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Para economista, "nova CLT" muda pouco
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o economista Helio
Zylberstajn, do Departamento de
Economia da USP (Universidade
de São Paulo), a proposta de flexibilização da CLT discutida hoje
no Brasil, se aprovada, não terá
grande impacto no mercado de
trabalho. O economista avalia
também que a sociedade brasileira ainda não tem instituições maduras para fazer a livre negociação entre empregados e patrões
funcionar da forma ideal.
Ele diz que o espaço para negociação entre empresas e trabalhadores continuará pequeno, já que
muitos dos direitos trabalhistas
continuarão sendo definidos
constitucionalmente. O economista dá um exemplo: o vale-transporte. "As empresas hoje
tem que comprá-lo e entregar aos
funcionários. O que acaba exigindo, em muitos casos, que elas
criem toda uma estrutura logística para fazer isso. O que acontece?
Aumento de custos para a empresa. Seria muito mais fácil dar o dinheiro. Seria melhor para todo
mundo, mas a lei não permite."
Flexibilizar o mercado de trabalho é, na avaliação do economista,
um bom caminho para tornar a
economia mais dinâmica. Mas ele
faz algumas ressalvas. "A idéia é
ótima. Mas as coisas estão um
pouco invertidas", afirma.
Zylberstajn lembra que o Brasil
ainda não assinou a convenção 87
da OIT (Organização Internacional do Trabalho). "É a convenção
que estabelece liberdade sindical", explica.
Sem sindicatos preparados e legítimos, diz o economista, a flexibilização acaba resultando em
perdas para os trabalhadores, que
seriam mal representados. "Precisamos ver quem é que vai negociar. Temos que lembrar que não
existem muitos sindicatos como o
dos metalúrgicos do ABC", diz o
economista, que avalia que a
maior parte dos 18 mil sindicatos
brasileiros não está preparada para negociar em nome dos trabalhadores que dizem representar.
"Eles [os sindicatos" não têm legitimidade e representatividade e
não estão preparados para exercer esse papel [negociar direitos
em nome dos trabalhadores"",
afirma Zylberstajn.
(MARCELO BILLI)
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