|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sindicatos afirmam que reajustes
dos salários superaram inflação
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos acordos salariais
negociados no primeiro semestre
deste ano conseguiu repor integralmente as perdas da inflação
medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do
IBGE ou obter ganhos reais. É o
que mostra levantamento feito
pela Folha a partir de informações fornecidas por 27 sindicatos
filiados às duas maiores centrais
do país -CUT e Força Sindical.
A queda de inflação e o aquecimento da economia contribuíram para esse desempenho, avaliam sindicalistas e especialistas
em mercado de trabalho.
Dos 27 acordos fechados por categorias com data-base entre janeiro e maio, 63% (17) obtiveram
reajustes iguais ou acima da variação da inflação calculada pelo
INPC (indicador mais usado nas
negociações salariais) nos 12 meses anteriores a cada data-base.
Destes, 37% conseguiram superar
a inflação, com ganhos reais em
torno de 1%.
Na Força Sindical, dos 14 acordos salariais negociados no primeiro semestre, nove (64,3%)
conseguiram reajustes iguais ou
acima da inflação. O restante,
abaixo da inflação.
Entre as categorias que conseguiram melhor resultados estão
trabalhadores da alimentação e
vigilantes de Guarulhos.
No caso da CUT, de 13 acordos,
oito (ou 61,5%) tiveram reajustes
iguais ou acima da inflação. Os
cinco restantes (38,5%) ficaram
abaixo da inflação. Não foram
considerados nesse cálculo três
acordos fechados que tiveram
reajustes com percentuais que variavam (abaixo ou acima da inflação) -caso dos professores dos
setor privado, guardas de trânsito
e construção civil.
Para José Silvestre, supervisor
técnico do Dieese, a tendência verificada no primeiro semestre é
positiva apesar de a amostra analisada ser pequena. Ele destaca
que, no ano passado, a maioria
dos reajustes negociados no primeiro semestre ficaram abaixo da
inflação e obtiveram o pior resultado desde o Plano Real. Dos 149
acordos firmados de janeiro a junho de 2003, 54% obtiveram reposição abaixo do INPC. Ou seja,
81 acordos não conseguiram nem
sequer zerar a inflação medida
pelo indicador.
O técnico também ressalta que,
em 2003, triplicou o número de
acordos em que os reajustes foram parcelados em até três vezes
-dentre os 27 acordos informados pelas centrais sindicais não foi
verificado parcelamento do reajuste.
"A inflação de dois dígitos fez
com que, no ano passado, os trabalhadores aceitassem o parcelamento para repor as perdas , diz
Silvestre. Em maio de 2003, por
exemplo, a inflação medida pelo
INPC chegou a 20,44%. Em maio
deste ano, foi de 4,99 pelo mesmo
indicador.
Os trabalhadores de setores industriais ligados a atividades exportadoras são os que têm conseguido os melhores reajustes -caso dos trabalhadores nas indústrias de calçados de Franca.
Para o coordenador do Dieese,
Clemente Ganz, as negociações
no primeiro semestre também foram favorecidas pela retomada do
crescimento econômico verificada de forma desigual e pontual.
"Mas ainda não dá para falar em
espetáculo de crescimento dos salários. Estamos longe de recuperar a queda nos rendimentos que
ocorre desde 1997", diz Ganz.
Na avaliação de Francisco Pessoa, economista da consultoria
LCA, é preciso considerar que,
apesar de haver um clima de otimismo, deve ocorrer uma desaceleração no segundo semestre em
conseqüência do cenário externo
-principalmente aumento dos
juros americanos. "Não será tão
forte, mas pode haver um impacto. É preciso, entretanto, analisar
como irá ocorrer em cada setor."
Texto Anterior: Negociação: Trabalhador quer "sinal de retomada" no bolso Próximo Texto: Crime na rede: Venda de e-mails acaba em prisão nos EUA Índice
|