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Deputados contrários já dão liberação como certa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os deputados contrários à edição da medida provisória já estão
resignados com a idéia de que o
plantio de soja transgênica será liberado neste ano. O objetivo ontem era pressionar o governo para
restringir ao máximo o impacto
da medida.
"Engolimos a custo a medida
provisória e vamos trabalhar para
que seja a mais pontual e circunscrita possível", afirmou o deputado federal Chico Alencar (PT-RJ),
após reunião com o presidente interino, José Alencar, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e
outros congressistas e movimentos sociais contrários à liberação
dos transgênicos.
Chico Alencar disse que, para
reduzir os efeitos da liberação da
soja transgênica, é preciso autorizar o plantio apenas das sementes
geneticamente modificadas que já
estão nas mãos dos agricultores.
Tradicionalmente, os plantadores gaúchos guardam grãos da safra anterior para cultivá-los no
ano seguinte. Para evitar a contaminação das safras de outros Estados, Chico Alencar defende que
seja proibido que as sementes de
soja transgênica deixem o Estado
do Rio Grande do Sul.
Depois de receber os críticos da
medida provisória, José Alencar e
Dirceu tiveram reunião com deputados que são favoráveis à liberação do plantio da soja geneticamente modificada.
Pressão
Os antitransgênicos não pressionaram apenas o presidente interino. A Via Campesina (entidade que reúne movimentos agrários) se encontrou com o ministro
do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto.
Contrário à liberação, Rosseto
disse aos manifestantes que "não
se pode subordinar a produção
do país aos interesses de monopólio de uma empresa". A multinacional Monsanto é detentora
da patente do gene da soja transgênica mais difundida no país e
pretende começar a cobrar royalties dos produtores agrícolas que
utilizarem a tecnologia por ela desenvolvida.
Marina Silva
A ministra Marina Silva (Meio
Ambiente) recebeu ontem em seu
gabinete, no mesmo prédio do
Ministério da Cultura, apoio de
senadores, deputados e de movimentos sociais, como o MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra).
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) se posicionou ao lado da
ministra. Segundo ele, "na medida em que a ministra for ouvida,
se sentiria seguro".
De acordo com Suplicy, os senadores Roberto Saturnino (PT-RJ)
e Heloísa Helena (PT-AL) falaram
com Marina por telefone e declararam apoio à sua precaução em
querer um estudo científico que
aponte o impacto ambiental do
plantio da soja geneticamente
modificada.
A posição da ministra Marina
Silva expõe um racha no governo.
O Ministério da Agricultura, por
exemplo, defende a liberação da
soja transgênica, dizendo que o
país não pode ficar para trás no
desenvolvimento tecnológico.
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