|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Infraero faz crítica; aéreas
falam em pressão política
Para o presidente da estatal, medida da Anac foi "impatriótica" e poderá prejudicar as empresas nacionais; sindicato diz que Planalto interferiu em decisão
Negócio estava sob análise da Anac desde janeiro, mas foi apressado na sexta-feira; lei limita a participação
de capitais estrangeiros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA COLUNISTA DA FOLHA
O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira,
considerou "impatriótica" a decisão da Anac que permitiu a
compra da VarigLog pela Volo,
vinculada ao fundo americano
Martlin Patterson, porque dá
margem para "competição predatória" contra as companhias
aéreas nacionais.
"É um risco para a aviação civil colocar capital estrangeiro
desse jeito. Vai permitir a competição predatória. Está evidente que foi um ato impatriótico da Anac", queixou-se Pereira, referindo-se ainda à "forte pressão" sobre a Anac. A Infraero é credora da Varig.
O brigadeiro recebeu "preocupado" a notícia de que a Anac
autorizou a transferência de
ações da VarigLog para a Volo.
"O Código Brasileiro de Aeronáutica é muito claro [sobre a
limitação do capital estrangeiro de aéreas a 20%], e a lei vale
para todo mundo. Como cidadão, me preocupo." Para ele,
poderá haver graves desdobramentos, até com ação popular.
Se o brigadeiro falou genericamente em "forte pressão", o
diretor de Relações Governamentais do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas),
Anchieta Hélcias, foi explícito.
"A Anac se submeteu à pressão do Palácio do Planalto. E o
mais estranho é que todas essas
pressões começaram depois
que o Roberto Teixeira assumiu a defesa da Volo", disse
Hélcias ontem à Folha. O advogado Roberto Teixeira é compadre do presidente Lula.
A venda da VarigLog para a
Volo repousava nos escaninhos
da Anac desde janeiro e ainda
no início da noite de ontem a
agência informou que não havia "previsão para a finalização
da análise". Menos de três horas depois, às 23h30, a diretoria aprovava o negócio.
Estranheza
O que Hélcias estranha é que
a Anac enviou representante à
casa do advogado do Snea, uma
hora antes, avisando que aceitaria o pedido de vistas e não tomaria nenhuma decisão.
Hélcias estava no aeroporto
para viajar quando foi informado da decisão. Convocou uma
reunião do Conselho Consultivo do Snea para esta semana.
O presidente da Anac, Milton
Zuanazzi, figurava como uma
das poucas vozes a favor da
transferência para a Volo. A diretora Denise Abreu e técnicos
consideraram um risco a aprovação. Zuanazzi deu o aval com
o amparo da Casa Civil e o parecer do procurador da República
João Ilídio Lima.
O juiz Luiz Roberto Ayoub,
responsável pela recuperação
judicial da Varig no Rio, também foi consultado. Esteve inclusive em Brasília para contatos políticos na agência, na Defesa e no Planalto.
(ID e EC)
Texto Anterior: Agência dá aval à VarigLog e facilita a compra da Varig Próximo Texto: Aval facilita, mas não garante venda, diz juiz Índice
|