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TRABALHO
Centrais sindicais vão cobrar posição do governador na crise dos institutos que calculam a taxa de desemprego de SP
Disputa entre Seade e Dieese vai a Alckmin
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis centrais sindicais vão cobrar hoje do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, uma posição sobre a crise
entre o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Sócio-Econômicos) e a Fundação
Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). A disputa foi motivada por desentendimentos na
forma de divulgar os índices de
desemprego calculados pelas
duas instituições desde 1985.
O atual diretor-executivo da
fundação, José Eli da Veiga, defende o rompimento do convênio
que prevê a realização e a divulgação da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) por acreditar
que a taxa de desemprego deveria
ser divulgada de forma diferente
do que vinha sendo feito até agora.
As instituições calculam o desemprego aberto, o desemprego
oculto pelo trabalho precário e o
desemprego oculto pelo desalento (leia abaixo). "Queremos apenas evitar uma soma burra, que é
somar as taxas de desemprego
aberto com o oculto dos dois tipos
e comparar o resultado com a
mesma soma relativa a outros períodos", disse Eli da Veiga.
Ao somar as taxas, o cálculo
conteria "exageros". Em carta
aberta distribuída anteontem por
e-mail, Eli da Veiga disse que "nenhum país soma as três taxas".
Metodologia
Para o coordenador técnico do
Dieese, Sérgio Mendonça, a metodologia é "adequada para medir
os fenômenos do mercado de trabalho de um país como o Brasil".
O Dieese informou que o Ministério do Trabalho da França estaria
interessado na metodologia da
pesquisa e estuda um convênio
com a entidade.
Há cerca de três semanas, Eli da
Veiga criticou a forma utilizada
pelo Dieese para divulgar o resultado da pesquisa e resolveu que a
divulgação seria feita somente pelo Seade. A disputa foi parar no
gabinete do governador Alckmin,
que teria procurado a Secretaria
de Estado de Economia e Planejamento, ao qual a Fundação Seade
é subordinada, para saber o motivo da mudança na forma da divulgação da pesquisa.
A informação que circula entre
técnicos da Fundação Seade e do
Dieese, que preferiram não se
identificar, é que o governador teria dito que não queria "confusão" com a pesquisa. A reportagem enviou e-mails para o secretário estadual do Planejamento,
Andrea Calabi, e para o diretor da
Fundação Seade, para comentar o
assunto, mas não obteve retorno
até o fechamento desta edição.
A divulgação da pesquisa de
maio, prevista inicialmente para
ontem, foi confirmada para amanhã. Até ontem à noite, a informação da Fundação Seade é que a
pesquisa estaria disponível pela
internet a partir das 9h.
"O que está ocorrendo é um
desserviço ao Estado, à sociedade
e ao país ao se criarem obstáculos
para que se saiba a verdade sobre
o desemprego", diz João Vaccari
Neto, diretor da CUT.
Para o secretário-geral da Força
Sindical, João Carlos Gonçalves, o
governador tem de se posicionar
e informar se está de acordo com
a decisão "unilateral de um diretor ou com uma metodologia reconhecida desde 1985".
Além da CUT e da Força Sindical, participam da reunião de hoje
com o governador representantes
de mais quatro centrais sindicais
-CGT (Confederação Geral dos
Trabalhadores), SDS (Social Democracia Sindical), CAT (Central
Autônoma dos Trabalhadores) e
CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).
(MB e CR)
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