São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Investimento cresce, mas não alavanca PIB

DO PAINEL S.A.

Apesar de os empréstimos do BNDES terem saltado de R$ 7 bilhões em 1995 para mais de R$ 32 bilhões em 2002, eles não foram suficientes para impedir os baixos índices de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nos oito anos de governo FHC. A taxa média de expansão do PIB nos anos FHC deverá ficar em cerca de 2,5% ao ano.
Em novembro deste ano, o presidente do BNDES, Eleazar de Carvalho Filho, previu que, depois de dois anos de baixa expansão, o Brasil poderá crescer até 4% em 2003. "Não é nenhum absurdo falar em crescimento de 4% para o ano que vem."
O país, diz ele, vive hoje um clima bastante positivo, que deverá incentivar os empresários a desengavetar projetos de investimentos a partir do início do ano.
Segundo o economista Celso Toledo, da MCM Consultores Associados, o grande problema é que, diante das restrições ao crédito, o megaorçamento do BNDES se tornou pequeno para atender às necessidades do país.
Toledo compara os recursos do BNDES com as despesas do governo. "Os R$ 20 bilhões do BNDES por ano, ao longo desses oito anos, não é muito se considerarmos que o gasto anual com pessoal e encargos do setor público é de cerca de R$ 77 bilhões", diz o economista.
O total de investimentos do país é calculado em cerca de 20% do PIB. Ou seja, R$ 260 bilhões. O orçamento do BNDES deste ano corresponde a cerca de 12% desse total. Na média dos últimos oito anos, a participação do banco foi de 8% do total de investimentos do país.
Dadas as precárias condições de crédito no país, o papel do BNDES foi fundamental nesses oito anos de governo FHC. "Se não fossem os recursos do BNDES, o desempenho da economia poderia ser ainda pior", diz Isac Zagury, vice-presidente do BNDES. "Não será o BNDES que irá carregar sozinho a economia", diz João Carlos Ferraz, economista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
De acordo com Zagury, o BNDES trabalhou nesses oito anos no chamado "contra-ciclo da economia". Ou seja, enquanto a economia crescia a uma taxa pequena, o BNDES ampliava seu orçamento, com a quebra sucessiva de recordes do seu orçamento.
Zagury observa que, como o BNDES financia em média 50% do investimento de uma determinada empresa, os desembolsos do banco durante os anos FHC representaram investimentos totais de cerca de R$ 320 bilhões.
Para Toledo, o desastre do governo FHC no que se refere ao desempenho da economia deve-se ao fato de não ter conseguido diminuir o tamanho do Estado. Ou seja, conseguir gastar menos com funcionalismo e previdência.
"Essa é a única forma de liberar mais recursos para investimentos, além de abrir espaço para a reforma tributária", afirma Toledo. Para crescer mais, o país precisará aumentar significativamente a participação dos investimentos. (GB)


Texto Anterior: Pequena está distante, diz Eleazar
Próximo Texto: Opinião econômica - Paulo Rabello de Castro: Vêm aí os pós-liberais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.