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Com guerra prolongada, PIB pode cair
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O preço de uma guerra relativamente longa entre Estados Unidos e Iraque seria alto para o Brasil. Se o iminente conflito se arrastasse por meses, o país poderia
encerrar o ano com crescimento
negativo, dólar a R$ 4,00 e dívida
pública em níveis recordes.
Estudo realizado pela consultoria Global Invest mostra que se a
guerra começasse nas próximas
semanas e se prolongasse além do
primeiro semestre, o Brasil poderia encerrar o ano amargando
uma queda de 0,8% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país). A relação dívida pública líquida/PIB,
nesse cenário, chegaria a 62,4%.
Mas esse é o cenário menos provável, segundo instituições financeiras e consultorias ouvidas pela
Folha. A percepção geral é de que,
se houver conflito, será rápido,
com duração de poucas semanas.
"É improvável que haja uma
guerra longa. Os efeitos para a
economia brasileira devem ser
apenas o de um soluço, isto é, com
o dólar ficando um pouco mais
pressionado, mas depois retornando para perto dos R$ 3,30",
afirma o economista do banco
Lloyds TSB Wilson Ramião.
O estudo também projeta um
cenário bastante otimista, em que
o imbróglio entre EUA e Iraque se
resolveria rapidamente e sem a
necessidade de uma guerra.
Se isso viesse a ocorrer, haveria
espaço para a economia mundial
se recuperar mais rapidamente
no segundo semestre, com os esperados reflexos positivos para o
Brasil. Nesse panorama, a economia brasileira encontraria espaço
para crescer até 3,5% neste ano. O
dólar encerraria o ano em R$ 3,20,
e a taxa básica (Selic) chegaria ao
fim de dezembro em 16%.
"Somente se tivermos uma
guerra que se arraste por meses é
que a Selic deve se manter no patamar atual [25,5% ao ano". Do
contrário, a expectativa é que recue a partir do fim do primeiro semestre", afirma Fernando Coelho, analista da ABM Consulting.
Perspectivas
Para Fernando Ferreira, diretor
da Global Invest, mesmo no pior
dos cenários a inflação não vai ir
muito além da meta ajustada do
governo, de 8,5%, com o IPCA
chegando, no máximo, aos
11,78%. "Os maiores problemas,
se houvesse um conflito mais duradouro, seriam a explosão da relação dívida/PIB e o crescimento
da economia, que poderia ficar
negativo. Isso seria um desastre
nesse primeiro ano de governo
petista", diz Ferreira.
Nenhum dos economistas e
analistas consultados diz acreditar que o dólar vá muito além dos
R$ 4,00, mesmo com o pior dos
cenários. A cotação da moeda
norte-americana já estaria muito
elevada em relação ao real -na
última sexta-feira fechou em R$
3,63-, com o reflexo negativo da
guerra já embutido.
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