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Lucro bilionário dos bancos tem alta de 90% em 2007
Cinco maiores instituições privadas do país registram ganho líquido somado de R$ 18,48 bilhões até o terceiro trimestre
Expansão do crédito, maior acesso aos serviços bancários e venda de participação em empresas impulsionam resultado
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor bancário não tem do
que reclamar. Os lucros bilionários alcançados nos últimos
tempos têm se repetido -e aumentado- neste ano. Considerando cinco dos maiores bancos privados do país (Bradesco,
Itaú, ABN Real, Santander e
Unibanco), os lucros líquidos
alcançados entre janeiro e setembro deste ano somaram o
montante de R$ 18,48 bilhões, o
que representou uma elevação
de 90% em relação ao mesmo
período de 2006.
A expansão da oferta de crédito, que parece estar longe de
seu fim, segue como uma forte
propulsora dos resultados exuberantes do setor bancário.
A maior bancarização -ou
seja, mais pessoas têm aberto
contas e se utilizado de serviços
bancários- também tem tido
papel relevante, ao favorecer e
elevar os ganhos com tarifas e
serviços.
A diferença de 90% notada
neste ano em relação a 2006 teve também impacto de alguns
fatores extraordinários. Neste
ano, a venda de participação
dos bancos em outras empresas, como a Redecard e a Serasa, ajudou a inflar seus lucros.
Por outro lado, em 2006 os
bancos realizaram pesadas
amortizações de ágios de compras que fizeram em anos anteriores, o que encolheu um pouco os resultados do período.
Deixando esses fatores extraordinários de lado, chama a
atenção a contínua expansão
da carteira de crédito. Um crescimento de 28,9% levou o crédito total ofertado por esses
bancos privados à cifra inédita
de R$ 378,34 bilhões em setembro último. Até o fim do ano, o
montante deve ultrapassar os
R$ 400 bilhões.
"O potencial de crescimento
do crédito dos bancos ainda é
muito elevado. A relação crédito/PIB no Brasil ainda é baixa
em comparação a outros países, o que demonstra que ainda
há muito espaço para se expandir. Nesse aspecto, os bancos
ainda têm muito o que lucrar",
afirma Ariadne Arnosti, analista financeira do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em
Administração).
Quem destoou desse crescimento considerável de lucros
foi o Banco do Brasil, que, na
comparação entre janeiro e setembro de 2006 e o mesmo período deste ano, teve queda de
quase 20% em seu lucro -mas
que ficou em elevados R$ 3,84
bilhões até o 3º trimestre.
Gastos extras, especialmente
os decorrentes de um programa de demissões voluntárias e
aposentadorias antecipadas
lançado pelo BB, engoliram
parte de seu lucro no período.
No primeiro semestre do ano, a
adesão de cerca de 7.000 bancários a esse programa gerou
custo extra de R$ 446 milhões.
Com a interrupção do processo de queda da taxa básica
Selic -que serve de referência
para as taxas praticadas no
mercado-, a carteira de crédito
dos bancos tende a se tornar
ainda mais lucrativa, pois segue
em expansão sem que os juros
cobrados encolham.
Ana Higa, economista-sênior
da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), afirma que o
crescimento do crédito "tem sido um destaque" nos resultados dos bancos. "A taxa de crescimento do crédito nos anos recentes foi superior a 20% e deve se manter nesse ritmo nos
próximos anos."
Outro item que tem se destacado são as receitas com serviços (que incluem tarifas bancárias, taxas de administração de
fundos e cartões, entre outros
itens). Somando os maiores
bancos privados, essas receitas
subiram 16,5% entre os primeiros nove meses de 2006 e o
mesmo período deste ano, alcançando R$ 23,44 bilhões.
Com isso, a participação dos
serviços bancários nas receitas
totais dos bancos tem crescido
de forma importante nos últimos anos. De aproximadamente 6,5% de participação em
1994, os serviços passaram a representar cerca de 19% das receitas agora, como mostram os
últimos balanços publicados.
Isso significa que cada vez mais
os serviços têm sido relevantes
para os ganhos dos bancos.
Higa, da Febraban, afirma
que, se for comparar os resultados atuais das instituições com
os registrados no começo do
período da estabilização, após a
implantação do Plano Real,
"houve uma mudança na composição dos ganhos", pois naquele tempo havia retornos relevantes de itens como o chamado "floating".
A alta inflação, somada às taxas elevadas do overnight (aplicações feitas por um dia), criava
um ambiente que favorecia a
busca pelo "floating": os bancos
aproveitavam os recursos depositados nas contas para reaplicá-los enquanto estavam indisponíveis para movimentação. Após a estabilização, uma
das saídas encontradas pelos
bancos, com a perda de dinamismo do "floating", foi ampliar o mix de produtos oferecidos e de tarifas cobradas. Somadas à expansão da bancarização, as receitas com serviços
passaram a ter um peso maior
no resultado das instituições.
"Temos de considerar que
tem havido um maior acesso
aos serviços bancários. A utilização de cartões de crédito e
débito tem crescido bastante",
afirma Higa.
Cartões em expansão
Os últimos balanços divulgados pelos bancos também mostraram que está crescendo a relevância dos cartões de crédito
em suas carteiras.
O Bradesco apresentou um
crescimento de 62% em 12 meses no volume movimentado
com cartões de crédito, que
chegou a R$ 7,23 bilhões em setembro último. No caso do Unibanco, o crescimento foi de
32%, com o volume alcançando
R$ 5,6 bilhões. O Santander registrou aumento de 65%, com
movimento de R$ 2,09 bilhões
acumulado até o fim do terceiro
trimestre.
O Itaú apresentou uma expansão menor no período, de
19%, mas a base do banco no
segmento é muito elevada,
marcando R$ 9,47 bilhões.
Pesquisa realizada pela Itaucard projeta que o número de
plásticos em circulação deve alcançar os 91 milhões ainda neste mês. Isso representa um
crescimento de 17% em relação
a novembro de 2006. Ou seja, já
há praticamente um cartão de
crédito para cada dois brasileiros. Em 2005, havia cerca de 60
milhões de cartões no mercado.
Para as instituições financeiras, essa mudança de comportamento do brasileiro, com rápida ampliação no uso de cartões, tem se revertido em mais
uma rentável fonte de ganhos.
O faturamento da indústria
de cartões de crédito já alcançou neste ano, até outubro, R$
144,8 bilhões -aumento de
21% em relação a 2006.
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