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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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TRABALHO

Taxa de agosto em seis regiões foi de 13%, a mesma do sexto mês, diz o IBGE; renda média aumenta 1,5% sobre julho

Desemprego sobe e iguala recorde de junho

Folha Imagem
Plaqueiros carregam anúncios de vagas de emprego no centro de São Paulo


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O desemprego nas seis mais importantes regiões metropolitanas do país voltou a atingir nível recorde. A taxa de agosto ficou em 13%, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado é 1,3 ponto percentual maior do que o de agosto de 2002, quando havia sido de 11,7%.
A mesma taxa (13%) já havia sido alcançada em junho deste ano e é a mais alta apurada pela nova Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, iniciada em outubro de 2001. Em julho de 2003, a taxa foi um pouco menor: 12,8%.
Segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, o aumento de um ano para o outro "é estatisticamente significativo". Ocorreu, diz ele, porque o número de postos de trabalho criados foi insuficiente para abrigar toda a procura por emprego.
O número de pessoas procurando emprego (os "desocupados", no jargão técnico) aumentou 16,8% em relação a agosto de 2002, enquanto o de postos de trabalho (a população "ocupada") subiu apenas 3,5%. O crescimento do número de "ocupados" tem desacelerado nos últimos meses, ao mesmo tempo em que aumenta de forma contínua o número de "desocupados".
Dois movimentos distintos, um positivo e outro negativo, explicam a maior procura por trabalho. O primeiro é que mais pessoas estão indo ao mercado, estimuladas pela perspectiva de melhora da economia. O outro, diz Pereira, é que a persistente queda da renda leva mais membros de uma mesma família a buscar uma colocação no mercado de trabalho, para compensar o menor rendimento familiar.
Segundo Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o "fenômeno que parece mais relevante" é o da queda da renda. "Mas são coisas que caminham juntas. Muita gente também pode ter observado que o fundo do poço já passou e decidiu voltar ao mercado."
Para Kátia Namir, economista do IBGE, "são duas hipóteses que os dados da pesquisa não conseguem explicar. Mas é fato que aumenta a procura [por emprego] sempre que há uma perspectiva positiva para a economia".

Precário
Segundo Pereira, houve uma debilitação do mercado de trabalho em agosto, pois as vagas criadas, em sua maioria, são do setor informal, que paga menos.
Também por esse motivo, afirma ele, o rendimento médio real do trabalhador se manteve em queda. Houve retração de 13,8% em relação a agosto de 2002 -a oitava queda consecutiva. Em julho, a queda havia sido ainda maior: 16,4% em relação a igual mês de 2002.
Na comparação com julho, porém, o rendimento do trabalhador cresceu, influenciado pela queda da inflação. Houve alta de 1,5%, a maior desde julho de 2002 (1,7%) nessa comparação. Um dos dados da pesquisa que comprova o enfraquecimento do mercado de trabalho é a disparidade entre a geração de empregos com carteira assinada e sem carteira.
No primeiro caso, houve estabilidade de agosto de 2002 para agosto de 2003, enquanto que o trabalho sem registro formal teve crescimento de 7,4%. Em relação aos trabalhadores por conta própria, em sua maioria também informais, a expansão foi de 8,4%.

Recuperação adiada
De acordo com Pereira, nesta época do ano o mercado de trabalho já deveria dar sinais de recuperação, o que não aconteceu. "Ainda não houve a reação esperada para o segundo semestre, que tradicionalmente é de aumento do nível de emprego."
O técnico do IBGE avalia que as medidas recentes de estímulo à atividade econômica -entre elas a redução dos juros e os incentivos dados pelo governo para aumentar as vendas de veículos e de eletrodomésticos- ainda "vão demorar" para surtir efeito.
É que os empresários ainda precisam se sentir seguros de que a recuperação veio para ficar antes de reiniciar as contratações, segundo Odair Abate, do banco Lloyds TSB.
Para Abate, os dados deste mês, que serão divulgados em outubro, já devem mostrar uma melhora. Ele projeta taxa de desemprego de 11% em dezembro. Para a média do ano, prevê 12%.


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