São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

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Imóveis e bancos são apostas da Bovespa

Ações desses setores e de infra-estrutura devem ser bom investimento; analistas estimam alta de 20%

Renato Stockler - 29.nov.06/Folha Imagem
Prédio na região de Santana; setor deve ser destaque em 2007


JULIANA SIQUEIRA

DA REUTERS

A Bolsa de Valores de São Paulo deve ser um dos melhores investimentos no país em 2007, segundo analistas, que vêem potencial de valorização de cerca de 20%.
Os destaques devem ser os setores imobiliário e de infra-estrutura, diante da expectativa de medidas do governo para estimular o crescimento.
Os bancos também devem se beneficiar desse movimento e são quase unanimidade entre os setores indicados por analistas. Bastante citados também são os segmentos de mineração, varejo e alimentos. Já o setor de energia é apontado com ressalvas.
"O cenário que a gente traça [para 2007] é de um ano parecido com 2006: positivo para mercados emergentes e a economia brasileira, com a economia internacional se desacelerando de forma suave, o que garante fluxo de recursos para os emergentes", diz Álvaro Bandeira, diretor da Ágora Senior CTVM e presidente da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais).
O principal indicador da Bolsa paulista, o Ibovespa, acumula ganho de cerca de 30% em 2006, com nível recorde acima de 44 mil pontos. O impulso veio principalmente da queda dos juros, atualmente em 13,25% ao ano, e do cenário externo relativamente tranqüilo.
Desde 2003, a alta do Ibovespa é de cerca de 280%, enquanto o volume médio diário saltou de R$ 818 milhões para R$ 2,4 bilhões, evidenciando o maior apetite por ações. Contribuiu para o bom desempenho do índice o número recorde de ofertas públicas de ações -mais de R$ 30 bilhões neste ano.
"Com a continuidade da queda dos juros, a perspectiva de o Brasil virar "investment grade" nos próximos anos e a persistente liquidez internacional, a Bolsa deve manter papel de destaque", afirmaram o estrategista da Corretora Itaú Tomás Awad e o diretor de pessoas físicas Júlio Ziegelmann.
Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner, é cauteloso e acha que o ano ainda será bom para a Bolsa, mas difícil. "Minha projeção é de 48 mil pontos de máxima [para o Ibovespa] no ano que vem. Imagino que isso acontecerá no primeiro trimestre, depois o mercado fica estável."

Ajuda externa
Os estrangeiros tiveram forte presença nos ganhos da Bolsa nos últimos quatro anos. A participação média desses investidores foi de 26% no período, e o saldo positivo médio, de cerca de R$ 4 bilhões por ano.
O destaque foi 2003, quando o superávit de estrangeiros foi de R$ 7,5 bilhões. Em 2006, deve ficar perto de R$ 1 bilhão.
O maior risco apontado por analistas para o desempenho da Bovespa é o ritmo da economia global, em especial a dos EUA, embora eles não esperem mudanças significativas.

Setores
Recentemente, foi anunciada isenção do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido para novos fundos de investimento em infra-estrutura e o uso de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões de recursos do FGTS para subsidiar a compra da casa própria, o que aumenta a aposta de analistas em segmentos específicos.
Entre os setores, analistas destacam os que se beneficiam das medidas de crescimento preparadas pelo governo.
"Alguns setores têm bom potencial ao longo do ano, principalmente os relacionados a infra-estrutura, o agrícola, a alimentos e a energias alternativas. Está mais do que claro que um dos fatores pelos quais o país não consegue crescer mais é por conta desses gargalos de infra-estrutura", diz Adriano Blanaru, chefe do departamento de análise da corretora Link.


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