São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

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FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL

Pascal Lamy pede à OMC lista de produtos agrícolas que países em desenvolvimento querem ver sem subsídios

Europa dá 1º passo para destravar negociação comercial

Martin Ruetschi/Associated Press
Ativistas antiglobalização são presos pela polícia depois de manifestações consideradas violentas contra o Fórum Econômico Mundial, que terminou ontem em Davos, na Suíça


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Pascal Lamy, o comissário europeu para o Comércio (espécie de ministro), pediu ao diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, o tailandês Supachai Panitchpakdi, que consiga a lista dos produtos agrícolas que teriam os subsídios à exportação eliminados, uma reivindicação dos países em desenvolvimento.
É um primeiro passo para tentar desbloquear as negociações da chamada Rodada Doha de Desenvolvimento, lançada na capital do Qatar em 2001 e praticamente estagnada desde então, principalmente pela profunda divergência entre países ricos e pobres em torno da liberalização agrícola.
Supachai vai tentar uma nova rodada de conversações com os delegados dos 148 países-membros da OMC, na sede em Genebra, para ver quais as "flexibilidades" de cada um na negociação.
"Não são muitos os países que estão dando indicações de suas flexibilidades", reclamou o diretor-geral em conversa com um pequeno grupo de jornalistas, no sábado, à margem do encontro do Fórum Econômico Mundial, em Davos, que terminou ontem.
Supachai fixa o primeiro trimestre como o prazo tentativo para notar avanços. Se houver, aí chamará ministros ou altos funcionários "especialmente de países que possam desempenhar um papel de liderança" para tentar definir, até o fim do primeiro semestre, uma "moldura" que ponha fim ao impasse já crônico.
Entre os grupos de países a serem chamados estariam o Quad (jargão diplomático para EUA, União Européia, Japão e Canadá), o G20 (grupo de nações em desenvolvimento criado para a Ministerial de Cancún, em setembro, por iniciativa de Brasil e Índia) e ao menos um representante dos LDCs (Países Menos Desenvolvidos, nas iniciais em inglês).
Supachai, por dever de ofício ou convicção, mantém certo otimismo. "É factível seguir esse cronograma, desde que haja vontade política. Afinal, estamos falando apenas da moldura", afirma.
O ministro sul-africano do Comércio, Alec Erwin, veterano nessas negociações, parece concordar com o moderado otimismo de Supachai. Diz que as posições das partes, na questão agrícola, não estão "tão distantes assim".
A Rodada Doha foi um dos principais temas debatidos nas reuniões informais entre os governantes que estiveram em Davos. "Expressaram forte comprometimento com a necessidade de pôr nos trilhos a negociação", relata Stefano Sannini, representante pessoal do presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, para as cúpulas do G8.
Mas não ficou claro se será possível uma nova Conferência Ministerial (instância máxima da OMC) ainda neste ano, para sacramentar os avanços. "Só haverá se as condições estiverem dadas", diz Sannini, o que, de resto, é óbvio: um novo fracasso na instância desmoralizaria a OMC.


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