São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2006

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Agência vê Lula mais fraco num 2º mandato

Para S&P, denúncias deixam presidente vulnerável

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

O mercado financeiro dos EUA vê um presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfraquecido num eventual segundo mandato. A possibilidade de reeleição foi discutida ontem em Nova York num debate promovido pela Standard & Poor's, a maior agência de avaliação de crédito e riscos do mundo.
A S&P analisa dois aspectos para justificar a conclusão:
1) A sucessão de denúncias de corrupção, que deixam o presidente vulnerável;
2) A necessidade de alianças no Congresso, que garantam governabilidade e a revalidação de Lula no poder.
"O mercado assume que o presidente Lula vai chegar mais enfraquecido ao poder num eventual segundo mandato por causa da série de denúncias de corrupção, que o deixaram mais vulnerável a uma falta de colaboração da oposição. Acha também que ele tem de criar um suporte maior no Congresso e, por isso, presume-se que o PMDB vá ter um espaço maior no ministério", disse Lisa M. Schineller, diretora da S&P.
"Isso, de alguma maneira, reflete uma posição diferente de quatro anos atrás. Mas necessariamente quer dizer que o progresso nas reformas tem de ser muito diferente, porque, criando uma base de alianças, pode se mexer mais rapidamente no Congresso", afirmou.
As agências de risco discutiram a falta de um programa de governo claro e de uma agenda de prioridades políticas tanto de Lula quanto do candidato tucano Geraldo Alckmin.
"É preciso ter uma agenda política para entrar num segundo mandato. Não está clara qual será. São detalhes que o mercado não sabe. Procuramos sinais nos dois lados, que ainda não vieram", afirmou Schineller. Segundo ela, analistas e investidores vêem com indiferença a vitória de qualquer um dos partidos. "A perspectiva não vai mudar. Vai depender da política do novo governo na área fiscal. Quem quer que seja o vencedor, terá um período político difícil pela frente."
Em relatório divulgado ontem, a S&P destaca impedimentos para o crescimento do país, como a "elevada" e "desordenada" carga tributária, a falta de investimentos em infra-estrutura e o alto superávit primário para redução da dívida.
Na apresentação para analistas, outra diretora da S&P, Milena Zaniboni, destacou aspectos positivos e negativos para bancos e instituições financeiras no Brasil. Positivos: a qualidade da supervisão do Banco Central, aumento do crédito e dos lucros e a consolidação das maiores instituições. Negativos: presença dominante dos bancos públicos e o elevado nível do depósito compulsório.


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