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ELETRÔNICOS
Empresas não esperavam reação de vendas tão rápida após queda das encomendas por causa do racionamento
Indústrias fazem hora extra em Manaus
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Para dar conta dos pedidos de
final de ano, a indústria eletroeletrônica instalada em Manaus
(AM) foi obrigada a fazer hora extra a partir deste mês.
Se este tivesse sido um ano normal, não seria surpresa aumentar
a produção nesta época. Mas, depois das crises de energia, Argentina, dólar e guerra, o aumento
das encomendas surpreendeu.
Tradicionalmente, os 32 mil
empregados desse setor trabalham 44 horas por semana. Neste
mês, as empresas acrescentaram
mais oito horas semanais.
"As fábricas não esperavam
uma reação tão rápida das vendas
a partir de outubro", afirma
Agostinho Pereira Corrêa, presidente do sindicato que reúne os
metalúrgicos dos setores eletroeletrônico e da indústria de motos.
O racionamento de energia provocou uma queda de até 30% nas
vendas e, consequentemente, na
produção de aparelhos eletrônicos em junho, julho e agosto.
Com a retomada do consumo,
em outubro, as fábricas tiveram
de contar com as horas extras para aumentar a produção, já que o
estoque estava reduzido.
As indústrias eletroeletrônica e
de motos empregam juntas atualmente cerca de 42 mil pessoas em
Manaus -3.000 pessoas a menos
do que antes do racionamento.
Pereira Corrêa diz que, apesar
de a produção estar num ritmo
maior, as contratações não estão
acontecendo. "Só existe, por enquanto, esquema de hora extra."
Nelson Iida, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus, conta que as
contratações são, por enquanto,
para trabalho temporário.
Para dar conta dos pedidos dos
clientes, a Philco solicitou aos fornecedores no exterior a antecipação na entrega de componentes.
"O lote que deveria chegar em
dezembro chegou esta semana",
afirma Cláudio Vita, vice-presidente Philco. Segundo ele, a demanda por alguns produtos cresceu a ponto de a empresa estar pedindo prazo de até 15 dias para
entrega. É o caso de DVDs e de alguns modelos de televisores.
Mas, nem por isso, a indústria
eletrônica tem planos de vender
mais neste ano. A Eletros, associação do setor, prevê para este ano
vendas iguais ou 5% menores, em
média, do que as do ano passado.
Há casos de queda ainda maiores. Os fabricantes de televisores
estimam para este ano vendas de
4,5 milhões de unidades,15% menores do que as do ano passado.
No caso de videocassetes, o mercado previsto para este ano é de
950 mil unidades -13,6% menor
do que o de 2000.
O DVD, por ser um produto novo, escapa das projeções pessimistas. A expectativa dos fabricantes é comercializar cerca de
700 mil unidades neste ano
-180% a mais do que em 2000.
Renato Geribello de Carvalho,
gerente de marketing da L.G., diz
que, antes do racionamento, a
empresa esperava bater recorde
de vendas neste ano. "Foi um baque. As vendas chegaram a cair
até 50% no meio do ano, mas já
estão voltando ao normal."
Paulo Saab, presidente da Eletros, informa que os fabricantes
vêem a retomada do consumo
com cautela. O temor é que as
vendas continuem firmes só até o
Natal. A inadimplência a partir de
janeiro também preocupa. Por essa razão, eles estão até tentando
evitar as previsões para o primeiro trimestre de 2002.
A indústria de motos de Manaus informa que não sofreu tanto quanto a eletroeletrônica e,
portanto, conseguiu manter o ritmo de produção. A Honda, por
exemplo, estima vender neste ano
20% mais do que no ano passado,
informa Paulo Takeuchi, diretor.
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