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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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BARRIL DE PÓLVORA

Corte na produção petrolífera faz cotação subir 4% e representa ameaça para o crescimento mundial

Opep reduz oferta para conter preço do óleo

DA REDAÇÃO

Na tentativa de manter a cotação do petróleo em níveis elevados, os países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram ontem reduzir sua produção diária, contrariando as expectativas. A notícia fez a cotação do produto disparar nos mercados internacionais e causou temores de que o crescimento das maiores economias do planeta possa ser afetado.
O cartel concordou em reduzir em 3,5% (ou 900 mil barris diários) a produção de seus dez membros (sem considerar o Iraque) a partir de 1º de novembro, para 24,5 milhões de barris/dia.
O preço do barril tipo leve subiu 4,09%, para US$ 28,24, em Nova York. Em Londres, a cotação foi para US$ 26,67, alta de 4,47%.
As Bolsas reagiram mal à decisão. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York teve queda 1,57% ontem. A Nasdaq, Bolsa que reúne as ações de empresas de tecnologia, fechou aos 1.843,70 pontos, um recuo de 3,05%, a maior queda em pontos desde julho de 2002.
"Não queremos que o mercado quebre na nossa cabeça", disse Rilwanu Lukman, conselheiro presidencial da Nigéria sobre energia. "As ações estão subindo, os preços estão caindo, e o Iraque está voltando para a Opep. Você não seria cauteloso?"
Com a volta do Iraque como produtor de petróleo, o cartel teme que os estoques mundiais subam muito, o que derrubaria os preços. Há temores, porém, de que uma alta significativa afete a recuperação das principais economias, que dependem da Opep para suprir sua demanda.
"Se os preços do petróleo continuarem a subir, as taxas de juros do G7 podem ter que ser mais altas, o que não é bom para as projeções de recuperação", disse Paul Robson, economista internacional do Bank One.
"A estratégia da Opep de manter os preços em níveis elevados não pode contribuir para uma recuperação sustentada e uma volta do crescimento econômico global", afirmou Claude Mandil, chefe da Agência Internacional de Energia. "Estou desapontado."
O governo americano não quis comentar diretamente a decisão, dizendo apenas que "as forças do mercado" deveriam determinar o preço. "Crescimento depende de suprimentos abundantes de energia. Tanto os países produtores quanto os consumidores têm interesse em suprimentos de petróleo amplos e com preços acessíveis", avaliou Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca.
Antes do início da reunião do cartel, vários ministros haviam dito que não viam necessidade de cortar a produção até o final do ano. Por isso, a decisão causou surpresa nos mercados.


Com agências internacionais


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