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Varejo e indústria negociam reajustes
ADRIANA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Redes varejistas informaram
ontem, durante encontro nacional dos supermercados, no Rio de
Janeiro, o começo de uma nova
maratona de pedidos de reajustes
de preços da indústria.
Os aumentos solicitados às lojas
variam de 8% a 12%. Varejo e indústria estão debruçados há dias
em uma lista de itens -que devem sofrer aumento- que inclui
cerveja, café, biscoito, carne e
massas alimentícias. Fornecedores ouvidos pela Folha também
incluíram o leite nesse grupo.
O culpado pelos reajustes é o
dólar. Há alimentos com insumos
cotados em moeda estrangeira.
As tabelas para os aumentos já estão nas mãos dos gerentes de
compra das cadeias de varejo.
Os aumentos devem chegar ao
consumidor em outubro e novembro. No caso da cerveja, as indústrias querem empurrar o aumento, de 12%, em novembro para aproveitar o período de demanda elevada no verão, segundo
informações confirmadas à Folha
ontem, na Convenção Nacional
de Supermercados, no Rio.
"Já falamos que não estamos
aceitando nada. Com a gente não
tem conversa", disse Hugo Bethlem, diretor de comercialização
do grupo Pão de Açúcar.
Dois fornecedores de carne bovina e suína confirmaram ontem
a solicitação de um aumento de
10% no preço do quilo da carne
bovina. A negociação ainda não
foi finalizada. No caso do leite em
caixinha, a Itambé já cortou os
descontos que dava para algumas
redes varejistas -que variavam
de 5% a 7%- e tem proposto em
setembro aumento de 8% a 10%.
"Temos fornecedores de insumos pedindo reajustes de até
90%. Nossa embalagem, por
exemplo, tem matéria-prima cotada em dólar. Como fazemos então?", disse Jacques Álvares, vice-presidente comercial da Itambé.
Os problemas não param por aí.
As negociações entre varejo e indústria estão fracas, em compasso
de espera.
A razão: redes de grande porte
propuseram para alguns fabricantes que assinassem um contrato que solicitava a volta rápida a
preços antigos, praticados antes
da disparada do dólar, caso a cotação caia.
É uma forma de evitar que o
consumidor pague o preço, no futuro, de uma alta no dólar que pode ser temporária e especulativa.
O problema é que há fabricantes
que temem esse acordo. Como
acreditam que deverá ocorrer
uma queda na cotação, mas ainda
há espaço para novas disparadas,
eles preferem esperar para ver o
que acontece e não assinar nada.
O raciocínio que a indústria segue
é que, em tempo de demanda em
retração, um eventual esfriamento nas negociações não será tão
nocivo às companhias.
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