São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2001

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Para economista, "nova CLT" muda pouco

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o economista Helio Zylberstajn, do Departamento de Economia da USP (Universidade de São Paulo), a proposta de flexibilização da CLT discutida hoje no Brasil, se aprovada, não terá grande impacto no mercado de trabalho. O economista avalia também que a sociedade brasileira ainda não tem instituições maduras para fazer a livre negociação entre empregados e patrões funcionar da forma ideal.
Ele diz que o espaço para negociação entre empresas e trabalhadores continuará pequeno, já que muitos dos direitos trabalhistas continuarão sendo definidos constitucionalmente. O economista dá um exemplo: o vale-transporte. "As empresas hoje tem que comprá-lo e entregar aos funcionários. O que acaba exigindo, em muitos casos, que elas criem toda uma estrutura logística para fazer isso. O que acontece? Aumento de custos para a empresa. Seria muito mais fácil dar o dinheiro. Seria melhor para todo mundo, mas a lei não permite."
Flexibilizar o mercado de trabalho é, na avaliação do economista, um bom caminho para tornar a economia mais dinâmica. Mas ele faz algumas ressalvas. "A idéia é ótima. Mas as coisas estão um pouco invertidas", afirma.
Zylberstajn lembra que o Brasil ainda não assinou a convenção 87 da OIT (Organização Internacional do Trabalho). "É a convenção que estabelece liberdade sindical", explica.
Sem sindicatos preparados e legítimos, diz o economista, a flexibilização acaba resultando em perdas para os trabalhadores, que seriam mal representados. "Precisamos ver quem é que vai negociar. Temos que lembrar que não existem muitos sindicatos como o dos metalúrgicos do ABC", diz o economista, que avalia que a maior parte dos 18 mil sindicatos brasileiros não está preparada para negociar em nome dos trabalhadores que dizem representar.
"Eles [os sindicatos" não têm legitimidade e representatividade e não estão preparados para exercer esse papel [negociar direitos em nome dos trabalhadores"", afirma Zylberstajn.
(MARCELO BILLI)


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