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Lei e burocracia ajudam
ação de "migrantes"
DA REPORTAGEM LOCAL
Um relatório da Receita Federal
acusa a Viação Planeta de mudar
sua sede jurídica para driblar a cobrança de impostos atrasados. Esse tipo de prática é conhecido entre os fiscais da Receita Federal
como "projeto migração".
Segundo o ex-secretário da Receita Federal, Osiris Lopes Filho,
esse tipo de prática não chega a
ser comum, mas algumas empresas conseguem adiar ou até evitar
pagar dívidas ao mudar constantemente de endereço.
Isso é possível, segundo ele, porque a lei permite que a empresa
mantenha suas atividades principais numa cidade e sua sede jurídica em outra. "Uma empresa
que é importante numa cidade
pode não chamar a atenção da fiscalização em outra", diz ele.
O problema é agravado pelo fato de que um órgão do governo
(Receita) é responsável pela fiscalização e autuação, enquanto outro (Procuradoria Nacional da Fazenda) cuida da cobrança.
"Como muitas vezes os sistemas
de informação não são atualizados, e os órgãos do serviço público não se falam, pode haver desencontro na hora da cobrança",
diz o ex-secretário da Receita.
Se um dos órgãos públicos tem
um endereço antigo da sede jurídica de uma empresa, ela pode
bater na porta errada no momento de cobrar. Enquanto isso, a base de operações da mesma empresa continua funcionando no
mesmo lugar de sempre, sem ser
importunada pela cobrança.
Outra estratégia adotada por
empresas em processo de cobrança é vender a companhia endividada para alguma pessoa ou grupo, enquanto transfere os bens
para outras pessoas ou grupos.
Dessa maneira, a cobrança será
feita sobre uma empresa destituída de patrimônio, preservando os
bens de quem deve ao governo ou
a algum credor privado.
"Esse é um tipo de fraude contra
o credor muito comum, que é simular uma venda enquanto corre
o processo na Justiça. A Justiça
pode até inverter a situação. Mas,
como as decisões demoram, os
autores do golpe podem transferir os bens e envolver o interesse
de terceiros, de modo que o problema se torna de difícil solução."
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