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MERCADO DE TRABALHO
Instituto começa a apurar número de pessoas que desistiram de procurar vaga
IBGE vai calcular emprego oculto
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de anos sem pesquisar o
desemprego oculto, causado pelo
desalento das pessoas em procurar uma vaga, o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia Estatística) resolveu mudar sua Pesquisa
Mensal de Emprego.
Mas, mesmo com as alterações,
o desemprego oculto não vai ser
incorporado à taxa. Será medido
em separado, analisando apenas
o contingente de trabalhadores
"desalentados" -aqueles que
deixaram o mercado de trabalho
por não encontrar uma vaga. Até
hoje, essa categoria não era pesquisada, o que era motivo de várias críticas recebidas pelo IBGE.
"O desencorajado é aquele que
deixou de procurar porque não
achou emprego. Esse contingente
não vai ser somado à taxa de desemprego. Vamos manter a precisão dos conceitos", disse Marta
Mayer, diretora de pesquisa do
instituto. Os primeiros resultados
do desemprego oculto sairão em
fevereiro.
Ao contrário do IBGE, o Seade/
Dieese pesquisa desde 1985 o desemprego oculto. O IBGE pesquisa o desemprego aberto a partir
da resposta do entrevistado às
perguntas: 1) Você está empregado? 2) (se a resposta for não) Há
quanto tempo não procura emprego? Se o entrevistado disser
que não procurou emprego na última semana, não é considerado
desempregado, mas sim fora do
mercado e da PEA (População
Economicamente Ativa).
Nos últimos meses, o desemprego vinha baixando devido à
saída de pessoas da PEA. O próprio IBGE reconheceu que poderia ser por causa do desalento. No
entanto, essa tendência não se
confirmou em outubro, quando a
PEA cresceu 0,5%, e o desemprego acabou subindo.
Sérgio Mendonça, diretor técnico do Dieese, disse que a nova
pesquisa já é uma evolução, por
quantificar o desalento. Mas não
agregá-lo à taxa pode "confundir
as coisas".
A economista Zeina Latif, da
consultoria Tendências, concorda
que pode ser adotada essa taxa informal e defende que o IBGE pesquise também o desemprego
oculto. "Quanto mais informação, melhor."
Pela diferença de metodologias,
as diferenças entre as taxas de desemprego do IBGE e do Dieese
sempre chamaram atenção. Em
setembro, a do IBGE para São
Paulo foi 6,6%, enquanto a do
Dieese, 17,8%.
"Hoje medimos uma pressão
parcial na taxa de desemprego, a
dos que estão no mercado. Com a
nova pesquisa, teremos uma pressão total, dos que estão fora também", disse a economista do IBGE Shyrlene Ramos de Souza.
Lauro Ramos, do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), afirma que a medição do desemprego oculto é ineficaz. "É algo muito subjetivo." Para Ramos,
o desalentado pode ser aquele que
responde:"Se tivesse um emprego
que me pagasse bem eu trabalharia". Ou até alguém que fala: "Trabalharia de qualquer forma".
Ramos defende que o desemprego oculto tem de ser uma taxa
complementar. "Não é boa idéia
agregá-lo ao contingente de desempregados."
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