São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Cenário externo é maior motivo de preocupação

Possibilidade de recessão nos EUA e falta de infra-estrutura podem barrar crescimento

Empresários e analistas ressalvam que país ainda depende do desempenho do mercado internacional para garantir crescimento maior

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do clima de otimismo, a possibilidade de recessão nos EUA, o freio da falta de infra-estrutura e mão-de-obra e o risco de aumento da inflação são algumas das preocupações no horizonte dos empresários.
Dependente da renda e do emprego, o setor de alimentos, por exemplo, espera um período morno em 2008. Nos últimos 12 meses, as vendas das empresas de alimentos e bebidas cresceram 3% em volume, abaixo da evolução geral da economia.
"O resultado não é lá essas coisas", afirma Denis Ribeiro, diretor da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação).
Na análise do setor, o crescimento de outras áreas calcado no crédito, principalmente para o setor de bens duráveis, deve continuar tirando o fôlego das vendas de alimentos.
"Quando o consumidor se compromete mais com o crediário, o orçamento mingua e afeta o resultado na área de alimentos", afirma Ribeiro.
Fernando Excel, sócio da consultoria Economática, também não compartilha de avaliações muito otimistas em relação a 2008, devido, principalmente, à ameaça de um ambiente externo difícil.
"Ainda continuamos com forte dependência em relação ao mercado internacional. Foi o crescimento brutal de China e Índia o responsável por melhorar as contas externas do país. E o país não aproveitou o período para azeitar sua máquina produtiva com reformas que deveriam ter sido feitas."
Para Paulo Cezar Aragão, sócio do escritório de advocacia Barbosa, Müssnich & Aragão, as ações populistas dos presidentes Hugo Chávez e Evo Morales, cada vez mais concretas, também podem gerar preocupação e instabilidade.
A maioria dos empresários ouvidos, na verdade, preocupa-se com o cenário externo. "Se houver deterioração do quadro internacional, certamente o Brasil será afetado", diz Hugo Marques da Rosa, presidente da Método Engenharia. "Felizmente, nossa vulnerabilidade é menor do que no passado."
Com aumento de receita de 70% em 2007 em relação ao ano anterior e pedidos em carteira que devem impulsionar o faturamento da Método em mais 30% em 2008, as preocupações de Rosa são outras. Para ele, a escassez de insumos no setor de construção civil é a verdadeira ameaça, que pode levar a aumentos desproporcionais de custos.
Ruy Hirschheimer, presidente para a América Latina da multinacional Electrolux, também não espera para o ano que vem um patamar de crescimento à altura do de 2007.
"O otimismo em relação a 2008 é mais moderado", afirma. Hirschheimer considera que a expansão no crédito, que impulsionou as vendas neste ano, ficará abaixo do patamar de quase 25% de 2007.
O crescimento da Electrolux neste ano, afirma Hirschheimer (sem revelar números), "atingirá a casa dos dois dígitos". Mas a tendência, acredita, é de um 2008 bom, "mas nem tanto quanto 2007". (FCZ e CB)


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