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Cenário externo é maior motivo de preocupação
Possibilidade de recessão nos EUA e falta de infra-estrutura podem barrar crescimento
Empresários e analistas
ressalvam que país ainda
depende do desempenho do
mercado internacional para
garantir crescimento maior
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do clima de otimismo, a possibilidade de recessão
nos EUA, o freio da falta de infra-estrutura e mão-de-obra e o
risco de aumento da inflação
são algumas das preocupações
no horizonte dos empresários.
Dependente da renda e do
emprego, o setor de alimentos,
por exemplo, espera um período morno em 2008. Nos últimos 12 meses, as vendas das
empresas de alimentos e bebidas cresceram 3% em volume,
abaixo da evolução geral da
economia.
"O resultado não é lá essas
coisas", afirma Denis Ribeiro,
diretor da Abia (Associação
Brasileira das Indústrias da Alimentação).
Na análise do setor, o crescimento de outras áreas calcado
no crédito, principalmente para o setor de bens duráveis, deve continuar tirando o fôlego
das vendas de alimentos.
"Quando o consumidor se
compromete mais com o crediário, o orçamento mingua e
afeta o resultado na área de alimentos", afirma Ribeiro.
Fernando Excel, sócio da
consultoria Economática, também não compartilha de avaliações muito otimistas em relação a 2008, devido, principalmente, à ameaça de um ambiente externo difícil.
"Ainda continuamos com
forte dependência em relação
ao mercado internacional. Foi
o crescimento brutal de China
e Índia o responsável por melhorar as contas externas do
país. E o país não aproveitou o
período para azeitar sua máquina produtiva com reformas
que deveriam ter sido feitas."
Para Paulo Cezar Aragão, sócio do escritório de advocacia
Barbosa, Müssnich & Aragão,
as ações populistas dos presidentes Hugo Chávez e Evo Morales, cada vez mais concretas,
também podem gerar preocupação e instabilidade.
A maioria dos empresários
ouvidos, na verdade, preocupa-se com o cenário externo. "Se
houver deterioração do quadro
internacional, certamente o
Brasil será afetado", diz Hugo
Marques da Rosa, presidente
da Método Engenharia. "Felizmente, nossa vulnerabilidade é
menor do que no passado."
Com aumento de receita de
70% em 2007 em relação ao
ano anterior e pedidos em carteira que devem impulsionar o
faturamento da Método em
mais 30% em 2008, as preocupações de Rosa são outras. Para
ele, a escassez de insumos no
setor de construção civil é a
verdadeira ameaça, que pode
levar a aumentos desproporcionais de custos.
Ruy Hirschheimer, presidente para a América Latina da
multinacional Electrolux, também não espera para o ano que
vem um patamar de crescimento à altura do de 2007.
"O otimismo em relação a
2008 é mais moderado", afirma. Hirschheimer considera
que a expansão no crédito, que
impulsionou as vendas neste
ano, ficará abaixo do patamar
de quase 25% de 2007.
O crescimento da Electrolux
neste ano, afirma Hirschheimer (sem revelar números),
"atingirá a casa dos dois dígitos". Mas a tendência, acredita,
é de um 2008 bom, "mas nem
tanto quanto 2007".
(FCZ e CB)
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