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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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TRABALHO

Centrais sindicais vão cobrar posição do governador na crise dos institutos que calculam a taxa de desemprego de SP

Disputa entre Seade e Dieese vai a Alckmin

DA REPORTAGEM LOCAL

Seis centrais sindicais vão cobrar hoje do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, uma posição sobre a crise entre o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) e a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). A disputa foi motivada por desentendimentos na forma de divulgar os índices de desemprego calculados pelas duas instituições desde 1985.
O atual diretor-executivo da fundação, José Eli da Veiga, defende o rompimento do convênio que prevê a realização e a divulgação da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) por acreditar que a taxa de desemprego deveria ser divulgada de forma diferente do que vinha sendo feito até agora.
As instituições calculam o desemprego aberto, o desemprego oculto pelo trabalho precário e o desemprego oculto pelo desalento (leia abaixo). "Queremos apenas evitar uma soma burra, que é somar as taxas de desemprego aberto com o oculto dos dois tipos e comparar o resultado com a mesma soma relativa a outros períodos", disse Eli da Veiga.
Ao somar as taxas, o cálculo conteria "exageros". Em carta aberta distribuída anteontem por e-mail, Eli da Veiga disse que "nenhum país soma as três taxas".

Metodologia
Para o coordenador técnico do Dieese, Sérgio Mendonça, a metodologia é "adequada para medir os fenômenos do mercado de trabalho de um país como o Brasil". O Dieese informou que o Ministério do Trabalho da França estaria interessado na metodologia da pesquisa e estuda um convênio com a entidade.
Há cerca de três semanas, Eli da Veiga criticou a forma utilizada pelo Dieese para divulgar o resultado da pesquisa e resolveu que a divulgação seria feita somente pelo Seade. A disputa foi parar no gabinete do governador Alckmin, que teria procurado a Secretaria de Estado de Economia e Planejamento, ao qual a Fundação Seade é subordinada, para saber o motivo da mudança na forma da divulgação da pesquisa.
A informação que circula entre técnicos da Fundação Seade e do Dieese, que preferiram não se identificar, é que o governador teria dito que não queria "confusão" com a pesquisa. A reportagem enviou e-mails para o secretário estadual do Planejamento, Andrea Calabi, e para o diretor da Fundação Seade, para comentar o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
A divulgação da pesquisa de maio, prevista inicialmente para ontem, foi confirmada para amanhã. Até ontem à noite, a informação da Fundação Seade é que a pesquisa estaria disponível pela internet a partir das 9h.
"O que está ocorrendo é um desserviço ao Estado, à sociedade e ao país ao se criarem obstáculos para que se saiba a verdade sobre o desemprego", diz João Vaccari Neto, diretor da CUT.
Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o governador tem de se posicionar e informar se está de acordo com a decisão "unilateral de um diretor ou com uma metodologia reconhecida desde 1985".
Além da CUT e da Força Sindical, participam da reunião de hoje com o governador representantes de mais quatro centrais sindicais -CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), SDS (Social Democracia Sindical), CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores) e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil). (MB e CR)


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