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BC mantém previsão de 4,7% para o PIB
Apesar de turbulência internacional atual, Henrique Meirelles diz que não vê, por ora, motivo para baixar estimativa
No entanto, presidente da instituição avalia que,
em caso de haver forte desaceleração mundial,
o país deverá ser afetado
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem que a crise dos mercados financeiros deflagrada pelo
estouro da bolha imobiliária
nos EUA não altera a previsão
da instituição de expansão do
PIB de 4,7% neste ano, embora
avalie que uma possível "desaceleração da economia mundial muito forte prejudicará o
crescimento" do país.
"No momento, ainda não vemos indicações de que possa
haver uma revisão para baixo
desse número [projeção do BC
para o PIB]", disse Meirelles.
O presidente do BC ressaltou
ainda que a economia do país
está "mais resistente", com o
crescimento calcado especialmente no mercado interno de
consumo. No PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento), a previsão é alta de 4,5% do
PIB neste ano.
Meirelles afirmou ainda que
o Brasil não está totalmente
inume a possíveis conseqüências mais severas da crise.
"Uma desaceleração mundial
muito forte, caso ocorra, certamente prejudicará o crescimento de todos os países que
fazem parte da economia mundial. Não há dúvida de que uma
recessão muito forte dos EUA e
uma contração da economia
mundial afetarão o Brasil. É um
pouco prematuro, no entanto,
para dizermos que isso vai
acontecer."
Meirelles reafirmou que
"não há indicações desse nível
de magnitude [da desaceleração da economia mundial] que
justifiquem revisões das projeções de crescimento [do BC] no
momento" -oficialmente, a
previsão do PIB só será reavaliada em setembro, quando sai
o relatório trimestral de inflação da instituição.
O que já se vê, entretanto, são
os sinais de menor crescimento
da economia dos EUA, segundo
o presidente do BC. "É claro
que deve haver uma certa desaceleração da economia norte-americana. Até que ponto isso
vai se tornar uma desaceleração maior ou não é exatamente
o que está em discussão. Mas já
está configurada uma certa desaceleração. Em relação ao restante do mundo, porém, ainda
não está claro."
Juros nos EUA
Indagado sobre a possibilidade de o Fed (Federal Reserve, o
BC norte-americano) reduzir a
taxa de juros, Meirelles sinalizou que isso só deve ocorrer se
a crise afetar o consumo nos
EUA -ou seja, extrapolar a esfera financeira e atingir o lado
real da economia.
"A questão é saber até que
ponto a queda do preço de ativos financeiros [títulos, ações,
hipotecas] também pode diminuir, por meio do chamado
efeito riqueza, a demanda dos
consumidores americanos. E
possa ter efeito maior na atividade [econômica], influenciando a inflação para baixo e, portanto, fazendo com que o Fed
tenha condições e justificativas
para baixar a taxa [de juros]."
Em reação à crise e na tentativa de aumentar liqüidez, o
Fed cortou em 0,50 ponto a taxa de redesconto -para 5,75%
ao ano- na semana passada, o
que acalmou os mercados. A taxa remunera os empréstimos
entre instituições financeiras.
Apesar da melhora, há um
clamor nos EUA para a redução
da taxa básica de juros (similar
à Selic brasileira), que baliza a
maior parte das operações de
crédito, como os empréstimos
ao consumidor. O corte seria
uma forma de evitar uma contração mais forte da economia
americana.
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