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Agência vê Lula mais fraco num 2º mandato
Para S&P, denúncias deixam presidente vulnerável
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
O mercado financeiro dos
EUA vê um presidente Luiz
Inácio Lula da Silva enfraquecido num eventual segundo mandato. A possibilidade de reeleição foi discutida ontem em Nova York num debate promovido
pela Standard & Poor's, a maior
agência de avaliação de crédito
e riscos do mundo.
A S&P analisa dois aspectos
para justificar a conclusão:
1) A sucessão de denúncias de
corrupção, que deixam o presidente vulnerável;
2) A necessidade de alianças
no Congresso, que garantam
governabilidade e a revalidação
de Lula no poder.
"O mercado assume que o
presidente Lula vai chegar mais
enfraquecido ao poder num
eventual segundo mandato por
causa da série de denúncias de
corrupção, que o deixaram
mais vulnerável a uma falta de
colaboração da oposição. Acha
também que ele tem de criar
um suporte maior no Congresso e, por isso, presume-se que o
PMDB vá ter um espaço maior
no ministério", disse Lisa M.
Schineller, diretora da S&P.
"Isso, de alguma maneira, reflete uma posição diferente de
quatro anos atrás. Mas necessariamente quer dizer que o
progresso nas reformas tem de
ser muito diferente, porque,
criando uma base de alianças,
pode se mexer mais rapidamente no Congresso", afirmou.
As agências de risco discutiram a falta de um programa de
governo claro e de uma agenda
de prioridades políticas tanto
de Lula quanto do candidato
tucano Geraldo Alckmin.
"É preciso ter uma agenda
política para entrar num segundo mandato. Não está clara
qual será. São detalhes que o
mercado não sabe. Procuramos
sinais nos dois lados, que ainda
não vieram", afirmou Schineller. Segundo ela, analistas e investidores vêem com indiferença a vitória de qualquer um
dos partidos. "A perspectiva
não vai mudar. Vai depender da
política do novo governo na
área fiscal. Quem quer que seja
o vencedor, terá um período
político difícil pela frente."
Em relatório divulgado ontem, a S&P destaca impedimentos para o crescimento do
país, como a "elevada" e "desordenada" carga tributária, a falta
de investimentos em infra-estrutura e o alto superávit primário para redução da dívida.
Na apresentação para analistas, outra diretora da S&P, Milena Zaniboni, destacou aspectos positivos e negativos para
bancos e instituições financeiras no Brasil. Positivos: a qualidade da supervisão do Banco
Central, aumento do crédito e
dos lucros e a consolidação das
maiores instituições. Negativos: presença dominante dos
bancos públicos e o elevado nível do depósito compulsório.
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