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Investimento cresce, mas não alavanca PIB
DO PAINEL S.A.
Apesar de os empréstimos do
BNDES terem saltado de R$ 7 bilhões em 1995 para mais de R$ 32
bilhões em 2002, eles não foram
suficientes para impedir os baixos
índices de crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) nos oito
anos de governo FHC. A taxa média de expansão do PIB nos anos
FHC deverá ficar em cerca de
2,5% ao ano.
Em novembro deste ano, o presidente do BNDES, Eleazar de
Carvalho Filho, previu que, depois de dois anos de baixa expansão, o Brasil poderá crescer até 4%
em 2003. "Não é nenhum absurdo
falar em crescimento de 4% para
o ano que vem."
O país, diz ele, vive hoje um clima bastante positivo, que deverá
incentivar os empresários a desengavetar projetos de investimentos a partir do início do ano.
Segundo o economista Celso
Toledo, da MCM Consultores Associados, o grande problema é
que, diante das restrições ao crédito, o megaorçamento do
BNDES se tornou pequeno para
atender às necessidades do país.
Toledo compara os recursos do
BNDES com as despesas do governo. "Os R$ 20 bilhões do
BNDES por ano, ao longo desses
oito anos, não é muito se considerarmos que o gasto anual com
pessoal e encargos do setor público é de cerca de R$ 77 bilhões", diz
o economista.
O total de investimentos do país
é calculado em cerca de 20% do
PIB. Ou seja, R$ 260 bilhões. O orçamento do BNDES deste ano
corresponde a cerca de 12% desse
total. Na média dos últimos oito
anos, a participação do banco foi
de 8% do total de investimentos
do país.
Dadas as precárias condições de
crédito no país, o papel do
BNDES foi fundamental nesses
oito anos de governo FHC. "Se
não fossem os recursos do
BNDES, o desempenho da economia poderia ser ainda pior", diz
Isac Zagury, vice-presidente do
BNDES. "Não será o BNDES que
irá carregar sozinho a economia",
diz João Carlos Ferraz, economista da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro).
De acordo com Zagury, o
BNDES trabalhou nesses oito
anos no chamado "contra-ciclo
da economia". Ou seja, enquanto
a economia crescia a uma taxa pequena, o BNDES ampliava seu orçamento, com a quebra sucessiva
de recordes do seu orçamento.
Zagury observa que, como o
BNDES financia em média 50%
do investimento de uma determinada empresa, os desembolsos do
banco durante os anos FHC representaram investimentos totais
de cerca de R$ 320 bilhões.
Para Toledo, o desastre do governo FHC no que se refere ao desempenho da economia deve-se
ao fato de não ter conseguido diminuir o tamanho do Estado. Ou
seja, conseguir gastar menos com
funcionalismo e previdência.
"Essa é a única forma de liberar
mais recursos para investimentos, além de abrir espaço para a
reforma tributária", afirma Toledo. Para crescer mais, o país precisará aumentar significativamente a participação dos investimentos.
(GB)
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