São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELETRÔNICOS

Empresas não esperavam reação de vendas tão rápida após queda das encomendas por causa do racionamento

Indústrias fazem hora extra em Manaus

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Para dar conta dos pedidos de final de ano, a indústria eletroeletrônica instalada em Manaus (AM) foi obrigada a fazer hora extra a partir deste mês.
Se este tivesse sido um ano normal, não seria surpresa aumentar a produção nesta época. Mas, depois das crises de energia, Argentina, dólar e guerra, o aumento das encomendas surpreendeu.
Tradicionalmente, os 32 mil empregados desse setor trabalham 44 horas por semana. Neste mês, as empresas acrescentaram mais oito horas semanais.
"As fábricas não esperavam uma reação tão rápida das vendas a partir de outubro", afirma Agostinho Pereira Corrêa, presidente do sindicato que reúne os metalúrgicos dos setores eletroeletrônico e da indústria de motos.
O racionamento de energia provocou uma queda de até 30% nas vendas e, consequentemente, na produção de aparelhos eletrônicos em junho, julho e agosto.
Com a retomada do consumo, em outubro, as fábricas tiveram de contar com as horas extras para aumentar a produção, já que o estoque estava reduzido.
As indústrias eletroeletrônica e de motos empregam juntas atualmente cerca de 42 mil pessoas em Manaus -3.000 pessoas a menos do que antes do racionamento.
Pereira Corrêa diz que, apesar de a produção estar num ritmo maior, as contratações não estão acontecendo. "Só existe, por enquanto, esquema de hora extra."
Nelson Iida, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus, conta que as contratações são, por enquanto, para trabalho temporário.
Para dar conta dos pedidos dos clientes, a Philco solicitou aos fornecedores no exterior a antecipação na entrega de componentes.
"O lote que deveria chegar em dezembro chegou esta semana", afirma Cláudio Vita, vice-presidente Philco. Segundo ele, a demanda por alguns produtos cresceu a ponto de a empresa estar pedindo prazo de até 15 dias para entrega. É o caso de DVDs e de alguns modelos de televisores.
Mas, nem por isso, a indústria eletrônica tem planos de vender mais neste ano. A Eletros, associação do setor, prevê para este ano vendas iguais ou 5% menores, em média, do que as do ano passado.
Há casos de queda ainda maiores. Os fabricantes de televisores estimam para este ano vendas de 4,5 milhões de unidades,15% menores do que as do ano passado. No caso de videocassetes, o mercado previsto para este ano é de 950 mil unidades -13,6% menor do que o de 2000.
O DVD, por ser um produto novo, escapa das projeções pessimistas. A expectativa dos fabricantes é comercializar cerca de 700 mil unidades neste ano -180% a mais do que em 2000.
Renato Geribello de Carvalho, gerente de marketing da L.G., diz que, antes do racionamento, a empresa esperava bater recorde de vendas neste ano. "Foi um baque. As vendas chegaram a cair até 50% no meio do ano, mas já estão voltando ao normal."
Paulo Saab, presidente da Eletros, informa que os fabricantes vêem a retomada do consumo com cautela. O temor é que as vendas continuem firmes só até o Natal. A inadimplência a partir de janeiro também preocupa. Por essa razão, eles estão até tentando evitar as previsões para o primeiro trimestre de 2002.
A indústria de motos de Manaus informa que não sofreu tanto quanto a eletroeletrônica e, portanto, conseguiu manter o ritmo de produção. A Honda, por exemplo, estima vender neste ano 20% mais do que no ano passado, informa Paulo Takeuchi, diretor.



Texto Anterior: Leis trabalhistas: "Nova CLT" já existe e vira prática comum
Próximo Texto: Funcionários da Scania entram em "alerta"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.