São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pequena está distante, diz Eleazar

7.jan.02 - Sérgio Lima/Folha Imagem
Eleazar de Carvalho Filho, presidente do BNDES, no dia da posse


DO PAINEL S.A.

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Eleazar de Carvalho Filho, admite que há ainda muito o que fazer para melhorar o perfil dos investimentos do banco.
Ele reconhece que há ainda uma concentração grande de recursos para as grandes empresas e para a região Sudeste, mas diz que, nesses últimos oito anos, houve um crescimento muito grande da produtividade na economia brasileira e o BNDES teve um papel importante nesse processo.
Eleazar diz que ainda há muitas dificuldades de acesso das pequenas e médias empresas aos financiamentos do banco. Ele explica que o grande problema é que as pequenas e médias empresas têm muitas dificuldades de apresentar as garantias exigidas para a obtenção dos recursos.
"A exigência das garantias é normal em qualquer instituição bancária", diz Eleazar.
O presidente do BNDES prefere ressaltar, no entanto, o fato de ter aumentado significativamente o número de operações de empréstimo para as pequenas e médias empresas, apesar da queda da participação do valor dos empréstimos sobre o total do orçamento.
O número de operações para as pequenas e médias empresas aumentou de 367 em 1995, primeiro ano do governo FHC, para 4.600 em 2001 e em 2002.

Investimentos, não giro
Um grande problema, de acordo com Eleazar, é que muitas pequenas empresas procuram o BNDES em busca de dinheiro para capital de giro, quando o banco só concede empréstimos para investimentos.
O presidente do BNDES reconhece também que, nos últimos oito anos, o banco teve que destinar financiamentos pesados para investimentos no setor de infra-estrutura por causa da privatização.
Para completar, neste ano, com a "seca" dos empréstimos externos, o banco foi obrigado a conceder financiamentos à exportação. "O cobertor é curto", diz Eleazar.

Projetos, não regiões
Sobre a distribuição regional dos financiamentos, Eleazar diz que o banco financia projetos e não regiões. E a maior parte dos investimentos ocorre na região Sudeste, o grande centro econômico do país.
Além disso, cabe registrar que os grandes investimentos em decorrência da privatização, principalmente da área de telefonia, foram feitos no Sudeste e o BNDES financiou boa parte deles.
Eleazar diz também que há ainda um grande desconhecimento das empresas de fora do Sudeste em relação aos programas de financiamentos do banco.

Reuniões pelo país
Foi por essa razão, inclusive, que ele promoveu, neste ano, reuniões da diretoria em todas os Estados do país com o objetivo de levar os programas do banco a outras regiões.
Sobre o fato de os financiamentos na área social terem estacionado na faixa de R$ 1,2 bilhão nos últimos anos, Eleazar reconhece que há ainda uma distância grande até os R$ 5 bilhões prometidos para 2005 no plano estratégico do BNDES.
Uma das grandes dificuldades para a concessão de empréstimos para a área social, segundo Eleazar, diz respeito ao retorno dos projetos. O banco utiliza dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e precisa ter o retorno de seus empréstimos para poder remunerar esses recursos.
De acordo com Eleazar, o desafio de aumentar os desembolsos para a para a área social fica para o próximo governo. "Vou ficar muito feliz se o próximo governo elevar os financiamentos para a área social para R$ 2 bilhões já em 2003", diz Eleazar.
Eleazar é o presidente do BNDES desde 7 de janeiro deste ano. Ele substituiu a Francisco Gros, que assumiu a presidência da Petrobras. (GB)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Investimento cresce, mas não alavanca PIB
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.