São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

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Mercado prevê expansão modesta até 2010

Pesquisa do BC com especialistas aponta que, nos próximos 4 anos, crescimento será de apenas 3,55% ao ano, em média

Avanço mais forte seria de 3,65%, alcançado apenas em 2010; gastos públicos e gargalos na infra-estrutura são maiores preocupações

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar das promessas do governo sobre medidas para "destravar" a economia, analistas ainda crêem numa expansão bastante modesta nos próximos quatro anos. A expectativa é que, entre 2007 e 2010, o país cresça, em média, 3,55% ao ano, distante dos 5% anunciados pelo presidente Lula no dia de sua reeleição.
A estimativa faz parte de pesquisa feita pelo BC com analistas de bancos e empresas de consultoria. De acordo com esse levantamento, o crescimento mais forte do segundo mandato de Lula seria de 3,65%, a ser alcançado apenas em 2010.
É preciso considerar que a margem de erro desse tipo de previsão é muito grande, mas serve como indicador da confiança do setor privado no desempenho da economia. Se a expectativa é de um baixo nível de crescimento no futuro, empresários e consumidores podem ser influenciados a, desde já, reduzir seus níveis de investimento e consumo.
De qualquer modo, quando se analisam as previsões feitas pelo mercado no final de 2002 para o desempenho da economia nos primeiros quatro anos de governo Lula, percebe-se que os analistas erraram a mão nas projeções para o crescimento, mas erraram para cima.
Há quatro anos, a expectativa do mercado era a de que Lula fosse comandar um governo bem menos comprometido com a ortodoxia econômica. Esperavam-se juros mais baixos e menor rigor fiscal, o que, pelas contas feitas à época, levaria a expansão mais forte.
Em dezembro de 2002, a estimativa era a de uma redução gradual da meta para o superávit primário (economia do governo para pagar juros), que sairia dos 3,75% do PIB daquela época para 3,2% neste ano. No final, o governo aumentou a meta para 4,25% em 2003, mantendo-a nesse nível.
Os juros, por sua vez, cairiam aos poucos até chegar a 14% ao ano em 2006. Embora hoje a taxa Selic esteja em 13,25% ao ano, entre 2003 e 2005 ela ficou num nível mais elevado do que o projetado há quatro anos.
Combinados esses fatores, a economia brasileira cresceria 3,5% em 2005 e 4% em 2006, de acordo com as projeções. Mas no ano passado a expansão do PIB foi de apenas 2,2%, e deve ficar abaixo de 3% neste ano.
Para os próximos quatro anos, os analistas consultados pelo BC apostam na manutenção do conservadorismo da política econômica. Segundo a pesquisa, a meta de superávit primário será mantida em 4,25% do PIB e a Selic cairá pouco em relação ao nível atual -cerca de um ponto percentual por ano até 2009, quando se estabilizaria em 10%.
Entre os entraves mais comuns ao crescimento citados pelos analistas, está a preocupação com os gastos do governo. O argumento, nesse caso, é o de que uma redução no nível das despesas públicas abriria espaço para uma queda da carga tributária, o que, em tese, estimularia os investimentos.
Além disso, existem os chamados gargalos da infra-estrutura. Estudo divulgado há um mês pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontava, entre outras coisas, que o país não teria como produzir energia elétrica suficiente para sustentar um ritmo de crescimento muito maior do que 3,5% nos próximos anos.
O governo dá indicações de que acompanha essa questão de perto. Até agora, porém, nada foi anunciado, e há dúvidas, tanto no governo quanto no setor privado, sobre o impacto de que novas medidas no setor de infra-estrutura teriam sobre o nível de atividade.


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