgados ontem, o IPCA-15 soma alta de
7,75% no primeiro semestre.
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