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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Presidente dos EUA diz que Kirchner é o "conquistador" do Fundo, afirma porta-voz

Bush apóia plano argentino de renegociação

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O governo norte-americano apoiou a estratégia utilizada pela Argentina nas negociações com credores e com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Em declarações ontem, o ministro do Interior argentino, Aníbal Fernández, disse que o presidente George W. Bush deu respaldo ao programa de reestruturação da dívida apresentado aos credores na última segunda-feira.
"Siga negociando com firmeza com os credores", teria dito o presidente americano, segundo o porta-voz do governo argentino, Miguel Nuñez. Bush também teria recomendado que a Argentina "defenda cada peso que está sendo renegociado".
A declaração foi feita num encontro de 15 minutos entre Bush e Kirchner durante uma recepção na Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), anteontem, em Nova York.
Bush fez os comentários um dia após o governo lançar um programa de reestruturação da dívida que entrou em moratória em dezembro de 2001. O governo propôs pagar apenas 25% de parte dos US$ 94 bilhões que estão em "default". Os credores classificaram a proposta de "inaceitável" e "escandalosa".
Segundo Fernández, Bush parabenizou Kirchner pelo resultado das negociações com o FMI e teria chamado Kirchner de "o presidente conquistador do FMI". Fernández disse ainda que há uma "química" entre os dois presidentes. "Isso facilita as relações dos países."
O apoio dos EUA, principal acionista do FMI, foi fundamental para que a Argentina fechasse o novo acordo, de três anos. Durante as negociações, Bush fez declarações favoráveis ao país vizinho e pediu "mais flexibilidade" do Fundo com a Argentina.
As divergências eram a meta de superávit primário, que foi fixada em 3% do PIB em 2004, e a criação de um cronograma de reajuste das tarifas públicas, que ficou fora da carta de intenções, como desejava a Argentina.
Para analistas, o objetivo do apoio de Bush é tentar convencer o governo a adotar uma postura mais flexível nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). A Argentina é a principal parceira do Brasil no Mercosul, e os EUA temem uma ofensiva semelhante à da última reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio), em Cancún.
O Brasil liderou um bloco de países em desenvolvimento que rechaçou as propostas dos países ricos, entre eles os EUA, que se negam a eliminar subsídios a produtores agrícolas.

Bolsa
O índice Merval da Bolsa de Buenos Aires subiu ontem e atingiu o maior nível dos últimos seis anos. O indicador fechou em alta de 2,2%, a 811,7 pontos, o melhor nível desde outubro de 1997. Das 73 empresas negociadas na Bolsa, 47 terminaram o dia em alta.


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