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TRABALHO
Empresa diz que objetivo é tranquilizar funcionários
Volkswagen distribui novas cartas a empregados do ABC e de Taubaté
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volkswagen distribuiu ontem
novas cartas aos trabalhadores
das unidades de São Bernardo do
Campo (ABC paulista) e de Taubaté (interior de SP) para amenizar o clima de tensão nas fábricas.
Os comunicados foram enviados um dia após o presidente
mundial da Volkswagen, Bernd
Pischetsrieder, declarar na Alemanha que a montadora poderia
demitir todos os funcionários que
fizessem greve no Brasil.
A montadora afirma, entretanto, que a distribuição dessas cartas já estava prevista e faz parte de
um processo de comunicação para esclarecer e "tranquilizar" seus
funcionários. Segundo a montadora, as cartas foram enviadas para a casa dos trabalhadores.
A Volks anunciou no final de julho um plano de reestruturação
no país, com a criação do projeto
Autovisão -uma nova unidade
de negócios para realocar 3.933
funcionários considerados "excedentes" nas duas fábricas. Os investimentos devem chegar a R$
300 milhões.
Para os sindicatos dos metalúrgicos das duas regiões, a empresa,
ao tentar realocar esses funcionários, descumpre acordos que garantem estabilidade no emprego
até 2006, no caso de São Bernardo, e até 2004, no de Taubaté.
"Queremos tranquilizar nossos
colaboradores e suas respectivas
famílias, reafirmando que todos
os direitos e garantias a que você
tem direito continuarão sendo integralmente respeitados", diz o
comunicado enviado a cerca de 21
mil trabalhadores das duas fábricas, informa a Volks.
Segundo a comissão de fábrica
de São Bernardo, trabalhadores
do setor de montagem final e da
ferramentaria -os chamados
horistas diretos- receberam ontem cartas convidando-os a integrar o projeto Autovisão.
"Tudo [a declaração do presidente mundial da empresa e o envio das cartas] faz parte de um
plano articulado para fazer pressão sobre os trabalhadores", afirmou o presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC, José
Lopez Feijóo.
"A empresa não havia entregado todas as cartas [aos 1.923 excedentes do ABC e aos 2.010 de Taubaté] e está fazendo agora. Ou a
Volks aceita o caminho da negociação ou terá de enfrentar um
enorme confronto."
Hoje, o sindicato faz assembléia
na fábrica do ABC para convocar
os trabalhadores para a campanha salarial e deve se posicionar
em relação à declaração do presidente do grupo.
Abertura de inquérito
A Abrat (Associação Brasileira
de Advogados Trabalhistas) vai
pedir hoje à Procuradoria Geral
do Ministério Público do Trabalho, em Brasília, a abertura de inquérito civil público contra a
Volkswagen.
"A declaração do presidente
mundial do grupo constrange o
exercício do direito de greve, que
está assegurado na Constituição
brasileira. Essa é uma prática anti-sindical", diz Luis Carlos Moro,
diretor da Abrat.
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