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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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TRABALHO

Empresa diz que objetivo é tranquilizar funcionários

Volkswagen distribui novas cartas a empregados do ABC e de Taubaté

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen distribuiu ontem novas cartas aos trabalhadores das unidades de São Bernardo do Campo (ABC paulista) e de Taubaté (interior de SP) para amenizar o clima de tensão nas fábricas.
Os comunicados foram enviados um dia após o presidente mundial da Volkswagen, Bernd Pischetsrieder, declarar na Alemanha que a montadora poderia demitir todos os funcionários que fizessem greve no Brasil.
A montadora afirma, entretanto, que a distribuição dessas cartas já estava prevista e faz parte de um processo de comunicação para esclarecer e "tranquilizar" seus funcionários. Segundo a montadora, as cartas foram enviadas para a casa dos trabalhadores.
A Volks anunciou no final de julho um plano de reestruturação no país, com a criação do projeto Autovisão -uma nova unidade de negócios para realocar 3.933 funcionários considerados "excedentes" nas duas fábricas. Os investimentos devem chegar a R$ 300 milhões.
Para os sindicatos dos metalúrgicos das duas regiões, a empresa, ao tentar realocar esses funcionários, descumpre acordos que garantem estabilidade no emprego até 2006, no caso de São Bernardo, e até 2004, no de Taubaté.
"Queremos tranquilizar nossos colaboradores e suas respectivas famílias, reafirmando que todos os direitos e garantias a que você tem direito continuarão sendo integralmente respeitados", diz o comunicado enviado a cerca de 21 mil trabalhadores das duas fábricas, informa a Volks.
Segundo a comissão de fábrica de São Bernardo, trabalhadores do setor de montagem final e da ferramentaria -os chamados horistas diretos- receberam ontem cartas convidando-os a integrar o projeto Autovisão.
"Tudo [a declaração do presidente mundial da empresa e o envio das cartas] faz parte de um plano articulado para fazer pressão sobre os trabalhadores", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo.
"A empresa não havia entregado todas as cartas [aos 1.923 excedentes do ABC e aos 2.010 de Taubaté] e está fazendo agora. Ou a Volks aceita o caminho da negociação ou terá de enfrentar um enorme confronto."
Hoje, o sindicato faz assembléia na fábrica do ABC para convocar os trabalhadores para a campanha salarial e deve se posicionar em relação à declaração do presidente do grupo.

Abertura de inquérito
A Abrat (Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas) vai pedir hoje à Procuradoria Geral do Ministério Público do Trabalho, em Brasília, a abertura de inquérito civil público contra a Volkswagen.
"A declaração do presidente mundial do grupo constrange o exercício do direito de greve, que está assegurado na Constituição brasileira. Essa é uma prática anti-sindical", diz Luis Carlos Moro, diretor da Abrat.


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