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MARCHA LENTA
Para analista, Brasil, com crescimento de 1% neste ano, deve atravancar o crescimento da América Latina
AL ainda deve crescer menos que a África
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo terceiro ano consecutivo,
os países emergentes da América
Latina vão amargar crescimento
menor (2,4%) que os da África
(3,8%), segundo projeções do Institute of International Finance.
Segundo Robin Bew, economista-chefe da Economist Intelligence Unit (EIU), o desempenho da
economia brasileira será o maior
freio à expansão da região. "O
Brasil vai atravancar o crescimento da América Latina", afirma
Bew.
Segundo o economista, a crise
na Venezuela certamente também trará sérias consequências
para a região e até para o mundo
caso a produção de petróleo do
país continue deprimida.
Já a crise política na Venezuela
aumenta ainda mais a aversão de
investidores externos em relação
à América Latina.
No entanto, o Brasil tem peso
maior na definição dos rumos
econômicos da região.
"Esperamos crescimento de
apenas 1% para o Brasil novamente este ano. Isso é ruim para
toda a América Latina", afirma
Bew.
Segundo ele, o pior é que o governo brasileiro terá pouco espaço para manobras. Com o câmbio
desvalorizado, a inflação deverá
ser alta novamente. Isso reduz as
chances de corte de juros.
Com a necessidade de aumentar o rigor fiscal, o governo também não poderá injetar recursos
para estimular a economia.
"Isso não tem nada a ver com o
novo governo. Aconteceria com
qualquer um", diz Bew.
Outros emergentes
Paulo Leme, do Goldman Sachs,
diz que o aumento da demanda
por bens e serviços importados
por parte dos países industrializados deve favorecer os mercados
emergentes. A expectativa do
banco norte-americano é que essa
demanda cresça 6,1% em 2003
contra uma retração de 6,8% no
ano passado.
"Em termos históricos essa média ainda é baixa, mas já representa uma recuperação expressiva",
diz Leme.
O fato de que as taxas de juros
nos países desenvolvidos está
muito baixa e o retorno dos investimentos tem sido pequeno também tende a beneficiar os mercados emergentes.
Mas esse fluxo maior de capitais
tende a passar ao largo da América Latina.
"Esses recursos devem ir para
os países da Ásia e do Leste Europeu", afirma Bew.
Com tudo isso, novamente, a
América Latina crescerá menos
até que a África. Segundo Renato
Bauman, economista-chefe da
Cepal (Comissão Econômica para
a América Latina e o Caribe), o
isolamento da maior parte dos
países da África dos mercados
globalizados faz com que estes sejam menos sujeitos às crises financeiras.
"Esse isolamento, obviamente,
tem consequências perversas para os países africanos, embora estes sejam menos sujeitos à volatilidade dos mercados", diz Bauman.
Segundo Bauman, a saída para a
América Latina é tentar diminuir
a dependência de capitais externos, sem se isolar da economia
mundial. Isso ajudaria a amenizar
o efeito de choques externos.
"Por isso, as políticas de incentivo às exportações são importantes", diz Bauman.(ÉRICA FRAGA)
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