Em tom populista, presidente defende medidas que ampliam isenções tributárias e facilitam cuidados com dependentes

Democratas temem fracasso nas eleições para o Congresso e mudam a sua retórica; novo pronunciamento amanhã focará criação de empregos

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem uma série de medidas de apoio à classe média, que tentam facilitar tarefas como a de cuidar de dependentes, pagar empréstimos para educação e economizar para a aposentadoria.
As medidas foram apresentadas em um discurso populista, em que Obama afirmou repetidas vezes que pretende "lutar pela classe média" e defender "o sonho americano".
A mudança de tom marca uma tentativa da Casa Branca de reverter um começo de ano difícil para o presidente. Segundo o instituto Gallup, Obama tem o índice de aprovação mais polarizado para um presidente americano em um primeiro ano de governo. A diferença entre a avaliação de democratas e republicanos chega a 65 pontos percentuais.
Os democratas temem o fracasso nas eleições para o Congresso neste ano, especialmente após a derrota na eleição para uma cadeira do Senado em Massachusetts.
Em entrevista à rede de TV ABC, Obama comentou a queda na popularidade e disse que vai insistir na aprovação da reforma da saúde. "Passei por isso durante a campanha. Quando os seus números nas pesquisas caem, você é um idiota. Quando eles sobem, você é um gênio." E afirmou que prefere ser um presidente com um mandato realmente bom do que um medíocre com dois.
A expectativa é que o presidente adote um tom similar em pronunciamento à nação amanhã, que deve ser focado na criação de empregos, na redução do deficit, no auxílio à classe média e na necessidade de mudança em Washington.
Entre as propostas apresentadas ontem o governo sugere quase dobrar o crédito de impostos para cuidados com crianças e dependentes em famílias com renda de até US$ 85 mil/ano, limitar o pagamento de empréstimos de estudantes a 10% da renda, criar programa de dedução automática a poupanças para a aposentadoria.
Além disso, sugere mais apoio a cuidados com idosos para a chamada "geração sanduíche", que luta para equilibrar as despesas com os filhos e o cuidado com os idosos.
"A classe média vem sendo atacada há muito tempo. Muitos americanos conheceram sua própria recessão antes dos economistas declararem que havia uma", disse. Obama destacou a criação de cerca de 2 milhões de empregos, mas que isso ainda é pouco perto dos 7 milhões que foram perdidos.


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