São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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Varejo e indústria negociam reajustes

ADRIANA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Redes varejistas informaram ontem, durante encontro nacional dos supermercados, no Rio de Janeiro, o começo de uma nova maratona de pedidos de reajustes de preços da indústria.
Os aumentos solicitados às lojas variam de 8% a 12%. Varejo e indústria estão debruçados há dias em uma lista de itens -que devem sofrer aumento- que inclui cerveja, café, biscoito, carne e massas alimentícias. Fornecedores ouvidos pela Folha também incluíram o leite nesse grupo.
O culpado pelos reajustes é o dólar. Há alimentos com insumos cotados em moeda estrangeira. As tabelas para os aumentos já estão nas mãos dos gerentes de compra das cadeias de varejo.
Os aumentos devem chegar ao consumidor em outubro e novembro. No caso da cerveja, as indústrias querem empurrar o aumento, de 12%, em novembro para aproveitar o período de demanda elevada no verão, segundo informações confirmadas à Folha ontem, na Convenção Nacional de Supermercados, no Rio.
"Já falamos que não estamos aceitando nada. Com a gente não tem conversa", disse Hugo Bethlem, diretor de comercialização do grupo Pão de Açúcar.
Dois fornecedores de carne bovina e suína confirmaram ontem a solicitação de um aumento de 10% no preço do quilo da carne bovina. A negociação ainda não foi finalizada. No caso do leite em caixinha, a Itambé já cortou os descontos que dava para algumas redes varejistas -que variavam de 5% a 7%- e tem proposto em setembro aumento de 8% a 10%.
"Temos fornecedores de insumos pedindo reajustes de até 90%. Nossa embalagem, por exemplo, tem matéria-prima cotada em dólar. Como fazemos então?", disse Jacques Álvares, vice-presidente comercial da Itambé.
Os problemas não param por aí. As negociações entre varejo e indústria estão fracas, em compasso de espera.
A razão: redes de grande porte propuseram para alguns fabricantes que assinassem um contrato que solicitava a volta rápida a preços antigos, praticados antes da disparada do dólar, caso a cotação caia.
É uma forma de evitar que o consumidor pague o preço, no futuro, de uma alta no dólar que pode ser temporária e especulativa.
O problema é que há fabricantes que temem esse acordo. Como acreditam que deverá ocorrer uma queda na cotação, mas ainda há espaço para novas disparadas, eles preferem esperar para ver o que acontece e não assinar nada. O raciocínio que a indústria segue é que, em tempo de demanda em retração, um eventual esfriamento nas negociações não será tão nocivo às companhias.


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