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TRABALHO
Crise afeta indistintamente a todos, não importa a escolaridade,diz IBGE
Mais estudo não garante emprego
DA SUCURSAL DO RIO
Jovem de 18 a 24 anos, predominantemente mulher e com oito
a dez anos de estudo. É esse o retrato do desempregado das seis
maiores regiões metropolitanas
do Brasil, segundo dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) levantados a pedido
da Folha.
Os dados mostram que uma escolaridade maior não é garantia
de emprego. Por anos de estudo, o
desemprego chegou a 17,1% para
quem frequentou a escola de oito
a dez anos. E ficou em 12,7% para
os sem escolaridade ou com menos de oito anos de estudo regular. Para os mais escolarizados (11
anos ou mais), no entanto, a taxa
foi menor: 11,4%.
Apesar disso, do total de desocupados nas regiões metropolitanas, 40,1% têm 11 anos de estudo
ou mais, 26,4% possuem de 8 a 10
anos de escolaridade e 33,5% frequentaram a escola por menos de
8 anos.
O número de desocupados que
frequentaram a escola por pelo
menos 11 anos -o que equivale
ao ensino médio completo- subiu em 270 mil de junho de 2002
para junho de 2003.
Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios), entre as pessoas ocupadas 28,9% haviam concluído ao
menos o ensino médio em 2001. A
Pnad, porém, leva em conta todo
o país, enquanto a Pesquisa Mensal de Emprego considera apenas
as seis maiores regiões metropolitanas, onde as pessoas têm mais
acesso à escola.
Mais mulheres
O desemprego também atinge
mais mulheres do que homens.
Entre os desempregados, elas são
a maioria -54,4%.
Segundo Luiz Parreiras, do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), em tempos de crise e
renda comprimida aumenta a desocupação feminina, pois a mulher tem de se lançar mais ao mercado de trabalho para compensar
o menor orçamento da família.
O desemprego atinge mais os
mais jovens, enquanto quem tem
mais de 50 anos está numa situação praticamente de pleno emprego, revelam os dados do IBGE.
Entre os que têm de 15 a 17 anos,
o desemprego chega a 39,4%. Na
faixa de 18 a 24 anos, o percentual
ainda se mantém elevado: 24,4%.
Só começa a cair significativamente na faixa de 25 a 49 anos, para 9,8%. No caso dos que têm
mais de 50 anos, a taxa é de apenas 5,9%. A média geral é de 13%.
Para Marcelo Neri, chefe do
Centro de Políticas Sociais da
FGV (Fundação Getúlio Vargas),
não adianta o governo criar um
programa para estimular o primeiro emprego, porque o projeto
só colocaria mais gente procurando emprego e pressionando, dessa forma, a taxa de desemprego.
Jovens são vítimas
Outro problema identificado
por ele é que, como o jovem se sujeita a ganhar menos, os empresários poderiam aproveitar para
substituir trabalhadores mais velhos, com salários maiores, pelos
mais novos atendidos pelo programa.
"É como uma placa que vi pela
TV, numa manifestação na França, na qual um jovem protestava
com a seguinte frase: "Papai, consegui um emprego: o seu'", disse.
Como alternativa, Neri sugere
"uma segunda bolsa-escola" para
manter jovens de 18 a 24 anos estudando. "Se tivesse de eleger o
grande perdedor com a crise do
mercado de trabalho, escolheria o
jovem. É a vítima preferencial,
não só do desemprego mas da
violência também", afirma.
O mercado de trabalho só irá
criar vagas numa quantidade suficiente para absorver os que estão
ingressando quando o país voltar
a crescer, segundo Parreiras.
Para ele, o mercado de trabalho
está muito enxuto e, se o país voltar a crescer, vai ocorrer um
boom de emprego. Isso porque as
empresas já trabalham com o mínimo de empregados.
(PS)
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