UOL


São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANO DO DRAGÃO

Queda da gasolina derruba inflação calculada na metade do mês, que vai a 0,22%, ante 0,85% em maio

IPCA-15 de junho é o menor desde 2000

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) registrou inflação de 0,22% em junho, contra 0,85% em maio, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a menor taxa desde novembro de 2000, quando o índice ficou em 0,17%.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o índice ficou abaixo das previsões (em torno de 0,30%) por três motivos: a redução dos preços administrados -especialmente dos combustíveis-, o impacto positivo da queda do dólar sobre os alimentos e o enfraquecimento do mercado interno de consumo.
O IPCA-15 serve como uma espécie de prévia do IPCA, índice oficial do governo e referência para as metas de inflação. Os dois usam a mesma metodologia -só muda o período da coleta. No caso do IPCA-15, a pesquisa é feita a partir da segunda quinzena do mês anterior ao de referência.
A partir do resultado do IPCA-15, especialistas esperam uma forte desaceleração do IPCA em julho: o índice deve ficar entre 0,15% e 0,25%, bem abaixo dos 0,61% de maio.
A principal razão para a queda do IPCA-15 foram os preços administrados. Segundo cálculos da economista Marcela Prada, da Tendências, essa categoria passou de uma alta de 0,81% no IPCA de maio para uma deflação de 0,35% no IPCA-15 de junho.
É que em junho não houve reajuste de energia e a gasolina e o álcool intensificaram o ritmo de baixa. No IPCA-15, a gasolina caiu 4,36%. O álcool, 7,19%. Em maio, o aumento da energia (6,45%) foi o que mais pressionou o IPCA.
"O IPCA-15 refletiu o alívio de custos por causa da queda do dólar e dos combustíveis", disse Luiz Suzigam, da consultoria LCA. Ele afirmou ainda que a fraca demanda também conteve a inflação.
Sob influência de um dólar mais baixo, os preços dos alimentos no IPCA-15 passaram de uma alta de 0,64% em maio para 0,30% em junho. Os destaques de queda foram hortaliças, frutas, peixes, óleo de soja e açúcar, entre outros.
Para Carlos Thadeu de Freitas Filho, da UFRJ, a trajetória da inflação é "uma redução contínua" e as deflações que têm sido registradas no atacado já começam a chegar ao consumidor.
Para Prada, os preços livres (sujeitos ao efeito dos juros altos como inibidor do consumo) estão caindo, assim como o núcleo da inflação. O núcleo por médias aparadas, que exclui as maiores e as menores variações de preço, cedeu de 0,64% no IPCA de maio para 0,51% no IPCA-15 de junho.
Essas constatações, diz Prada, levarão o BC a reduzir os juros básicos da economia com mais força no próximo mês. Ela espera um corte de um ponto percentual na Selic em julho -hoje, a taxa está em 26% ao ano. Freitas Filho também crê num corte de um ponto.
Com os dados divulgados ontem, o IPCA-15 soma alta de 7,75% no primeiro semestre.


Texto Anterior: Internet: UOL registra prejuízo de R$ 52,2 mi
Próximo Texto: Polêmica: Dirceu ameaça produtor de soja transgênica
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.