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Disputa entre Estados pelos royalties do pré-sal se acirra
Cabral sobe o tom e diz que querem "roubar" o Rio nos repasses das áreas já licitadas
Proposta que aumenta repasse de royalties para Estados não produtores de petróleo foi apresentada pelo governador de PE
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A guerra pelos recursos do
pré-sal (royalties e participação especial) foi oficialmente
deflagrada ontem, com a disputa pela redistribuição dos repasses das áreas já licitadas e
ainda não exploradas -que representam um quarto do total.
Sem controle das bancadas,
os líderes governistas na Câmara esperam a intervenção do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para votar neste ano o
projeto que altera o modelo de
exploração de petróleo.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB),
atacou ontem, por duas vezes,
os deputados governistas que
defendem aumentar de 7,5%
para 44% os royalties de campos já licitados -como Tupi,
Jubarte e Iara- para beneficiar
todos os Estados e municípios.
Cabral disse que os defensores dessa mudança querem
"roubar" o Rio e classificou a
ideia de "ameaça, butim e desrespeito ao pacto federativo".
"São deputados da base do
governo assinando emendas, é
um governador da base do governo fazendo proselitismo e
demagogia", criticou.
A proposta que irrita Cabral
foi apresentada pelo governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), que já conquistou o apoio não apenas do Nordeste como dos Estados não
produtores de petróleo.
"Não aceito sentar para discutir 1% do que já foi licitado. É
desrespeito, covardia, oportunismo. Parlamentar que acha
que será beneficiado eleitoralmente está equivocado", disse
durante reunião com deputados federais do Rio e Espírito
Santo, que decidiram dificultar
todas as votações no plenário
até uma decisão de Lula.
Depois de se reunir com os líderes governistas da Câmara e
com o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB), Cabral
anunciou que vai tratar do tema hoje com Lula. "Claro que
estou bravo. Não quero brigar
com o presidente Lula, mas ele
é responsável também por garantir o acordo", disse.
A posição de Cabral pode,
contudo, inviabilizar um acordo no plenário. "Estamos começando uma negociação.
Mas, se ele insistir nessas declarações, dificulta muito", disse o líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF), autor de uma
proposta que beneficia os não
produtores de petróleo.
Cientes da derrota iminente
se o projeto começar a ser debatido, deputados fluminenses
e capixabas vão pressionar o
governo federal. Ontem fracassou a tentativa do governo de
convocar os líderes do PDT, PP,
PR, PTB e PSB para almoço
com Cabral e Paulo Hartung
(PMDB), governador do ES.
Apenas os representantes do
PSB e do PP participaram. Nenhum líder, nem mesmo do PT
e do PMDB, tem apoio integral
das bancadas para manter os
repasses em áreas já licitadas.
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