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VIZINHO EM CRISE
Presidente dos EUA diz que Kirchner é o "conquistador" do Fundo, afirma porta-voz
Bush apóia plano argentino de renegociação
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O governo norte-americano
apoiou a estratégia utilizada pela
Argentina nas negociações com
credores e com o FMI (Fundo
Monetário Internacional). Em declarações ontem, o ministro do
Interior argentino, Aníbal Fernández, disse que o presidente
George W. Bush deu respaldo ao
programa de reestruturação da
dívida apresentado aos credores
na última segunda-feira.
"Siga negociando com firmeza
com os credores", teria dito o presidente americano, segundo o
porta-voz do governo argentino,
Miguel Nuñez. Bush também teria recomendado que a Argentina
"defenda cada peso que está sendo renegociado".
A declaração foi feita num encontro de 15 minutos entre Bush e
Kirchner durante uma recepção
na Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas),
anteontem, em Nova York.
Bush fez os comentários um dia
após o governo lançar um programa de reestruturação da dívida
que entrou em moratória em dezembro de 2001. O governo propôs pagar apenas 25% de parte
dos US$ 94 bilhões que estão em
"default". Os credores classificaram a proposta de "inaceitável" e
"escandalosa".
Segundo Fernández, Bush parabenizou Kirchner pelo resultado
das negociações com o FMI e teria
chamado Kirchner de "o presidente conquistador do FMI". Fernández disse ainda que há uma
"química" entre os dois presidentes. "Isso facilita as relações dos
países."
O apoio dos EUA, principal
acionista do FMI, foi fundamental
para que a Argentina fechasse o
novo acordo, de três anos. Durante as negociações, Bush fez declarações favoráveis ao país vizinho e
pediu "mais flexibilidade" do
Fundo com a Argentina.
As divergências eram a meta de
superávit primário, que foi fixada
em 3% do PIB em 2004, e a criação
de um cronograma de reajuste
das tarifas públicas, que ficou fora
da carta de intenções, como desejava a Argentina.
Para analistas, o objetivo do
apoio de Bush é tentar convencer
o governo a adotar uma postura
mais flexível nas negociações da
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas). A Argentina é a principal parceira do Brasil no Mercosul, e os EUA temem uma ofensiva semelhante à da última reunião
da OMC (Organização Mundial
do Comércio), em Cancún.
O Brasil liderou um bloco de
países em desenvolvimento que
rechaçou as propostas dos países
ricos, entre eles os EUA, que se
negam a eliminar subsídios a produtores agrícolas.
Bolsa
O índice Merval da Bolsa de
Buenos Aires subiu ontem e atingiu o maior nível dos últimos seis
anos. O indicador fechou em alta
de 2,2%, a 811,7 pontos, o melhor
nível desde outubro de 1997. Das
73 empresas negociadas na Bolsa,
47 terminaram o dia em alta.
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