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Para empresários, Bolsa cresce com a economia real
Mesmo com valorização de 1.600% nas ações, nos últimos
cinco anos, analistas acreditam em novas altas em 2008
Empresários refutam tese
de "exuberância irracional"
no mercado e esperam
investimentos e aumento
da demanda interna
DA REPORTAGEM LOCAL
O jornal britânico "Financial
Times" publicou neste mês
uma reportagem em que dizia
que a Bolsa brasileira vivia um
momento de exuberância irracional: "Desde o corte da taxa
de redesconto [que remunera
os empréstimos entre instituições financeiras] pelo Fed
[banco central dos EUA], em
agosto, os mercados brasileiros
parecem tão racionais quanto
uma festa no cemitério".
Entre os argumentos apresentados, está o fato de que, depois de cinco anos de alta e valorização de 1.600% em dólares, "o valor de oportunidade
desapareceu". Para o jornal, o
fato de a relação entre o preço
das ações e o lucro das empresas listadas na Bovespa, de 17,8
vezes, ser quase o mesmo da
S&P 500, índice das 500 maiores corporações americanas, tiraria os atrativos do mercado
local. Outro motivo que sustenta a tese é que o valor de mercado da Bovespa é de US$ 13 bilhões, enquanto a Nasdaq vale
US$ 5,2 bilhões. E que o volume
diário médio negociado na Bovespa passou de R$ 2,5 bilhões,
em 2006, para R$ 4,5 bilhões
neste ano, além de ter girado
R$ 8 bilhões, após a abertura de
capital da própria Bolsa.
O jornal alertava para uma
possível saída brusca de investidores estrangeiros que sustentam o movimento e que acabaria com essa exuberância.
Os empresários brasileiros
discordam com um argumento
básico: a valorização dos papéis
das companhias nacionais
acontece em cima de crescimento real, impulsionado por
demanda reprimida.
Enquanto o lucro apurado
entre 220 empresas, nos primeiros nove meses do ano,
cresceu 45,6% sobre 2006, a
Bovespa subiu 37%. Isso significa espaço para valorização das
ações, segundo analistas.
"As classes mais baixas, que
tiveram aumento de renda,
consomem na periferia, nas lojinhas de sua região", diz Marcel Malczewski, presidente da
empresa de automação Bematech. "É esse pequeno varejo,
em razão da pressão do fisco e
em busca de controles, que está
se informatizando."
Carlos Eduardo Schahin, diretor-executivo do Grupo
Schahin, concorda com a tese
do "Financial Times". "O mercado está muito líquido, e os especuladores têm grande poder
de barganha", diz. "Cerca de
70% dos investimentos na Bovespa são feitos por estrangeiros, o que deixa o ambiente
muito volátil." Para ele, a maior
parte das empresas está crescendo e, mesmo com a volatilidade financeira, a tendência é
de aumento dos negócios.
Espécie de centrais de indicadores antecedentes de investimentos, os escritórios de advocacia e os bancos de investimento dizem ter em carteira
mandados para novas emissões, aberturas de capitais e de
fusões e aquisições suficientes
para manter esse incremento.
"A hipótese de crescimento é
muito forte graças ao potencial
de expansão do mercado consumidor e ao fato de o país dever alcançar o "investment grade" [nota dada por agências de
risco] no próximo ano", afirma
José Olympio Pereira, diretor
do banco de investimentos
Credit Suisse.
(CRISTIANE BARBIERI)
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