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VACA DOENTE
Solução tende a demorar
Rússia deve manter veto à carne brasileira
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Rússia não está disposta a suspender o embargo à importação
de carne brasileira tão cedo. Segundo relatório da comissão do
Ministério da Agricultura que
viajou ao país, não há nenhuma
"perspectiva de solução a curto
prazo". O grupo voltou ao Brasil e
nem sequer tem uma resposta objetiva sobre a vinda de técnicos
russos para verificar as condições
sanitárias do produto brasileiro.
A Rússia suspendeu as compras
de carne brasileira na semana
passada devido a um foco de febre
aftosa encontrada no Amazonas.
Essa é a segunda vez no ano que o
país suspende a compra do produto do Brasil. A primeira foi em
junho, após a confirmação de casos da doença no Pará. Nenhum
dos Estados exporta carne.
No texto entregue ao ministro
Roberto Rodrigues (Agricultura),
os técnicos informam que, "apesar da polidez" com que foram
tratados, não há "perspectiva de
solução a curto prazo". Trechos
do relatório foram repassados à
Folha por um dos técnicos que integrou a comissão à Rússia.
O departamento de vigilância
sanitária da Rússia classificou de
"instabilidade epizootia" o território brasileiro, pois essa é a segunda vez que a doença surgiu
em menos de um ano. Ou seja:
não há segurança de que a doença
ficará restrita a uma região.
O relatório, no entanto, aponta
que os técnicos russos "entenderam" que não há ligação entre o
episódio do Pará e do Amazonas.
Na bagagem de volta, segundo a
Folha apurou, a comissão brasileira recebeu uma resposta "evasiva" sobre a vinda de uma equipe
para verificar as condições sanitárias do produto brasileiro.
O Brasil é membro da OIE (Organização Internacional de Epizooties), que permite às regiões
seguramente livres da doença a
exportar. As regiões Norte e Nordeste não estão neste grupo.
Na avaliação de integrantes do
ministério, a questão deixou de
ser técnica para ser política. A tese
é reforçada devido ao embargo
abranger a comercialização de
peixe e de frango, animais que
não são atingidos pela doença. A
Rússia fica com 18% das vendas
externas de carne brasileira. Em
2003, comprou 80% das exportação de suínos. A "dependência"
brasileira, poderá ser utilizada em
troca de vantagens comerciais.
Para o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de
Corte da CNA, Antenor Nogueira, até o momento, não houve
prejuízo para o produtor, pois o
governo conseguiu nesta semana
a liberação dos produtos que já
estavam nos portos. "O que pode
haver é um atraso nas entregas."
A CNA entrega em outubro
uma avaliação da condições sanitárias do Norte e Nordeste. O relatório apontará "alto risco" de aftosa em Estados como o Piauí e
preocupação com Roraima, que
faz divisa com a Venezuela.
Os países proíbem a importação
de carne de locais com aftosa para
protegerem seus rebanhos.
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