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Aperto fiscal do governo em setembro é o menor do ano
Resultado foi influenciado por parte do 13º a aposentados, que custou R$ 5,8 bi
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a meta de superávit fiscal é para
o ano e "ele está lá em cima e vem baixando"
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal registrou
no mês passado o superávit primário mais baixo do ano e o
pior para o mês desde 1998: R$
459 milhões. É uma queda significativa em relação a agosto,
quando o resultado fora de R$
6,365 bilhões, e também em relação a setembro de 2005,
quando foi de R$ 2,786 bilhões.
O resultado das contas do Tesouro, Previdência Social e
Banco Central foi fortemente
influenciado pelo pagamento
antecipado de metade do 13º
salário dos aposentados, despesa que somou R$ 5,8 bilhões.
Apesar do número ruim em
setembro, o governo continua
cumprindo a meta de superávit
primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública). O resultado esperado para o Tesouro, Previdência e
Banco Central é de R$ 50 bilhões até dezembro.
Descontando o pagamento
extra das aposentadorias em
setembro, o superávit acumulado no ano sobe de R$ 48,276
bilhões para R$ 54 bilhões, o
equivalente a 3,54% do PIB.
Apesar disso, as despesas do
governo continuam crescendo
num ritmo muito superior às
receitas. No dado acumulado
de janeiro a setembro em relação ao mesmo período do ano
passado, a arrecadação sobe
12,8%, enquanto os gastos
avançaram 16%.
De acordo com o secretário
do Tesouro, Carlos Kawall, o
governo trabalha com projeção
conservadora de execução do
Orçamento que dá folga superior a R$ 3 bilhões no resultado
anual, valor que o governo espera aplicar nos projetos do
PPI (Programa Piloto de Investimentos) que podem ser descontados da meta, segundo
acordo com o FMI.
Kawall explicou que essa folga é a garantia que o governo
tem de que, se houver frustração de resultados nas estatais
ou nos Estados e nos municípios, a meta ainda será cumprida. Também de acordo com a
explicação do secretário, seria
uma garantia de que não será
preciso descontar o PPI da meta de superávit.
Comentando o resultado de
setembro, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) reforçou
esse raciocínio. "Ele [o superávit] está lá em cima e vem baixando. A meta é para o ano. Pelo resultado que estou vendo
[agora] pode até ficar acima dos
4,25%. [O resultado de setembro] é satisfatório e não compromete de jeito nenhum [a
meta do ano]", disse Mantega.
Segundo Kawall, isso não
quer dizer que o setor público
(União, Estados, municípios e
estatais) acumulará neste ano
superávit acima dos 4,25% do
PIB estabelecidos. Para ele,
continua valendo a idéia, já
anunciada por Mantega, de não
fazer um megassuperávit.
Sem convencer
Mesmo cumprindo a meta de
superávit primário com pequena folga, o governo não consegue convencer o mercado financeiro de que não está havendo afrouxamento no controle das contas públicas.
O economista Guilherme
Loureiro, da consultoria Tendências, lembra que, apesar das
promessas do governo federal
de que o gasto com custeio e investimentos cairia no segundo
semestre por causa das restrições à liberação de dinheiro às
vésperas da eleição, até agora
ainda não houve nenhuma redução.
Pelo contrário, em setembro
essas despesas somaram R$
7,617 bilhões, com elevação de
R$ 600 milhões em relação a
agosto. "O governo tem um
grande controle sobre esses
gastos e vai ter que reduzi-los
para atingir a meta", explica o
economista.
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