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Mercado prevê expansão modesta até 2010
Pesquisa do BC com especialistas aponta que, nos próximos 4 anos, crescimento será de apenas 3,55% ao ano, em média
Avanço mais forte seria de 3,65%, alcançado apenas em 2010; gastos públicos e gargalos na infra-estrutura são maiores preocupações
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das promessas do governo sobre medidas para "destravar" a economia, analistas
ainda crêem numa expansão
bastante modesta nos próximos quatro anos. A expectativa
é que, entre 2007 e 2010, o país
cresça, em média, 3,55% ao
ano, distante dos 5% anunciados pelo presidente Lula no dia
de sua reeleição.
A estimativa faz parte de pesquisa feita pelo BC com analistas de bancos e empresas de
consultoria. De acordo com esse levantamento, o crescimento mais forte do segundo mandato de Lula seria de 3,65%, a
ser alcançado apenas em 2010.
É preciso considerar que a
margem de erro desse tipo de
previsão é muito grande, mas
serve como indicador da confiança do setor privado no desempenho da economia. Se a
expectativa é de um baixo nível
de crescimento no futuro, empresários e consumidores podem ser influenciados a, desde
já, reduzir seus níveis de investimento e consumo.
De qualquer modo, quando
se analisam as previsões feitas
pelo mercado no final de 2002
para o desempenho da economia nos primeiros quatro anos
de governo Lula, percebe-se
que os analistas erraram a mão
nas projeções para o crescimento, mas erraram para cima.
Há quatro anos, a expectativa
do mercado era a de que Lula
fosse comandar um governo
bem menos comprometido
com a ortodoxia econômica.
Esperavam-se juros mais baixos e menor rigor fiscal, o que,
pelas contas feitas à época, levaria a expansão mais forte.
Em dezembro de 2002, a estimativa era a de uma redução
gradual da meta para o superávit primário (economia do governo para pagar juros), que
sairia dos 3,75% do PIB daquela
época para 3,2% neste ano. No
final, o governo aumentou a
meta para 4,25% em 2003,
mantendo-a nesse nível.
Os juros, por sua vez, cairiam
aos poucos até chegar a 14% ao
ano em 2006. Embora hoje a
taxa Selic esteja em 13,25% ao
ano, entre 2003 e 2005 ela ficou num nível mais elevado do
que o projetado há quatro anos.
Combinados esses fatores, a
economia brasileira cresceria
3,5% em 2005 e 4% em 2006,
de acordo com as projeções.
Mas no ano passado a expansão
do PIB foi de apenas 2,2%, e deve ficar abaixo de 3% neste ano.
Para os próximos quatro
anos, os analistas consultados
pelo BC apostam na manutenção do conservadorismo da política econômica. Segundo a pesquisa, a meta de superávit
primário será mantida em
4,25% do PIB e a Selic cairá
pouco em relação ao nível atual
-cerca de um ponto percentual por ano até 2009, quando
se estabilizaria em 10%.
Entre os entraves mais comuns ao crescimento citados
pelos analistas, está a preocupação com os gastos do governo. O argumento, nesse caso, é
o de que uma redução no nível
das despesas públicas abriria
espaço para uma queda da carga tributária, o que, em tese, estimularia os investimentos.
Além disso, existem os chamados gargalos da infra-estrutura. Estudo divulgado há um mês pelo Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada)
apontava, entre outras coisas,
que o país não teria como produzir energia elétrica suficiente para sustentar um ritmo de crescimento muito maior do
que 3,5% nos próximos anos.
O governo dá indicações de
que acompanha essa questão
de perto. Até agora, porém, nada foi anunciado, e há dúvidas,
tanto no governo quanto no setor privado, sobre o impacto de
que novas medidas no setor de
infra-estrutura teriam sobre o
nível de atividade.
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