São Paulo, sábado, 25 de agosto de 2007

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BC mantém previsão de 4,7% para o PIB

Apesar de turbulência internacional atual, Henrique Meirelles diz que não vê, por ora, motivo para baixar estimativa

No entanto, presidente da instituição avalia que, em caso de haver forte desaceleração mundial, o país deverá ser afetado

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que a crise dos mercados financeiros deflagrada pelo estouro da bolha imobiliária nos EUA não altera a previsão da instituição de expansão do PIB de 4,7% neste ano, embora avalie que uma possível "desaceleração da economia mundial muito forte prejudicará o crescimento" do país.
"No momento, ainda não vemos indicações de que possa haver uma revisão para baixo desse número [projeção do BC para o PIB]", disse Meirelles.
O presidente do BC ressaltou ainda que a economia do país está "mais resistente", com o crescimento calcado especialmente no mercado interno de consumo. No PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a previsão é alta de 4,5% do PIB neste ano.
Meirelles afirmou ainda que o Brasil não está totalmente inume a possíveis conseqüências mais severas da crise. "Uma desaceleração mundial muito forte, caso ocorra, certamente prejudicará o crescimento de todos os países que fazem parte da economia mundial. Não há dúvida de que uma recessão muito forte dos EUA e uma contração da economia mundial afetarão o Brasil. É um pouco prematuro, no entanto, para dizermos que isso vai acontecer."
Meirelles reafirmou que "não há indicações desse nível de magnitude [da desaceleração da economia mundial] que justifiquem revisões das projeções de crescimento [do BC] no momento" -oficialmente, a previsão do PIB só será reavaliada em setembro, quando sai o relatório trimestral de inflação da instituição.
O que já se vê, entretanto, são os sinais de menor crescimento da economia dos EUA, segundo o presidente do BC. "É claro que deve haver uma certa desaceleração da economia norte-americana. Até que ponto isso vai se tornar uma desaceleração maior ou não é exatamente o que está em discussão. Mas já está configurada uma certa desaceleração. Em relação ao restante do mundo, porém, ainda não está claro."

Juros nos EUA
Indagado sobre a possibilidade de o Fed (Federal Reserve, o BC norte-americano) reduzir a taxa de juros, Meirelles sinalizou que isso só deve ocorrer se a crise afetar o consumo nos EUA -ou seja, extrapolar a esfera financeira e atingir o lado real da economia.
"A questão é saber até que ponto a queda do preço de ativos financeiros [títulos, ações, hipotecas] também pode diminuir, por meio do chamado efeito riqueza, a demanda dos consumidores americanos. E possa ter efeito maior na atividade [econômica], influenciando a inflação para baixo e, portanto, fazendo com que o Fed tenha condições e justificativas para baixar a taxa [de juros]."
Em reação à crise e na tentativa de aumentar liqüidez, o Fed cortou em 0,50 ponto a taxa de redesconto -para 5,75% ao ano- na semana passada, o que acalmou os mercados. A taxa remunera os empréstimos entre instituições financeiras.
Apesar da melhora, há um clamor nos EUA para a redução da taxa básica de juros (similar à Selic brasileira), que baliza a maior parte das operações de crédito, como os empréstimos ao consumidor. O corte seria uma forma de evitar uma contração mais forte da economia americana.

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