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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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Deputados contrários já dão liberação como certa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os deputados contrários à edição da medida provisória já estão resignados com a idéia de que o plantio de soja transgênica será liberado neste ano. O objetivo ontem era pressionar o governo para restringir ao máximo o impacto da medida.
"Engolimos a custo a medida provisória e vamos trabalhar para que seja a mais pontual e circunscrita possível", afirmou o deputado federal Chico Alencar (PT-RJ), após reunião com o presidente interino, José Alencar, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e outros congressistas e movimentos sociais contrários à liberação dos transgênicos.
Chico Alencar disse que, para reduzir os efeitos da liberação da soja transgênica, é preciso autorizar o plantio apenas das sementes geneticamente modificadas que já estão nas mãos dos agricultores.
Tradicionalmente, os plantadores gaúchos guardam grãos da safra anterior para cultivá-los no ano seguinte. Para evitar a contaminação das safras de outros Estados, Chico Alencar defende que seja proibido que as sementes de soja transgênica deixem o Estado do Rio Grande do Sul.
Depois de receber os críticos da medida provisória, José Alencar e Dirceu tiveram reunião com deputados que são favoráveis à liberação do plantio da soja geneticamente modificada.

Pressão
Os antitransgênicos não pressionaram apenas o presidente interino. A Via Campesina (entidade que reúne movimentos agrários) se encontrou com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto.
Contrário à liberação, Rosseto disse aos manifestantes que "não se pode subordinar a produção do país aos interesses de monopólio de uma empresa". A multinacional Monsanto é detentora da patente do gene da soja transgênica mais difundida no país e pretende começar a cobrar royalties dos produtores agrícolas que utilizarem a tecnologia por ela desenvolvida.

Marina Silva
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) recebeu ontem em seu gabinete, no mesmo prédio do Ministério da Cultura, apoio de senadores, deputados e de movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se posicionou ao lado da ministra. Segundo ele, "na medida em que a ministra for ouvida, se sentiria seguro".
De acordo com Suplicy, os senadores Roberto Saturnino (PT-RJ) e Heloísa Helena (PT-AL) falaram com Marina por telefone e declararam apoio à sua precaução em querer um estudo científico que aponte o impacto ambiental do plantio da soja geneticamente modificada.
A posição da ministra Marina Silva expõe um racha no governo. O Ministério da Agricultura, por exemplo, defende a liberação da soja transgênica, dizendo que o país não pode ficar para trás no desenvolvimento tecnológico.


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